sábado, 20 de fevereiro de 2010

Marcas de uma Igreja Saudável - 8 Testemunho - Marturia


Por: Rubens Muzio

A palavra grega para testemunho é “martyria”. Os mártires da igreja cristã eram aqueles que testemunhavam fielmente sobre Jesus Cristo em palavras e atitudes. Esse testemunho provou ser arriscado e perigoso dentro e fora do império romano. De fato, várias testemunhas foram martirizadas, perseguidos, chicoteados, apedrejados ou lançados aos animais no grande Coliseu (por volta de 170 mil cristãos são martirizados anualmente em todo o mundo). Vale a pena refletir na afirmativa de Paulo para Timóteo, dizendo que aqueles que querem viver piedosamente serão impreterivelmnte perseguidos. Em quais níveis – quer sejam espirituais, emocionais, relacionais, físicos – os cristãos estão sendo perseguidos em nossa cultura?

A palavra martyria é empregada de diversas maneiras nas Escrituras: como testemunha oficial de fatos; testemunha de fatos numa confissão de fé; ou declaração de um fato como testemunha ocular de um ocorrido. Dentro dessa gama de significados, o objetivo do corpo de Cristo é tornar tangível, real, visível e efetivo o fato de Jesus Cristo estar presente no mundo. As pessoas que não conhecem a Jesus devem vir a conhecê-lo na presença, na proclamação, nos atos e palavras persuasivas da Igreja. (Van Engen, ano, pág).

O Senhor da Igreja colocou-nos numa comissão permanente de trabalho. “vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28:19-20). O Evangelho do reino será pregado a toda etnia (Mt 24:14). A missão do Rei é estabelecer o Seu reinado e domínio em todo o mundo e criação. Ele pretende reconciliar todas as coisas em Si mesmo (Cl 1).

Portanto, para além da proclamação oral do Evangelho está a necessidade dos crentes tornarem-se cristãos adultos, aprendizes imitadores de Jesus Cristo. Este é o início do discipulado. Paulo fala da meta que o crente deve ter de ser maduro (Ef 4.13). E ele ainda exorta veementemente: “tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1Co 11.1). Suas palavras parecem sugerir que ser um cristão é entrar num relacionamento tão íntimo e profundo com Ele que os crentes, de certa forma, começarão a imitá-lo em conseqüência deste relacionamento. Imitação é desta maneira, o fruto, e não uma condição prévia, da fé. Tornar-se um cristão é começar o processo de ser conformado a Cristo, de dentro dos pensamentos, sentimentos, inclinações para fora das ações, palavras e decisões. Deus é responsável por esse processo desde o começo.

Cipriano de Cartago disse: “Esta é a vontade de Deus que Cristo fez e ensinou. Humildade na conversação; perseverance na fé; modéstia nas palavras; justiça nas ações; misericórdia no trabalho; disciplina na moral, ser incapaz de fazer o mal, ser capaz de agüentar quando o mal é feito; manter a paz com os irmãos; amar a Deus com todo o coração; amá-lo como Pai e temê-lo como Deus” (ano, pág). A vida cristã é um caminho para a vida toda, discipulado por longa data, numa estrada inevitavelmente esburacada e repleta de obstáculos. Nela estão incluídos retornos e desvios, atrasos e pedágios. Vida na esperança e na confiança da presença e amor do Jesus.

A Palavra de Deus é indispensável para o discipulado. Paulo exortou os cristãos colossenses a deixar habitar “ricamente em vocês a palavra de Cristo” (Cl 3:16). O ofício do ensino da igreja é importante para o discipulado. Nesta tarefa, o Espírito Santo, como professor, é indispensável (Jo 16:13). Além de ser o professor, o Espírito Santo é o capacitador dos cristãos para a total entrega e obediência. Além do mais, a tarefa do ensino inclui esboçar o conteúdo do Evangelho, a autoridade do Evangelho e a aplicação do Evangelho na vida e sociedade.

A igreja deve ser capaz de declarar com o apóstolo Paulo: “eu lhes declaro hoje que estou inocente do sangue de todos. Pois não deixei de proclamar-lhes toda a vontade de Deus” (At 20:26-27). É necessário equipar-se, de forma que haja a assimilação de um evangelho integral pelo indivíduo crente, por cada família, por cada igreja. A visão de toda comunidade da fé deveria ser o trabalho, ao lado de Deus, de colocar toda a comunidade e todo o país sob o Seu domínio ou cuidado, de maneira que houvesse suficiência econômica para todos, paz social, que os governantes governassem em justiça, que houvesse retidão e respeito pelo que pertence aos outros e que o Evangelho fosse pregado e uma igreja fosse plantada em cada cidade ou grupo de pessoas.

O chamado de Deus para a Sua igreja e o Seu povo inclui vocações específicas. Alguns são políticos e outros negociantes. Algumas são estudiosas enquanto outras são donas de casa. Alguns são fazendeiros e outros pescadores. Deus está chamando o seu povo a “correr a corrida que nos está proposta” (Hb 12:1). Todos têm um chamado e uma vocação para exercer com grande diligência e excelência. Pense na influência de Cristo através dos cristãos no desenvolvimento da civilização ocidental! O alcance desta influência se estende desde os fundamentos da democracia, indo até a ética social, a economia de livre mercado, a ciência, a educação. A igreja precisa recuperar a sua integralidade a vocação.

Cada crente, cada família, cada igreja precisa assimilar o evangelho integral. J. Herbert Kane afirmou que a natureza da Igreja no mundo implica em declarar e demonstrar a verdade e o poder como componentes da existência e da missão da Igreja no mundo. A visão de toda comunidade deveria ser o trabalho, ao lado de Deus, de colocar toda a comunidade e todo o país sob Seu domínio ou cuidado, de maneira que houvesse paz social, justiça e retidão. A igreja missionária deve funcionar de acordo com o propósito para o qual Deus a chamou para ser - transformadora da comunidade - no sentido de que elas reflitam os valores do Reino.

“A igreja existe para a missão como o fogo existe para queimar” (Emil Brunner. Holsehold, 162).

Fonte: Sepal

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