quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

As Mulheres Deveriam Servir como Pastoras e Pregadoras

Por Heitor Alves

Talvez não haja assunto mais debatido nas igrejas hoje do que a questão das mulheres servindo como pastoras e pregadoras no ministério. Por este motivo, é muito importante que não se veja esta questão como uma competição entre homens e mulheres. Há mulheres que acreditam que mulheres não devam servir como pastoras e que a Bíblia coloca restrições ao ministério das mulheres - e há homens que crêem que as mulheres podem servir como pregadoras e que não há restrições quanto à atuação das mulheres no ministério. Esta não é uma questão de machismo ou discriminação. É uma questão de interpretação bíblica.

I Timóteo 2:11-12 proclama: “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.” Na igreja, Deus designa papéis diferentes a homens e mulheres. Isto é resultado da forma como a humanidade foi criada (I Timóteo 2:13) e da forma pela qual o pecado entrou no mundo (II Timóteo 2:14). Deus, através do que escreveu o Apóstolo Paulo, estabelece que as mulheres não sirvam em papéis de autoridade em ensino espiritual acima dos homens. Isto impede as mulheres de servirem como pastoras, o que definitivamente inclui pregar a homens, ensinar a homens e ter autoridade espiritual sobre eles.

Há muitas “objeções” a esta visão em relação às mulheres no ministério ou mulheres pastoras. Uma objeção comum é que Paulo restringe as mulheres de ensinar porque, no primeiro século, as mulheres, tipicamente, não possuíam uma educação formal. Entretanto, I Timóteo 2:11-14, em nenhum momento menciona o status educacional. Se a educação formal constituía em qualificação para o ministério, a maioria dos discípulos de Jesus, provavelmente, não teria sido qualificada. Uma segunda objeção comum é que Paulo restringiu apenas as mulheres de Éfeso quanto à questão do ensino. (I Timóteo foi escrito a Timóteo, que era pastor da igreja em Éfeso). A cidade de Éfeso era conhecida por seu templo a Ártemis, a falsa deusa greco-romana. As mulheres eram autoridade na adoração a Ártemis. Entretanto, o livro de I Timóteo, em momento algum, menciona Ártemis, tampouco Paulo menciona a adoração a Ártemis como razão para as restrições em I Timóteo 2:11-12.

Uma terceira objeção comum é que Paulo está se referindo apenas a maridos e esposas, não a homens e mulheres em geral. As palavras gregas em I Timóteo 2:11-14 poderiam se referir a maridos e esposas. Entretanto, o significado básico das palavras é homem e mulher. Além disso, as mesmas palavras gregas são usadas nos versos 8-10. Apenas os maridos devem levantar as mãos santas em oração sem iras ou contendas (verso 8)? Somente as esposas devem se vestir com recato, com boas obras e adoração a Deus (versos 9-10)? Claro que não! Os versos 8-10 se referem claramente a homens e mulheres em geral, não apenas a maridos e esposas. Não há nada no contexto que possa indicar uma mudança para maridos e esposas nos versos 11-14.

Mais uma objeção freqüente a esta interpretação sobre mulheres pastoras/pregadoras é em relação a Miriã, Débora, Hulda, Priscila, Febe, etc. – mulheres que ocuparam posições de liderança na Bíblia. Esta objeção falha em perceber alguns fatores relevantes. Em relação a Débora, ela era a única juíza entre 13 juízes homens. Em relação a Hulda, era a única profeta mulher entre dúzias de profetas homens mencionados na Bíblia. A única ligação de Miriã com a liderança era devido ao fato de ser irmã de Moisés e Arão. As duas mulheres mais importantes do tempo dos reis foram Atalia e Jezebel – péssimos exemplos de boa liderança feminina.

No Livro de Atos, capítulo 18, Priscila e Áquila foram apresentados como ministros fiéis a Cristo. O nome de Priscila foi mencionado primeiro, provavelmente indicando que era mais “importante” no ministério que seu esposo. Entretanto, Priscila, em lugar algum, é descrita como participante em uma atividade ministerial que esteja em contradição com I Timóteo 2: 11-14. Priscila e Áquila trouxeram Apolo até sua casa e ambos o discipularam, explicando a ele a Palavra de Deus de modo mais preciso (Atos 18:26).

Em Romanos 16:1, mesmo que Febe seja considerada uma “diaconisa” ao invés de “serva”, isto não indica que fosse uma professora na igreja. “Apto a ensinar” é um título dado aos anciãos, mas não aos diáconos (I Timóteo 3:1-13; Tito 1:6-9). Anciãos/bispos/diáconos são descritos como “maridos de uma só esposa”, e “um homem no qual os filhos crêem” e “homem digno de respeito”. Além disso, em I Timóteo 3:1-13 e Tito 1:6-9, apenas pronomes masculinos são usados para se referir a anciãos/bispos/diáconos.

A estrutura de I Timóteo 2:11-14 faz a “razão” ser perfeitamente clara. O verso 13 inicia com “porque” e dá o “motivo” do que Paulo afirmou nos versos 11-12. Por que não devem as mulheres ensinar ou ter autoridade sobre os homens? Porque “primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.” Este é o motivo. Deus criou Adão primeiro, e depois criou Eva para ser uma “ajudadora” de Adão. Esta ordem da Criação tem aplicação universal para a humanidade na família (Efésios 5:22-33) e na igreja. O fato de Eva ter sido enganada também é dado como razão para as mulheres não poderem servir como pastoras ou ter autoridade espiritual sobre os homens. Isto leva alguns a crerem que as mulheres não devem ensinar por serem mais facilmente enganadas. Este conceito é duvidoso... mas se as mulheres são mais facilmente enganadas, por que se deveria deixar que ensinem a crianças (que são facilmente enganadas) e outras mulheres (que supostamente são mais facilmente enganadas)? Não é isso que diz o texto. As mulheres não devem ensinar ou ter autoridade espiritual sobre os homens porque Eva foi enganada. Como resultado, Deus deu aos homens a autoridade primária de ensinar na igreja.

As mulheres são excelentes em dons de hospitalidade, misericórdia, ensino e ajuda. Muito do ministério da igreja depende das mulheres. As mulheres na igreja não estão restritas ao ministério de orar e profetizar (I Coríntios 11:5), mas o estão em relação à autoridade de ensino espiritual sobre os homens. A Bíblia, em nenhum lugar, faz restrições quanto a mulheres no exercício de dons do Espírito Santo (I Coríntios capítulo 12). As mulheres, tanto quanto os homens, são chamadas a ministrar aos outros, para demonstrar o fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23) e a proclamar o Evangelho aos perdidos (Mateus 28:18-20; Atos 1:8; I Pedro 3:15).

Deus ordenou que somente homens servissem em posições de autoridade de ensino espiritual na igreja. Isto não é porque os homens sejam necessariamente professores com melhor qualificação ou porque as mulheres sejam inferiores ou menos inteligentes (o que não é o caso). É simplesmente a maneira que Deus designou para o funcionamento da igreja. Os homens devem dar o exemplo na liderança espiritual – em suas vidas e através de suas palavras. As mulheres devem ter um papel de menos autoridade. As mulheres são encorajadas a ensinar a outras mulheres (Tito 2:3-5). A Bíblia também não faz restrição a que as mulheres ensinem crianças. A única atividade que as mulheres são impedidas de fazer é ensinar ou ter autoridade espiritual sobre homens. Isto logicamente inclui mulheres servindo como pastoras e pregadoras. Isto não faz, de jeito algum, com que as mulheres sejam menos importantes, mas, ao invés, dá a elas um foco ministerial mais de acordo com o dom dado a elas por Deus.

2 comentários:

  1. "A única atividade que as mulheres são impedidas de fazer é ensinar ou ter autoridade espiritual sobre homens."

    Meu irmão, onde isso está escrito? Seria "A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio?" (1 Tm 2.11,12)

    Irmão, veja que você transcreveu a versão ARC (Almeida Revista e Corrigida), trazendo "autoridade SOBRE O MARIDO", ao passo que na argumentação aspeada acima, você usa a versão ARA (Almeida Revista e Atualizada), que traz "autoridade de homem". Conquanto, a tradução para esse ponto não seja tão fácil, é patente que temos que levar em consideração o contexto em que a recomendação paulina foi escrita. Autoridade sobre o marido parece mais condizente com toda a Bíblia. A mulher não poder exercer autoridade sobre homens não é nem um pouco bíblico, não se sustenta na lógica dos relacionamentos criada a partir de Cristo.

    O irmão usa a palavra "ministério". Ora, ministério é tradução de diakonos, logo o ministro é um servo. Se há os servos da Palavra e os servos do Serviço, o que impede de uma mulher servir como pregadora, pastora, etc. Em Ef 4.11, temos que todos os mencionados podem ser homens ou mulheres, mas quando se trata de pastor, os calvinistas dizem que é só para homem. Lembre-se do véu do santuário que se rasgou de alto a baixo. Agora todos têm acesso ao Santo dos Santos, e não é para salvação, mas para servir como sumo sacerdote. Não há homem nem mulher, meu irmão. O fundamento em que o irmão constrói não se sustenta mais - com todo o respeito e carinho o digo.

    Na paz do Senhor,

    Marcelo Hagah
    João Pessoa-PB

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  2. Graça e paz Marcelo,
    obrigado pela visita e comentário, mas eu lhe convido a ler também o texto do Thomas R. Schreiner que fala sobre o mesmo tema: http://ministeriobbereia.blogspot.com/2010/08/as-mulheres-devem-servir-como-pastoras.html, e depois me mante novamente a sua opinião.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas

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