terça-feira, 31 de maio de 2011

Dizer que Deus é soberano é o mesmo que dizer que ele é o responsável pelo orgasmo de um pedófilo, afirma Ricardo Gondim


O pastor Ricardo Gondim concedeu uma entrevista ao jornal O Povo, na sexta-feira, onde reafirma seus posicionamentos sobre os direitos civis entre homossexuais, sobre a não soberania de Deus e também sobre o artigo intitulado de “Deus nos livre de uma país evangélico.

Foram essas palavras que lhe custaram o posto de colunista da revista Ultimato, publicação com a qual colaborou durante quase 20 anos, e várias críticas por parte dos evangélicos.

Nesta entrevista o partos da Igreja Betesda afirma que não acredita que Deus esteja soberano de tudo porque isso incluiria o controle de Deus sobre “até o orgasmo, o gozo do pedófilo, ou os horrores de Auschwitz (um dos mais conhecidos campos de concentração nazista)”.

Ricardo Gondim também critica as atitudes da bancada evangélica em Brasília para barrar a votação de direitos para homossexuais.
Leia a entrevista:

O POVO – O senhor causou polêmica ao defender publicamente a regulamentação de uniões homoafetivas no Brasil. O senhor mantém esse pensamento?

Ricardo Gondim – Não é uma questão de pensamento. É uma questão de lógica e eu repito o que disse. Em um estado laico, a lei não pode marginalizar ou distinguir homens ou mulheres que se declarem homoafetivos. Há que se entender que num estado laico não podemos confundir teologia, convicções pessoais, com o ordenamento de leis de um país. Não podemos impor preceitos religiosos para toda a sociedade civil. Se os preceitos são meus, você tem o direito de não adotá-los. Foi assim que me posicionei sobre essa questão do STF, que, a meu ver, agiu corretamente garantindo o direito de um segmento de nossa sociedade.

OP – Além do posicionamento a favor da regulamentação de uniões homoafetivas, há outros pontos polêmicos em declarações recentes suas. Uma das críticas que setores evangélicos fazem ao senhor diz respeito à sua opinião sobre a soberania Divina. Eles dizem que o senhor passou a pregar que Deus não é soberano.

Ricardo – O que acontece é que eu descarto a teologia que se difundiu sobre a soberania de Deus. Por essa teologia, Deus tem o controle absoluto de todas as coisas. E as pessoas não estão dispostas a entender que o corolário desse pensamento, o que dele decorre, é que até o orgasmo, o gozo do pedófilo, ou os horrores de Auschwitz (um dos mais conhecidos campos de concentração nazista) estão na conta de Deus, sob a alegativa de que Ele é soberano. Se as pessoas estão dispostas a entender assim, esse Deus é um monstro, não um Deus de amor. A minha leitura da Bíblia é a partir de Jesus Cristo, que é um Deus de amor, e não de Deus títere, que é responsável por chacinas, atrocidades, limpezas étnicas. A história segue não porque Deus a controla, a história segue porque somos personagens livres e nos comportamos com desobediência à vontade de Deus. É por isso que existem a miséria, os crimes, a exclusão. Porque Sua vontade é contrariada. As pessoas não estão dispostas a lidar com esses conceitos, preferem se amparar na Soberania, que nos rouba a nossa responsabilidade na história.

OP – Recentemente, o senhor publicou no seu site o artigo Deus nos livre de um Brasil evangélico (leia trechos ao lado), onde demonstra o seu temor que o segmento chamado Movimento Evangélico chegue ao poder no Brasil e aponta uma série de razões para isso. Como esse artigo foi recebido?

Ricardo – Foi muito mal recebido. Porque há, sim, um segmento no Brasil, que se auto-denomina Movimento Evangélico, que difunde a ideia de que se os evangélicos se multiplicarem no País, se houver um número suficiente para dominar a política, as leis, se chegarem ao poder, o Brasil será um País melhor. Isso é um ledo engano. O Brasil não se tornará melhor com o crescimento do Movimento Evangélico. Porque esse crescimento não significa por si só o crescimento dos valores do Reino de Deus, que são a justiça, a inclusão que dos que estão à margem, o amor. Esses valores não são prioridade para o Movimento Evangélico. Até porque, o número crescente de evangélicos também estará absorvendo outros valores como a cobiça, a injustiça social, o desejo de crescimento financeiro e de poder. Esta última tentativa de interferência no ordenamento do STF é um exemplo desse projeto de poder.

OP – O senhor se refere à votação da regulamentação das uniões homoafetivas?

Ricardo – Sim. Eles ficaram numa campanha interna, enviando mensagens pressionando os ministros para que votassem contrários à união homoafetiva. E ficavam conclamando seus fieis para fazer o mesmo. Isso em um estado laico é um absurdo. A mesma coisa está acontecendo agora no Congresso Nacional.

OP – O senhor fala da atuação da bancada evangélica na suspensão, por parte do Governo Federal, da distribuição do kit anti-homofobia nas escolas?

Ricardo – Exatamente. Falo de uma das maiores aberrações éticas que já surgiu neste País nos últimos tempos. Em nome de blindar um ministro que está suspeito de enriquecimento ilícito, que está tendo que explicar o aumento meteórico de seu patrimônio, negociou-se a questão do kit anti-homofobia. Isso mostra do que esta bancada, que se diz evangélica, que diz representar os evangélicos, está disposta a negociar. Em nome desse projeto de poder que eu falei anteriormente, negociou-se um projeto de grande valor para esse País. Isso é lamentável, completamente lamentável.

OP – O senhor encontra ressonância para esse tipo de discurso na comunidade evangélica ou sua fala – assim como o pensamento por ela representado – é dissonante?

Ricardo – Não é dissonante, de maneira nenhuma. Existe um grande grupo que concorda com esse pensamento e que caminha nessa linha. Embora eu esteja em baixo de grande percepção por conta de grupos intolerantes e fundamentalistas, tenho me surpreendido com o número de evangélicos que me dizem para continuar.

OP – O senhor se arrepende de ter se manifestado publicamente sobre essas questões?

Ricardo – Não. Absolutamente. Eu continuo repetindo o que disse. As minhas convicções não são intempestivas, são frutos de amadurecimento teológico. O estado é laico, e é importante que se mantenha assim. Num estado laico todos os grupos são protegidos, até os religiosos.

Fonte: Gospel Prime Via: Amigo De Cristo

6 comentários:

  1. A respeito da soberania de Deus.

    Teologia sem as Escrituras constroem o humanismo religioso. Quem com aparência de sabedoria, mas sem poder sobre a carne.

    Em Cristo.

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  2. Olá a equipe. Gostaria de saber se existe alguma chance em publicar um dos meus textos nesse blog. Segue o link:

    http://reformaagora.blogspot.com/2011/01/um-elefante-incomoda-muita-gente.html

    Grande abraço

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  3. Pr. Silas,

    em cada frase do Gondim, vemos a postura de um cético, de um ideólogo de esquerda, mas, sobretudo, alguém que abandonou a Escritura em favor do discurso planfetário e social.
    Para crer no que ele crê é preciso alijar o texto bíblico ou reescrevê-lo ao seu bel-prazer, o que Gondim está disposto a fazer. É o que se chama de desconstrução da revelação; a descontinuidade bíblica.
    E ele se autodenomina seguidor de Cristo... muito triste, pois ele deve seguir um "outro" cristo, não o Cristo bíblico.
    E para quem se diz defensor dos valores do Reino, pergunto: quais seriam esses valores? Os preceitos divinos que afirmam Deus abominar o homossexualismo, e ser soberano em aplicar a sua justiça perfeita [há outro padrão de justiça perfeita?], ou os valores ideológicos do marxismo e do humanismo?
    Como está escrito, é impossível servir a dois senhores; e, Gondim, parece que escolheu a quem servir.

    Abraços.

    Cristo o abençoe!

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  4. Graça e paz Paulo.
    Você e o tipo de pessoa que fala pouco, mas deixa claro o que pensa, isso é bom.
    O humanista Ricardo Gondim no decorrer dos anos foi se revelando, agora sim nós conhecemos o que ele pensa a respeito de Deus e do seu agir na História, ou seja, o deus de Gondim está surpreso com os ocorridos dos últimos dias. Creio que mais surpreso que muitos de nós.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas

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  5. Graça e paz Rodrigo.
    Vai ser um prazer divulgar os seus textos.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira

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  6. Graça e paz Jorge.
    O Ricardo Gondim entrou por uma porta que o está o afastando cada vez mais do Deus da Bíblia. Ele entrou por um caminho que o está levando a relativar as Escrituras assim como Eva relativou, e assim como Eva, creio que o senhor Gondim anda conversando com quem não deveria estar conversando, pois a postura dele é de alguém totalmente longe dos preceitos bíblicos. Ele não sabe fazer a distinção entre soberania de Deus e vontade permissiva de Deus. Ele tem uma visão de um deus pequeno demais e de mãos atadas diante do que está ocorrendo no mundo. O senhor Ricardo precisa ler o Apocalipse para ver que Deus é soberano e que nada foge ao seu controle. É por falta de conhecimento da soberania de Deus que ele anda defendendo a legalização do pecado e se tornou defensor dos homossexuais. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos livre de cairmos no mesmo buraco teológico que o Ricardo caiu.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira

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