terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ISAÍAS 45:7 - Deus é o autor do mal?


Por Norman Geisler e Thomas Howe

"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas". (Is 45.7)

PROBLEMA: De acordo com este versículo, Deus forma a luz e cria as trevas, faz a paz e cria o mal (cf. também Jr 18.11 e Lm 3.38; Am 3.6). Mas muitos outros textos das Escrituras nos informam que Deus não é mau (1Jo 1.5), que ele não pode nem mesmo ver o mal (Hc 1.13), nem pode ser tentado pelo mal (Tg 1.13).

SOLUÇÃO: A Bíblia é clara ao dizer que Deus é moralmente perfeito (cf. Dt32.4; Mt 5:48), e que lhe é impossível pecar (Hb 6.18). Ao mesmo tempo, sua absoluta justiça exige que ele puna o pecado. Este juízo assume ambas as formas: temporal e eterna (Mt 25:41; Ap 20.11-15).
 
Na Sua forma temporal, a execução da justiça de Deus às vezes é chamada de "mal", porque parece ser um mal aos que estão sujeitos a ela (cf. Hb12.11). Entretanto, a palavra hebraica correspondente a mal (rá) empregada no texto nem sempre tem o sentido moral. De fato, contexto mostra que ela deveria ser traduzida como "calamidade" ou "desgraça", como algumas versões o fazem (por exemplo a BJ). Assim, se diz que Deus é o autor do "mal" neste sentido, mas não no sentido moral - pelo menos não da forma direta.
 
Além disso, há um sentido indireto no qual Deus é o autor do mal em seu sentido moral. Deus criou seres morais com livre escolha, e a livre escolha é a origem do mal de ordem moral no universo. Assim, em última instância Deus é respnsável por fazer criaturas morais, que são responsáveis pelo mal da ordem moral. Deus tornou o mal possível ao criar criaturas livres, mas estas em sua liberdade fizeram com que o mal se tornasse real. É claro que a possibilidade do mal (i.e., a livre escolha) é em si mesma uma boa coisa.

Portanto, Deus criou apenas boas coisas, uma das quais foi o poder da livre escolha, e as criaturas morais é que produziram o mal. Entretanto, Deus é o autor de um universo moral, e neste sentido indireto, ele, em última instância, é o autor da possibilidade do mal. É claro, Deus apenas permitiu o mal, jamais o promoveu, e por fim irá produzir um bem maior através dele (cf. Gn 50.20; Ap 21-22).

A relação de Deus com o mal pode ser resumida da seguinte maneira:

DEUS NÃO É O AUTOR DO MAL:

- No sentido do pecado
- Mal de ordem moral
- Perversidade
- Diretamente
- Concretização do mal

DEUS É O AUTOR DO MAL:

- No sentido de calamidade
- Mal de ordem não moral
- Pragas
- Indiretamente
- Possibilidade do mal

Fonte: Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia - Norman Geisler & Thomas Howe Via: Despertai, Bereanos!

6 comentários:

  1. No texto de Is. 45.7, luz e trevas não têm sentido moral; devemos ter cuidado para não analizarmos textos do A.T sob a lente do N.T. trevas e luz aqui são os fenômenos do dia e da noite. Observe também em Is. 45.7, que mal é o antônimo de paz, não de bem, ou seja, "crio o mal" significa calamidade, juizo (sodoma e gomorra). Resumindo, O Deus de Israel está se revelando a Ciro, mostrando que Ele é Soberano na criação e nos fenômenos naturais (luz e trevas) e intervem nas nações (paz e mal). "Aconteceria algum mal a uma cidade sem que o Senhor não tenha feito?"Am 3.6. Isaias 45.7 não tem sentido moral.

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  2. Graça e paz Tadeu.
    Realmente luz e trevas não tem sentido moral.
    Tanto que a palavra hebraica correspondente a mal (rá) empregada no texto, diz Geisler, nem sempre tem o sentido moral. De fato, contexto mostra que ela deveria ser traduzida como "calamidade" ou "desgraça", como algumas versões o fazem (por exemplo a BJ). Assim, se diz que Deus é o autor do "mal" neste sentido, mas não no sentido moral - pelo menos não da forma direta.
    Isso confirma o que você falou e é isso que o Geisler está falando também.
    Fique na Paz!
    Pr. Silas Figueira

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  3. Não sou dos maiores fãs de Tomás de Aquino, mas sempre achei interessante a maneira pela qual ele tentava explicar este assunto. Não me lembro bem exatamente a maneira exata em que o sábio de Aquino demonstrou sua tese sobre a teodicéia, mas é mais ou menos assim: Ele ilustra o problema do mal usando a imagem de uma pessoa que possui uma deficiência e que por causa desta, manqueja. Mas por que ela manqueja, afinal? Ela manqueja por causa da força propulsora que a faz andar. Se esta pessoa não tivesse esta "força propulsora", por assim dizer, ela não andaria claudicante. Esta força propulsora é "criação divina"; a deficiência não. Deus fez o homem perfeito, mas o pecado o tornou "deficiente". Esta deficiência, por sua vez, só foi possível devido a "força propulsora" com a qual Deus dotou o homem (refiro-me ao livre arbítrio). O homem, então, pela sua desobediência, tornou-se "manco", e ele não manquejaria, se não tivesse uma "força" para andar. Esta força, quem criou, foi Deus, e sem esta força (livre arbítrio) o homem não teria experimentado a realidade do mal, que é a supra-deficiência, causada por sua opção pelo pecado. A conclusão é que Deus deu às sus criaturas a capacidade destas o amarem livremente. Ou seja, Deus deu, como que uma "força propulsora" às suas criaturas, para que estas escolhessem amá-lo ou não. Sem esta força criada por Deus o homem não teria pecado. Então, neste sentido, conclui Tomás de Aquino, Deus criou o mal. Mas creio que o irmão Tadeu (com o seu comentário acima) foi mais feliz que o filósofo escolástico.

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    1. Graça e paz Apologista Calvinista.
      Realmente a força propulsora da santidade de Deus nos leva sempre a claudicar, seja muito, seja pouco, mas sempre estaremos claudicando em Sua presença. Essa santidade não é o mal, mas revela este mal em nós. Por isso que somos totalmente dependentes da graça de Deus manifesta a nós da Pessoa de Cristo Jesus nosso Salvador.
      O Tadeu é uma pessoa muito inteligente nas Escrituras rs.
      Fique na Paz!
      Pr. Silas Figueira

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  4. Se DEUS não criou o mau, quem criou? Pode alguém criar alguma coisa?

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  5. creio que Deus criou pOR ELE PARA ELE FORAM FEITAS TODAS AS COISA

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