Por John MacArthur
Por que muitos evangélicos agem como se os falsos mestres na igreja nunca pudessem ser um problema sério nesta geração? Muitos parecem estar convencidos de que “rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Apocalipse 3.17).
Na verdade, a igreja hoje é possivelmente mais suscetível aos falsos mestres, aos sabotadores doutrinários, e ao terrorismo espiritual que qualquer outra geração na história da igreja. A ignorância bíblica dentro da igreja parece ser mais profunda e mais espalhada que em qualquer outra época desde a Reforma Protestante. Se você duvida, compare o sermão típico de hoje com um sermão aleatoriamente escolhido de qualquer grande pregador evangélico anterior a 1850. Também compare a literatura cristã de hoje com quase tudo publicado por editoras evangélicas há cem anos ou mais.
O ensino bíblico, mesmo nos melhores lugares hoje, tem sido deliberadamente facilitado, feito tão vago e raso quanto for possível, supersimplificado, adaptado ao mínimo denominador comum – e então formatado para criar apelo em pessoas com déficit de atenção.
Os sermões são quase sempre breves, simplistas, cobertos de referências à cultura pop o quanto for possível, saturados com anedotas e ilustrações. (Piadas e histórias engraçadas retiradas de experiência pessoal têm vantagem em relação a referências e analogias retiradas da própria Escritura). Os tópicos típicos de sermão são grandemente ajustados para favorecer questões antropocêntricas (como relações pessoais, vida de sucesso, autoestima, listas de como fazer, e por aí vai) – até a exclusão de muitos dos temas doutrinários da Escritura que exaltam a Cristo. Em outras palavras, o que muitos pregadores contemporâneos fazem é virtualmente o oposto do que Paulo descreveu quando disse que nunca deixou de “anunciar todo o conselho de Deus” (Atos 20.27).
Não apenas isso, mas aqui está como Paulo explicou sua abordagem como ministro do Evangelho, mesmo entre os pagãos incrédulos da mais libertina cultura romana:
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1 Coríntios 2.1-5)
Note que Paulo deliberadamente se recusou a adaptar sua mensagem ou ajustar seu anúncio para se encaixar no padrão filosófico ou gostos culturais dos coríntios. Quando ele diz mais tarde na epístola, “e fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus… Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei … Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns” (1 Coríntios 9.20-22), ele estava descrevendo como se fez um servo de todos (v.19) e um companheiro daqueles a quem tentava alcançar. Em outras palavras, ele evitou se fazer uma pedra de tropeço. Ele não estava dizendo que adaptou a mensagem do Evangelho (que ele claramente disse que é uma pedra de tropeço – 1.23). Ele não adaptou os métodos para ser agradável aos gostos de uma cultura mundana.
Paulo não pensava em satisfazer as preferências de uma geração em particular, ele não usou qualquer artifício para ganhar atenção. Qualquer que seja o antônimo que você possa pensar para a palavra showman, esse provavelmente seria uma bela descrição do estilo do ministério público de Paulo. Ele queria deixar claro a todos (incluindo aos próprios convertidos de Corinto) que vidas e corações são renovados por meio da Palavra de Deus, e nada mais. Desta forma, eles começariam a entender e apreciar o poder da mensagem do Evangelho.
Traduzido por Josaías Jr
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