Outra marca distintiva de uma igreja saudável é uma preocupação penetrante com o crescimento da igreja - não simplesmente com o crescimento numérico, mas com o crescimento pessoal dos membros. Algumas pessoas pensam que alguém pode ser um "bebê em Cristo" pela vida inteira. O crescimento é visto como um item opcional reservado para discípulos particularmente zelosos. Entretanto, crescimento é um sinal de vida. Árvores que crescem são árvores vivas, e animais que crescem são animais vivos. Crescimento envolve aumento e avanço. Em muitas áreas da nossa experiência do dia a dia, quando algo deixa de crescer, morre.
Paulo esperava que os coríntios crescessem na sua fé Cristã (2 Coríntios 10:15). Os efésios, ele esperava, cresceriam “naquele que é o Cabeça, Cristo" (Efésios 4:15; cf. Colossenses 1:10; 2 Tessalonicenses 1:3). Pedro exortou alguns cristãos primitivos para que desejassem "como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação" (1 Pedro 2:2). É tentador para os pastores reduzirem suas igrejas a estatísticas controláveis de freqüência, batismos, ofertas e membresia, nas quais o crescimento é tangível. Porém tais estatísticas ficam muito aquém do verdadeiro crescimento que Paulo descreve e que Deus deseja.
No seu Treatise Concerning Religious Affections (Tratado Relativo ás Afeições Religiosas), Jonathan Edwards sugeriu que o verdadeiro crescimento no discipulado cristão não é, em última instância, mera excitação, uso crescente de linguagem religiosa, ou o conhecimento crescente das Escrituras. Não é nem mesmo um evidente acréscimo em alegria ou em amor ou em interesse pela igreja. Até mesmo o aumento no zelo e no louvor a Deus e a confiança da própria fé não são evidências infalíveis do verdadeiro crescimento cristão. O que é então? De acordo com Edwards, enquanto todas essas coisas podem ser evidências de um verdadeiro crescimento cristão, o único sinal observável certo é uma vida de santidade crescente, arraigada na abnegação cristã. A igreja deveria ser marcada por uma preocupação vital com este tipo de piedade crescente nas vidas de seus membros.
Como vimos na sétima marca, uma das conseqüências não intencionais da negligência da igreja com a disciplina é o aumento da dificuldade em ver discípulos crescendo. Em uma igreja indisciplinada, os exemplos não são claros e os modelos são confusos. Nenhum jardineiro planta intencionalmente ervas daninhas. Ervas daninhas são, por si mesmas, indesejáveis, e elas podem ter efeitos nocivos sobre as plantas ao redor. O plano de Deus para a igreja local não nos permite deixar que as ervas daninhas fujam ao controle.
Boas influências em uma comunidade de crentes podem ser ferramentas nas mãos de Deus para fazer o Seu povo crescer. Conforme o povo de Deus é edificado e cresce unido em santidade e no amor que se doa, deveria também melhorar sua habilidade de administrar a disciplina e encorajar o discipulado. A igreja tem a obrigação de ser um dos meios de Deus para o crescimento das pessoas na graça. Se, em vez disso, ela é um lugar onde só os pensamentos do pastor são ensinados, onde Deus é questionado mais do que adorado, onde o Evangelho é diluído e o evangelismo pervertido, onde a membresia da igreja é tornada sem sentido, e um culto mundano à personalidade é deixado crescer ao redor da pessoa do pastor, então dificilmente as pessoas podem esperar encontrar uma comunidade que é coesa ou edificante. Tal igreja certamente não glorificará a Deus.
Deus é glorificado por meio de igrejas que estão crescendo. Esse crescimento pode se manifestar de muitas formas diferentes: pelo aumento de pessoas chamadas para missões; por membros mais velhos que começam a sentir um senso renovado da sua responsabilidade no evangelismo; por meio de funerais a que os membros mais jovens da congregação comparecem simplesmente pelo amor que têm aos membros mais velhos; pelo aumento na oração, e pelo desejo por mais pregação; por reuniões da igreja caracterizadas por conversações genuinamente espirituais; pelo aumento nas ofertas, e por membros que ofertam mais sacrificialmente; por mais membros que compartilham o evangelho com outros; por pais que redescobrem a sua responsabilidade em educar seus filhos na fé. Esses são apenas alguns exemplos do tipo de crescimento na igreja pelo qual os cristãos oram e trabalham.
Quando vemos uma igreja que é composta por membros que crescem na semelhança com Cristo quem recebe o crédito ou a glória? "O crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento." (1 Coríntios 3:6b -7; cf. Colossenses 2:19). Portanto a bênção final de Pedro para aqueles cristãos primitivos a quem ele escreveu era uma oração expressa no imperativo: "crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno. (2 Pedro 3:18)." Nós poderíamos pensar que nosso crescimento traria glória para nós mesmos. Mas Pedro sabia que não era assim. “Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. (1 Pedro 2:12)." Ele obviamente lembrou-se das palavras de Jesus: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras” - e certamente aqui nós pensaríamos que seria natural cair na armadilha da auto-admiração, mas Jesus continuou - "e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5:16). Trabalhar para promover o discipulado cristão e o crescimento é outra marca de uma igreja saudável.
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