Por Yago Martins
“Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.” (I Pedro 5.12)
Os Amanuenses na Roma clássica, eram pessoas (quase sempre escravos) dotadas do dom da escrita, por isso, dedicavam-se a copiar livros. Outro trabalho desses homens era escrever cartas, as quais eram ditadas por outros que não tinham a habilidade de escrita. Não é difícil perceber como a vida desses homens foi importante para a história, já que eles foram responsáveis por escrever várias obras na antiguidade.
Agora, imagine a importância deles para o Cristianismo. Quantas informações preciosas existem hoje por conta da existência de tais homens. Quão digna de honra foi a existência dos monges copistas, os quais foram usados por Deus para manter as sagradas escrituras sobre a terra. É conhecido de todos que Paulo ditava quase todas suas cartas para que algum amanuense escrevesse. Quantas verdades preciosas teríamos perdido se Deus não tivesse provido tais homens na vida do apostolo. Até mesmo Pedro, como no texto citado, usou esses homens na composição de suas epístolas.
Enquanto eu oro ao Senhor agradecendo pela existência dessas pessoas no longo da história, oro também para que Deus levante amanuenses modernos sobre a terra. Não falo de pessoas que se dediquem a escrever, mas falo de homens e mulheres de Deus, cheios do Espírito Santo, que entreguem a sua vida a propagar a mensagem de Cristo pregada por outros, assim como faziam os amanuenses antigos.
Não precisamos apenas de grandes pregadores, mas também de pessoas dispostas a levar essa mensagem o mais longe possível usando seus dons particulares. Quem sabe o dom de falar outro idioma não sirva para traduzir um bom livro? Quem sabe o dom de sincronizar legendas não sirva para fazer com que alguma pregação possa ser vista por deficientes auditivos? Porque não dedicar o dom de editar vídeos para melhorar o visual das pregações de algum bom teólogo?
Algumas pessoas podem estranhar o fato de eu chamar essas capacitações pessoais de ‘dons’, mas é isso que eles são. Uma das grandes perdas do Cristianismo é a ideia de que homens de Deus só podem servir para a obra quando seguram um microfone diante da congregação. Grande parte dos cristãos vive esperando algum cargo, para, a partir daí, se dedicarem à Obra do Senhor. Devemos sempre aprender com o que Deus disse para Moisés sobre Bezalel, quando escolhiam os artesãos para o tabernáculo:
“E o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência, em todo o lavor, para elaborar projetos, e trabalhar em ouro, em prata, e em cobre, e em lapidar pedras para engastar, e em entalhes de madeira, para trabalhar em todo o lavor.” (Ex 31.3-5)
Leia atentamente o que o texto diz. O próprio Deus está dizendo que encheu Bezalel com o Espírito Santo, com sabedoria, com entendimento e com ciência. Tudo isso com um único propósito: Elaborar projetos e esculpir em vários materiais. Será que nós podemos ter esse mesmo espírito nos dias de hoje? Deus, assim como nos tempos do Êxodo, ainda nos capacita com talentos humanos para usar tais habilidades para seu Reino. Indiscutivelmente, os talentos pessoais são instrumentos que devemos usar para propagar o Evangelho do Reino.
Lembre-se do que aconteceu em Atos 6, quando os gregos murmuraram contra os hebreus porque as suas viúvas estavam sendo desprezadas no ministério cotidiano. Devido a tais circunstâncias, os apóstolos se reuniram e disseram:
“Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.” (At 6.2-4)
Veja quão gloriosa foi a resposta dos apóstolos. Eles expressam que servir as mesas era um importante negócio, pois iria ajudá-los a se dedicar unicamente ao ministério da palavra. Poucos são os homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria que querem servir mesas em meio ao evangelicalismo atual. Isso por um único motivo: Ninguém lembra os nomes dos que servem as mesas. Ninguém lembra a face de um amanuense do passado. Não existem biografias de escultores de templos.
Apenas quando nos desprendermos dessa busca satânica por reconhecimento é que iremos entender realmente a diversidade de ministérios. Leitor, você precisa entender que, talvez, você não seja chamado para ensinar, mas você pode ser chamado para dar suporte para aqueles que ensinam. Ore ao Senhor e analise a si mesmo para que Deus possa guiá-lo. Quem sabe você não é chamado para ser um amanuense moderno?
Fonte: Voltemos ao Evangelho
Fonte: Voltemos ao Evangelho
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