terça-feira, 23 de março de 2010

O Misterioso caminho de Deus




Por D. M. Lloyd-Jones

A primeira coisa que descobrimos quando estudamos as ações de Deus é que pode parecer que ele esteja estranhamente silencioso e inativo em circunstâncias provocativas. Por que Deus permite que certas coisas aconteçam? Por que a Igreja Cristã é o que é hoje? Veja sua história no decurso dos últimos quarenta ou cinqüenta anos. Por que permitiu Deus tais condições? Por que permitiu que surgisse o "modernismo", que solapa a fé e até nega suas verdades fundamentais? Por que ele não fere de morte essas pessoas quando proferem blasfêmias e negam a fé que deveriam pregar? Por que permite ele que se façam tantas coisas erradas até mesmo em seu nome?

Também, por que Deus não respondeu às orações de seu povo fiel? Vimos orando pelo reavivamento durante trinta ou quarenta anos. Nossas orações têm sido sinceras e urgentes. Temos deplorado o estado das coisas e temos clamado a Deus por causa dessa situação. Mas ainda assim parece que nada acontece. A semelhança do profeta Habacuque, muitos perguntam: "Até quando clamarei eu, e tu não me escutarás? gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?"

Este, porém, não é o único problema da Igreja como um todo; é também a questão com a qual se defrontam muitas pessoas. Há os que, durante muitos anos, vêm orando a favor de alguém que lhes é caro, e Deus parece não responder-lhes. Raciocinam consigo mesmos nestes termos: "É, por certo, da vontade de Deus que alguém se torne cristão. Bem, venho orando a favor de um amigo por muitos anos e parece que nada acontece. Por quê? Por que está Deus tão silente?" Muitas vezes as pessoas se impacientam com a demora. Por que Deus não responde às nossas orações? Como podemos entender que um Deus santo permita que sua própria Igreja seja o que é hoje?

A segunda coisa que descobrimos é que Deus, às vezes, dá respostas inesperadas às nossas orações. Isto, mais do que qualquer outra coisa, foi o que deixou Habacuque perplexo. Por um longo tempo Deus parece não responder. Então, quando responde, o que diz é mais misterioso até do que sua aparente falha em ouvir as orações. Na mente de Habacuque estava perfeitamente claro que Deus tinha de castigar a nação e depois enviar um grande reavivamento. Mas quando Deus disse: "Estou respondendo à sua oração suscitando o exército caldeu para marchar contra suas cidades e destruí-las", o profeta não conseguia acreditar no que ouvia. Mas foi o que Deus lhe disse, e o que realmente ocorreu.

João Newton escreveu um poema no qual descreve uma experiência pessoal semelhante. Ele desejava algo melhor em sua vida espiritual. Clamou por um conhecimento mais profundo de Deus. Esperava uma visão maravilhosa de Deus rompendo os céus e descendo com chuvas de bênçãos. Em vez disto, Newton teve uma experiência na qual, durante meses, Deus parecia tê-lo entregue a Satanás. Foi tentado e provado além de sua compreensão. Mas afinal chegou a entender e viu que aquele era o modo de Deus responder-lhe. Deus havia permitido que o poeta descesse às profundezas a fim de ensinar-lhe a depender inteiramente dele. Havendo Newton aprendido a lição, o Senhor tirou-o daquela provação.


Todos nós temos a tendência de prescrever as respostas às nossas orações. Pensamos que Deus pode manifestar-se somente de uma forma. Mas a Bíblia ensina que Deus às vezes responde às nossas orações permitindo que as coisas piorem muito antes que possam melhorar. Ele pode, às vezes, fazer o contrário do que prevemos. Ele pode esmagar-nos, colocando-nos frente a frente com um exército caldeu. Mas é um princípio fundamental na vida e caminhar da fé que, quando tratamos com Deus, devemos estar sempre preparados para o inesperado. Gostaria de saber o que nossos pais teriam pensado há quarenta anos se pudessem prever o estado atual da Igreja Cristã.

Eles já se sentiam infelizes com o andamento da época. Já estavam realizando reuniões de despertamento e buscando a Deus. Se pudessem ver a Igreja de nossos dias, não creriam no que viam. Jamais poderiam ter imaginado que a igreja se afundasse tanto espiritualmente. Mas Deus permitiu que isto acontecesse. Tem sido uma resposta imprevista. Devemos apegar-nos à esperança de que ele tem permitido que as coisas piorem antes que, finalmente, melhorem.

4 comentários:

  1. Pr. Silas,

    Que texto espetacular do Lloyd-Jones! Uma resposta que estou obtendo de Deus, pois vivencio essa situação na minha própria igreja, e tenho dito à minha esposa que as nossas respostas chegarão, mas no tempo de dEle. Ele tem os seus motivos; Ele é pefeito. Logo, tudo que ele faz é certo. A nós, resta esperar e continuar a glorificá-LO como Jó: "O Senhor deu, o Senhor tira. Bendito seja o nome do Senhor!"

    Grande abraço meu irmão! Estou esperando a sua visita ao meu blog. Que negócio é esse de sumir?

    Ricardo

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  2. Deus nos abençoe!
    Profundo, contundente, necessário e oportuno texto.
    Espero que a "esperança" à qual devemos apegarnos não seja confundida com a omisssão e/ou o silêncio de nossa parte.
    Muito pelo contrário, devemos continuar combatendo o bom combate, certos de que a providência divina se fará sentir.

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  3. Graça e paz Ricardo.
    Muitas vezes Deus nos deixa passar por situações que a nosso ver não faz nenhum sentido, mas no decorrer do tempo Ele vai nos revelando o porque daquela situação. Eu não sei ao certo o que está acontecendo em sua igreja, mas espere em Deus a resposta para as suas dúvidas e não tome nenhuma atitude precipitada. Saiba que no devido tempo você terá a resposta de Deus para as nossa dúvidas.
    Fique na Paz e saiba que estou orando por você e pela sua família.
    Pr. Silas

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  4. Graça e paz Jairo.
    O que você falou é muito sério, pois existe uma diferença muito grande em esperar e omitir. Precisamos de discernimento para não deixarmos de fazer o quem tem de ser feito por omissão com a desculpa de que estamos esperando a melhor ocasião para agirmos.
    Que o Senhor nos ajude a não sermos omissos.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas

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