Por Ed René Kivitz
Sociedade de mercado, baseada na cultura de consumo, está alicerçada na proposta capitalista que tem pelo menos três princípios: acumular, ostentar e guardar. Por trás destes princípios há uma lógica.
Uma de nossas grandes necessidades é nos sentirmos valorizados: "eu sou alguém" em vez de "eu sou um zé ninguém". Jung Mo Sung diz que esse "sentimento de ser", que todos buscamos, depende em grande parte do reconhecimento de outras pessoas. É o olhar do outro que me faz sentir que sou alguém. Todo mundo quer ser admirado, amado, desejado. Para atrair os olhares dos outros precisamos ostentar os objetos que as outras pessoas valorizam e desejam. Frei Betto resumiu bem essa idéia: "a mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), passou a ocupar os pólos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo". Mas o dinheiro não é capaz de imprimir no fundo da alma humana o senso de dignidade e de pertencimento. O "vazio de ser" que existe em cada coração humano somente pode ser preenchido pela voz de Deus que nos chama para a vida e nos confere dignidade: "você é meu filho amado, minha filha amada, em quem tenho prazer", é capaz de preencher o vazio que o dinheiro pretende.
Finalmente, guardar dinheiro é uma forma de combater uma das grandes preocupações humanas. Diz respeito às contingências da vida e ao medo do futuro: como será o amanhã? será que o futuro me convidará a rir ou chorar? o que, de mal ou bem, está destinado a mim? Para responder a essa inquietação, muitas pessoas acreditam que se tiverem uma boa poupança poderão descansar em relação ao futuro. Você lembra da "Promoção Pé-de-Meia MasterCard®", que prometia garantir seu futuro durante dez anos? Esse é um grande apelo: antecipar, prevenir e prover para remediar os infortúnios da vida. Esta é a promessa sutil embutida no dinheiro. Mas é uma promessa falsa. O dinheiro não é capaz de nos blindar contra os eventuais sofrimentos futuros. Não importa quanto você tenha na poupança, o dinheiro nunca lhe trará a paz. Guardar não é uma boa resposta à insegurança e ansiedade quanto ao futuro. A poupança é útil como previdência, e nos supre em momentos de emergências, mas não "garante nosso futuro".
Paulo, apóstolo, resume a contracultura cristã com as seguintes recomendações: "Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida". A cultura de mercado diz que devemos acumular, ostentar e guardar. A contracultura cristã diz que devemos ser gratos e dependentes de Deus, desfrutar das coisas boas que Ele nos dá e repartir generosamente as riquezas que recebemos de Deus. Cada um avalie seu coração para concluir se vive como angustiado filho de sua cultura ou amado filho de Deus.
Autor & Fonte: © 2007 Ed René Kivitz Via: Emeurgência
Uma de nossas grandes necessidades é nos sentirmos valorizados: "eu sou alguém" em vez de "eu sou um zé ninguém". Jung Mo Sung diz que esse "sentimento de ser", que todos buscamos, depende em grande parte do reconhecimento de outras pessoas. É o olhar do outro que me faz sentir que sou alguém. Todo mundo quer ser admirado, amado, desejado. Para atrair os olhares dos outros precisamos ostentar os objetos que as outras pessoas valorizam e desejam. Frei Betto resumiu bem essa idéia: "a mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), passou a ocupar os pólos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo". Mas o dinheiro não é capaz de imprimir no fundo da alma humana o senso de dignidade e de pertencimento. O "vazio de ser" que existe em cada coração humano somente pode ser preenchido pela voz de Deus que nos chama para a vida e nos confere dignidade: "você é meu filho amado, minha filha amada, em quem tenho prazer", é capaz de preencher o vazio que o dinheiro pretende.
Finalmente, guardar dinheiro é uma forma de combater uma das grandes preocupações humanas. Diz respeito às contingências da vida e ao medo do futuro: como será o amanhã? será que o futuro me convidará a rir ou chorar? o que, de mal ou bem, está destinado a mim? Para responder a essa inquietação, muitas pessoas acreditam que se tiverem uma boa poupança poderão descansar em relação ao futuro. Você lembra da "Promoção Pé-de-Meia MasterCard®", que prometia garantir seu futuro durante dez anos? Esse é um grande apelo: antecipar, prevenir e prover para remediar os infortúnios da vida. Esta é a promessa sutil embutida no dinheiro. Mas é uma promessa falsa. O dinheiro não é capaz de nos blindar contra os eventuais sofrimentos futuros. Não importa quanto você tenha na poupança, o dinheiro nunca lhe trará a paz. Guardar não é uma boa resposta à insegurança e ansiedade quanto ao futuro. A poupança é útil como previdência, e nos supre em momentos de emergências, mas não "garante nosso futuro".
Paulo, apóstolo, resume a contracultura cristã com as seguintes recomendações: "Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida". A cultura de mercado diz que devemos acumular, ostentar e guardar. A contracultura cristã diz que devemos ser gratos e dependentes de Deus, desfrutar das coisas boas que Ele nos dá e repartir generosamente as riquezas que recebemos de Deus. Cada um avalie seu coração para concluir se vive como angustiado filho de sua cultura ou amado filho de Deus.
Autor & Fonte: © 2007 Ed René Kivitz Via: Emeurgência
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