quinta-feira, 4 de março de 2010

A divindade de Cristo e a inerrância bíblica


Por Helder Nozima

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. (João 5:39)

A sociedade contemporânea possui visões bem diferentes sobre Jesus e a Bíblia. Normalmente, a maioria das pessoas tem uma visão positiva sobre Jesus. Embora a divindade dele não seja reconhecida por todos, pelo menos o reconhecem como um grande mestre. Agora, em relação à Bíblia...o cenário é bem diferente. Um livro retrógrado, machista, manipulado e ultrapassado...acreditar na Bíblia é sinônimo de ignorância nos círculos acadêmicos e na classe média brasileira.

Essa discrepância também se reflete na teologia, especialmente nas áreas influenciadas pela neo-ortodoxia, como é o caso da igreja emergente. Para esses grupos, o encontrar-se com Jesus, o sentir a Jesus é muito importante, mas defender a inerrância e a infalibilidade da Bíblia é um fundamentalismo que só atrapalha o crescimento da Igreja.

Contudo, desprezar a Bíblia é menosprezar a maior e mais confiável fonte que temos sobre a vida e o ensino de Jesus. Mais do que isso: se a Bíblia é falha e contém erros, então não podemos afirmar que Jesus Cristo é Deus.

Jesus acreditava no testemunho da Escritura
Em João 5, após curar um paralítico, Jesus faz um sermão a respeito de Sua divindade. Que testemunhas poderiam falar que Jesus Cristi era, de fato, Deus, o Filho do Pai? A primeira testemunha era o próprio Cristo (Jo 5:31). A segunda era João Batista (Jo 5:32-35). A terceira eram as obras que Ele fazia (Jo 5:36). A quarta era o próprio Pai, que falava, vejam só, por meio da Escritura!
O Pai que me enviou, esse mesmo é que te dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma. Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. (João 5:37-39)
Como o Pai pode testificar a divindade do Filho, se o mundo não ouviu a voz d'Ele nem viu a Sua forma? Por meio da Palavra, ou mais precisamente, das Escrituras, da Bíblia.

Aqui, Jesus reconheceu que a Bíblia é a Palavra de Deus. Legitimou-a como sendo a forma pela qual o Pai dá testemunho d'Ele ao mundo. Se a Bíblia tem erros, então cremos em um Deus que também erra. Mas, se Ele erra, não pode ser "Deus", que é prefeito por definição. E aí, Jesus também não poderia sê-Lo, por nos apontar um testemunho falho e imperfeito.

Jesus acreditava no cumprimento perfeito da Escritura
Que valor devemos dar ao Antigo Testamento? Em que medida a Bíblia é confiável e perene? Para Jesus, a Bíblia é mais confiável e segura do que os céus e a terra:
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. (Mateus 5:17-18)
O mundo passará, mas não a Palavra, este é o ensino de Jesus. Mais do que isso: Jesus viveria não para combater ou revogar a Escritura, mas sim para cumpri-la. Na verdade, o ensino do Cristo afirma que a grandeza de um homem se mede pela sua submissão à Bíblia:
Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. (Mateus 5:19)
Quem não crê na inerrância bíblica e passa esse ensino adiante, é considerado alguém mínimo por Jesus. Se a Bíblia possui falhas, então Jesus está profundamente enganado sobre como devemos medir a estatura espiritual de um ser humano.

Jesus acreditava nas histórias "absurdas" da Bíblia
Mas o que mais me chama atenção é que Jesus usou algumas das passagens mais fantásticas da Bíblia em seu ensino. A existência de Adão e Eva, o dilúvio e até mesmo o peixe engolindo o profeta Jonas...todos estes fatos que para o "cristão" pós-moderno não são nada...são preciosas bases em torno das quais Jesus ensina verdades importantíssimas.

A indissolubilidade do casamento e o amor monogâmico, por exemplo, podem ser vistos na criação de Adão e Eva:
Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. (Mateus 19:4-6)
Os homens devem se precaver para o dia do Juízo, porque será da mesma forma como foi o dilúvio:
Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim srá também a vinda do Filho do Homem. (Mateus 24:37-39)
A pregação de Jonas em Nínive e o fato do peixe tê-lo engolido por três dias são sinais para que creiamos na ressurreição de Jesus e nos arrependamos, em fé, de nossos pecados:
Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande pexe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra. Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas. (Mateus 12:40-41)
Se achamos que o livro do profeta Jonas é uma novela, uma ficção (como alguns teólogos liberais pensam), então a fala de Jesus de que os ninivitas condenarão os incrédulos é uma grande ilusão, uma prova da simplicidade de um homem que acreditava em lendas como sendo verdade. Será que tal homem pode ser o Filho de Deus?

Conclusão
Estes fatos são suficientes para atestar uma ligação óbvia: a divindade de Jesus depende da inerrância bíblica. Não é possível chamar de Deus alguém que acredita que a Bíblia é a Palavra do Pai, que a considera a medida da estatuta espiritual das pessoas e baseia ensinos tão importantes em passagens que são consideradas uma fantasia pelo homem pós-moderno. Forçosamente, todo aquele que confessa a Jesus como Filho de Deus precisará reconhecer a Bíblia como um livro sem falhas. Ou então, terá que assumir a conseqüência lógica de rejeitar a divindade do Cristo.

Quanto a mim, mesmo que seja tachado de "pré-moderno" ou antiquado, prefiro crer como Jesus, até mesmo nas histórias mais fantásticas da Bíblia.

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