sexta-feira, 20 de maio de 2011

Confio ou não confio?


Por Harold Walker:

A fonte de todas as desgraças do homem começou com desconfiança. O tentador desenvolveu sua obra sinistra lançando dúvidas sobre a confiabilidade de Deus na mente da mulher. Começou com uma pergunta aparentemente inofensiva: “É assim que Deus disse?” Depois da resposta de Eva, ele atacou diretamente, dizendo que Deus havia mentido a eles porque tinha motivações escusas – não queria concorrentes. A partir do momento que o primeiro casal acreditou nisso, a tragédia infindável da humanidade não cessou de desenrolar por todos os séculos até hoje.

Hoje o homem procura por meio de suas muitas religiões e filosofias achar o segredo da felicidade e descobrir como apaziguar a ira dos deuses. Se dermos ouvidos às múltiplas teorias a esse respeito, certamente chegaremos à conclusão de que Deus tem gostos muito estranhos! As divagações humanas cobrem um amplo espectro de possibilidades, desde um deus complacente e distante que se contenta com o cumprimento de alguns rituais simples até uma divindade iracunda e malvada que gosta de acabar com qualquer atividade que proporcione algum prazer ao ser humano.

A Bíblia, porém, é muito clara a esse respeito, apesar da maioria das vertentes do Cristianismo não o perceberem – Deus só quer que voltemos a confiar nele de todo o coração, sem qualquer restrição. Ele não quer sacrifício, nem oferta, só a nossa entrega total a ele com todo nosso amor, fé e admiração. (Dt 6.5; 10.12,20; Sl 91.2,9,10,14-16).

É por esse motivo que na “bolsa de mercadorias” de Deus, a fé é a mercadoria (commodity) mais valiosa. Israel pecou de muitas maneiras contra Deus no deserto (murmuração, idolatria, imoralidade, rebeldia), mas o pecado que o impediu de entrar na terra prometida foi o pecado da incredulidade (Hb 3.19). Atribuíram a Deus motivações escusas como Satanás lhe atribuíra no Jardim: “…e murmurastes nas vossas tendas, e dissestes: Porquanto o Senhor nos odeia, tirou-nos da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus, a fim de nos destruir…” (Dt 1.27).

Ora, Deus não é o único que dá tanto valor à confiança ou à confiabilidade. Os homens também só valorizam as coisas na exata proporção em que podem confiar nelas. As ações das empresas ou os papeis de dívida dos governos têm valor econômico de acordo com a sua confiabilidade. Quanto mais o governo é confiável, menos juros ele precisa pagar para tomar dinheiro emprestado. Quanto mais uma empresa tem história de honrar seus compromissos e atingir suas metas, mais caras são as suas ações.

Por nós mesmos, porém, nunca conseguiríamos voltar a confiar em Deus como Adão e Eva antes da abordagem do tentador. Graças a Deus pelo Homem que venceu esta barreira intransponível para nós. Entre as suas virtudes inumeráveis, existe uma que sobressai a todas as demais. Era tão destacado em sua vida que foi a que o levou à morte e o fez motivo do escárnio da humanidade corrompida que o observava nessa hora.

Quando gritou na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” com certeza ele estava pensando em todas as outras palavras do Salmo 22 que descrevem em detalhes minuciosos a sua morte na cruz tantos anos antes de acontecer. Vejamos algumas dessas palavras: “Por que estás afastado de me auxiliar, e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu clamo de dia, porém tu não me ouves; também de noite, mas não acho sossego. Contudo tu és santo, entronizado sobre os louvores de Israel. Em ti confiaram nossos pais, confiaram, e tu os livraste. A ti clamaram, e foram salvos; em ti confiaram, e não foram confundidos. Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos os que me veem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor; que ele o livre; que ele o salve, pois que nele tem prazer (Sl 22.1-8). De acordo com o relato de Mateus, foi exatamente isso que aconteceu: “De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele; confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem…” (Mt 27.41-43).

E o auge da confiança foi demonstrado por Jesus pouco depois quando ele se entregou em total confiança Àquele que não compareceu ou o socorreu quando gritou por ele. “Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.”(Lc 23.46).

É por isso que sua ressurreição encheu os primeiros discípulos de grande coragem e alegria e constituiu o assunto principal de todas as suas proclamações do evangelho. Aquele que fora desprezado pelos homens, aparentemente abandonado pelo Pai em quem tanto confiou, rompeu os grilhões da morte e está assentado agora muito acima de todo nome que se pode nomear neste século e também no vindouro!

Durante toda a história, homens e mulheres têm vencido obstáculos impossíveis por meio dessa certeza gloriosa. Desde Estêvão até os dias de hoje, incontáveis mártires têm confiado em Deus até a morte (At 7.59). Paulo, em sua última epístola, faz a seguinte afirmação: “Por esta razão sofro também estas coisas, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia” (2 Tm 1.12).

Hoje, mais do que nunca, ao nos aproximarmos do fim de todas as coisas abaláveis, somos desafiados a confiar em Deus desse modo.

“Assim que, querendo Deus mostrar mais abundantemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu conselho, se interpôs com juramento; para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta: a qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu; aonde Jesus, como precursor, entrou por nós…” (Hb 6.17-20).

Deus é fiel! Confie nele em todo o tempo e no meio de qualquer tipo de circunstância! É isso que ele procura! É isso que lhe agrada!

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