segunda-feira, 8 de março de 2010

Quando o Desprezo pela Teologia se Transforma em Misticismo


Por Heitor Alves

É comum as pessoas serem contra o estudo bíblico. Dizem: "para quê estudar teologia se isso não me torna mais íntimo de Deus? O estudo da teologia só causa discussões!" Negam o estudo teológico afirmando que não precisam disso para conhecerem a Deus, mas precisam apenas ter uma experiência com o Divino.

Há muitas igrejas que, ao desprezarem o estudo, assumem um misticismo tal jamais vista! É pura emoção! Só querem saber de experiências!!! "Não quero saber de teologia, só quero saber de Deus!" Óh, quanta espiritualidade! Quanta piedade!

O misticismo, em seu mais simples e essencial significado, é um tipo de religião que enfatiza a atenção imediata da relação direta e íntima com Deus,ou com a espiritualidade, com a consciência da Divina Presença. É a busca da comunhão com a identidade, com, consciente ou consciência de uma derradeira realidade, divindade, verdade espiritual, ou Deus através da experiência direta ou intuitiva.[1]

As igrejas estão correndo atrás de uma "experiência sobrenatural" do Espírito. E essa experiência só é alcançada quando você perde o controle dos seus sentidos, para ser totalmente "controlado pelo Espírito". Nestas ocasiões não há lugar para a lógica. Não há lugar para a razão! Por isso é que a teologia é tão desprezada.

Há aqueles que dizem que quem tem o discernimento do Espírito, não precisa de teologia humana. Então, o que é discernimento do Espírito?

Discernimento do Espírito é um dom que Deus deu para que o irmão julgasse a doutrina e a edificação da igreja. Nós vemos profetas sendo julgados. Não só os profetas eram julgados, mas também qualquer revelação trazida no contexto místico de Corinto. Sem o Novo Testamento a igreja não poderia caminhar com discernimento de espírito; sem ele a igreja estaria com as portas abertas para qualquer heresia.

A cidade de Corinto um centro da filosofia clássica, semelhante à Alexandria de onde saíram os pensamentos de Clemente, Orígenes, que eram coisas estranhas à sã doutrina. Em Corinto encontramos um pensamento doutrinário que em muitos casos era praticamente um “casamento” da teologia com a filosofia. E neste contexto que se fazia necessário Deus levantar pessoas com dons espirituais para julgar e edificar a igreja.

Os ministros e presbíteros hoje julgam, mas julgam a partir do que há na Bíblia completa. Mas naquela época como poderiam julgar os problemas doutrinários da igreja sem o Novo Testamento? Em 1 Co 2.10 vemos esta expressão “discernimento de espírito” que parece sem sentido, mas no grego é “julgar”, “julgamento de espírito”. É um juízo que é trazido (v.10). É um julgamento entre duas coisas — distinção. Esse irmão que tinha este dom era na verdade um juiz na igreja com respeito à doutrina na igreja.[2]

O que estou querendo dizer é que a nossa obrigação, como cristãos, é sermos imitadores de Cristo em tudo, inclusive em buscarmos o estudo das letras:

"Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe estas letras, sem ter estudado?" (Jo 7.15).

"Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus" (At 4.13).

Querido internauta, o estudo bíblico deve fazer parte de todo aquele que anda com Jesus. E, se você não sabe, quem estuda (mesmo que em casa, sozinho) está fazendo teologia!

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Notas:
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Misticismo
[2] Revista Os Puritanos – ANO IX – Nº 04 – Outubro/Novembro/Dezembro 2001. Editora Os Puritanos – Páginas 26-31.

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