sábado, 6 de fevereiro de 2010

Deus: a única explicação


Por Ricardo Mamedes

A existência de Deus traz indagações ao homem desde os primórdios, ao mesmo tempo construindo uma espécie de divindade contida no universo, ou a força criadora impessoal fragmentada em cada parte do todo. Uns evocam um deus que se manifesta na beleza da criação, tecendo loas à natureza, outros abandonam o Deus dos seus pais trocando-O por uma série de abstrações.

Uma busca febril e contínua que muitas vezes leva ao desespero, à descrença, ao abandono. Sem Deus, a liberdade tão ferrenhamente buscada se esfumaça, dando lugar ao vazio. A crença unicamente naturalista, baseada na ciência, nos conceitos evolucionários também não oferece uma resposta definitiva à indagação sobre o início de tudo , o fim de todos e de todas as coisas... Nada é infinito, embora o finito tenha tido origem em (ou de) algum lugar.

Penso , logo existo. Mas por que existo, de onde vim e para onde vou? Se a natureza é tão bela e transformadora; se a cadeia natural se autoalimenta, pode ela ter sido o gênesis, a própria criação, a essência que antecede o ser?

Quando ainda não havia alcançado fama e e reconhecimento, pouco antes de escrever "A origem das espécies" (1859), Charles Darwin descreveu-se como um teísta:

"Ao refletir assim sinto-me compelido a olhar para uma primeira causa dotada de mente inteligente e até certo grau análoga à mente do homem; e mereço ser chamado teísta"

Porém, à medida em que avançava em conhecimento desvendando o mundo natural, Charles Darwin cada vez mais se afastava da ideia de um Deus criador, por achar que tudo se fizera por meio de acontecimentos aleatórios, embora sem conseguir explicar a causa primeira, a vontade inicial, a essência do universo:

"Minha teologia é uma simples confusão; não posso ver o universo como resultado do acaso cego; e, no entanto, não posso perceber qualquer evidência de desígnio beneficente, ou mesmo de desígnio em qualquer sentido, em detalhes".

Ao mesmo tempo em que o homem busca respostas para a sua existência apegando-se a si mesmo e às coisas criadas, queda-se inerte mergulhado em dúvidas a respeito da própria existência, abrstraindo a possibilidade de que a "totalidade do mundo exterior não passe de um sonho, e que somente nós existamos" (Bertrand Russel). A ciência também, dissociada da revelação, não consegue responder essa intrincada equação inicial.

Há, a meu ver, a necessidade e a possibilidade de se equacionar ciência e criação sustentada por Deus, não à margem da revelação mas de mãos dadas com ela, eliminando-se as dicotomias aparentemente existentes. É pois possível relacionar a verdade da revelação com a verdade da ciência, naquilo em que a ciência não entrar em choque com a revelação.

A tentativa em todas as frentes da filosofia em compreender o universo apenas pelo conhecimento falhou. Não se compreende sequer que haja liberdade diante de características adquiridas pelo meio , ou, ainda, pela herança genética. Quando se nega o determinismo bíblico, não se consegue safar do determinismo natural, ficando ainda o homem tolhido em sua "liberdade" por causas externas à sua vontade, logo, não havendo mesmo liberdade.

Incrédulos fogem de Deus, da ideia de um Criador, mantenedor e sustentador do universo, mas não têm respostas para a mesma realidade, refugiando-se no ceticismo, desespero, dúvida. Negam o Absoluto sem oferecer algo em troca, ficando o universo entregue ao caos, regido por leis que não existem por si mesmas; tampouco explicam a origem dessas mesmas leis, a sua essência. Querem um universo sem Deus sem se desvencilhar de explicá-lo pelos seus próprios métodos científicos, seja através da "experimentação", ou da observação. Calam-se sem justificar a existência antecedendo a essência, ou a "existência da essência em si mesma". Não há resposta, mas o abandono ao nada. Somente o temor do "depois"...

A esperança no homem se revela frustrante. Resta aos pensadores sem Deus aceitar a "probabilidade de que o homo sapiens seja uma excentricidade biológica, o resultado de algum equívoco notável dentro do processo de evolução", conforme já afirmaram outrora. Elegem a razão como explicação do conhecimento, mas sem a contrapartida da Verdade e sem se livrar das "antíteses".

C. S Lewis, discorrendo sobre a sociedade que remanescerá do humanismo ateu, considerou:

"O poder do homem de fazer de si mesmo o que lhe agradar... significa o poder de alguns homens fazerem de outros homens o que lhes agradar. Os moldadores de homens da nova era estarão munidos de poderes de um Estado Onicompetente e de uma irresistível técnica científica : finalmente chegaremos à existência de uma raça de condicionadores que, na realidade, poderão esculpir toda a posteridade na forma que melhor lhes parecer."

Sim, a razão dissociada de Deus traz o absurdo, o caos, o medo, o desespero, consoante se observa das palavras de Bertrand Russel:

"Breve e sem poder é a vida do homem; sobre ele e toda a sua raça cai a lenta e certa condenação, negra e sem dó. Cega para os bons e para os maus, sem importar-se com a destruição causada, a matéria onipotente avança incansavelmente; ao homem, condenado em nossos dias a perder seus entes queridos, para ele mesmo passar amanhã pelos portões tenebrosos, resta somente desfrutar, antes de sobrevir o golpe, dos elevados pensamentos que enobrecem os seus poucos dias; desdenhando dos terrores covardes do escravo da sorte, adora no santuário que as suas próprias mãos erigiram : sem vergar-se ante o império do acaso, preserva uma mente livre da tirania extravagante que governa sua vida externa; desafiador orgulhoso das forças irresistíveis que toleram, por um momento, seu conhecimento e sua condenação, sustém sozinho um cansado mas inflexível atlas, o mundo que seus próprios ideais tem moldado, a despeito da marcha esmigalhadora de um poder inconsciente."

Não há outra saída, senão aceitar Deus como a Vontade primeira criadora do Universo, para livrar o homem do caos e do desespero, infundindo-lhe esperança e alegria, ainda quando face a face com a morte.

"No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (João 1:1-3)

Fonte de pesquisa (citações): CHAPMAN, Colin, "Cristianismo: A melhor Resposta", Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São Paulo-SP.

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