O mormonismo é o movimento iniciado em
1830, nos EUA, por Joseph Smith. Tudo começou quando, segundo o
“profeta”, um anjo chamado Moroni apareceu a ele e revelou a existência
de placas de ouro enterradas no monte Cumora, perto de Palmyra, Nova
York, dando conta dos antigos habitantes da América, como também da
plenitude do evangelho eterno. Após quatro anos de peregrinação ao monte
(em 1827) Smith recebeu do anjo a autorização para retirar as placas e
iniciar o trabalho de tradução. Finalmente, em 1830, era publicado o
Livro de Mórmon.
No mesmo ano, com ajuda de cinco outras
pessoas, Joseph Smith fundou a Igreja de Cristo, hoje denominada Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Sob a liderança de Smith,
ela começou em Fayette, Nova York.
O primeiro Templo mórmon foi construído
em Kirtland, e inaugurado em 27 de março de 1836. Durante o verão de
1839, sete membros do Conselho dos Doze Apóstolos partiram de Nauvoo
para inaugurar a primeira missão fora dos Estados Unidos; o local
escolhido foi à Inglaterra. Depois de alcançar a Europa, de maioria
branca, o mormonismo espalhou-se por centenas de outros países do mundo.
De acordo com o almanaque da Igreja, seus primeiros membros no Brasil
foram os imigrantes alemães Augusta Kuhlmann Lippelt e seus quatro
filhos, que chegaram ao Brasil em 1923. O marido, Roberto, foi batizado
vários anos mais tarde. Os primeiros missionários foram os “élderes”
William F. Heinz e Emil A.J. Schindler, acompanhados por Rheinold
Stooof, presidente da Missão Sul Americana em Buenos Aires, Argentina.
Em 25 de maio de 1935 foi criada uma missão sediada no Brasil. Walter
Martin revela que por volta de 1959, o mormonismo já contava com 3.700
membros. Em 1966 foi organizada a Estaca de São Paulo, a primeira da
nação, tendo Walter Spat como presidente. O templo em São Paulo, único
no país, foi inaugurado em 30 de outubro de 1979.
As cerimônias secretas no Templo
Se no Oriente Médio as mesquitas
funcionam como o eixo principal da fé islâmica, os templos mórmons
possuem a mesma importância para seus adeptos. Thelma Granny Geer foi a
primeira ex-mórmon a revelar de maneira realista e sem rodeios os
rituais secretos que envolvem a fé mórmon. Ela é conhecida nos Estados
Unidos e na América Latina por suas conferências sobre o mormonismo. Uma
biografia sua pode ser encontrada no livro “Por que abandonei o
Mormonismo” (Vida), onde Geer relata sua experiência no mormonismo e
como ela encontrou o Senhor Jesus. Entre as páginas 189 e 205 a autora
faz um importante apanhado sobre as cerimônias mórmons no templo que, a
primeira vista, parece mais com uma iniciação maçônica do que uma
simples reunião cristã.
a) Primeiro estado (pré-existente)
Os candidatos apresentam-se na Casa da
Dotação, munidos de roupas limpas e de um lanche; eles são admitidos no
escritório externo, e suas contas com a Igreja são verificadas por um
escriturário. Seus nomes, idade e as datas de sua conversão e batismo
são inscritos no registro; os recibos são inspecionados cuidadosamente,
e, caso forem achados corretos, isso é registrado. Se surgirem quaisquer
marido ou mulher que não tiverem sido selados para a eternidade, o fato
é anotado a fim de que a cerimônia seja efetuada na iniciação. Então
eles tiram seus sapatos e, guiados pelos atendentes, que calçam
chinelos, entram com passos medidos e sem provocar ruído na ante-sala
central, uma sala estreita separada por telas brancas de dois outros
quartos à direita e a esquerda; o da direita para os homens e o da
esquerda para as mulheres.
Prevalece profundo silêncio, enquanto os
atendentes comunicam-se através de sinais misteriosos ou sussurros. Uma
luz difusa atravessa o ambiente, abrandada por sombras pesadas; somente
se ouve o fraco som de água sendo despejada atrás das telas, e o
cenário como um todo é planejado com o propósito de imprimir solene
temor nos candidatos ignorantes, que esperam numa expectativa reprimida,
porém nervosa, por algum evento misterioso. Após alguns momentos de
espera solene, os homens são conduzidos ao seu lavatório à direita, e as
mulheres à esquerda. A candidata do sexo feminino é despida, colocada
na banheira e lavada da cabeça aos pés por uma mulher escolhida para
esse propósito. Cada membro do corpo é mencionado com uma benção
especial (…) Uma lavagem similar é realizada no candidato do sexo
masculino em seu próprio lavatório, e uma benção é pronunciada sobre seu
corpo de modo semelhante.
Então, através de uma fenda na cortina,
ele é conduzido adiante, ao próximo compartimento. Enquanto faz a
passagem, um apóstolo sussurra em seu ouvido “um novo nome, pelo qual
ele será conhecido no reino celestial de Deus”.
Chegando à segunda sala, o candidato é
ungido com óleo contido em chifre ou em um recipiente de mogno
semelhante ao chifre. O óleo é esfregado em seu cabelo e na barba, e
sobre cada um de seus membros, que por sua vez são de novo abençoados.
Ao mesmo tempo, as mulheres são ungidas em seu próprio lavatório. Então o
candidato é ungido numa espécie de túnica ou veste bem justa, que cobre
do pescoço aos calcanhares (…).
Neste momento, no quarto adjacente,
começa o debate preparatório no grande concílio dos deuses, sobre se
eles deverão ou não fazer o homem (…) Enquanto isso, os atendentes
colocam os candidatos no chão e fecham os seus olhos. Os “deuses” entram
e manipulam membro a membro, especificando a função de cada um deles, e
fingem que estão criando e moldando. Então eles dão uma palmada neles
com o fim de vivificá-los e representar o poder criativo, sopram em sua
narinas o “fôlego da vida”, e levantam-nos sobre os pés. Então supõe-se
que eles sejam como “Adão, recém feito, completamente maleável e móvel
nas mãos do criador.
b) Segundo estado
Os homens entram em fila na próxima
sala, com pinturas e cenário representando o jardim do Éden. Há
magníficas cortinas e carpetes, árvores e arbustos em caixas, pinturas
de montanhas, flores e fontes, tudo apresentado em luz suave e tons
delicados, retratando no conjunto um cenário belo e impressionante.
Enquanto eles se movem pelo jardim acompanhando uma música ritmada,
surge outra discussão entre os deuses: Miguel propõe diversos animais,
um por vez, para que sejam companheiros íntimos do homem, os quais são
sucessivamente rejeitados por Jeová, Jesus e Eloim. Então os homens são
deitados imóveis, com os olhos fechados; por representação é extraído de
cada um deles uma costela, da qual, numa sala adjacente, suas esposas
são formadas.
Em seguida ordena-se aos homens que
despertem, e eles veem suas esposas pela primeira vez desde que foram
separadas na entrada, vestidas quase como eles mesmos. Eles caminham
pelo jardim aos pares, guiados pelos oficiantes Adão e Eva, quando
Satanás entra na sala. Ele esta vestido com veste bem apertada de veludo
preto, consistindo de jaqueta curta e calças até os joelhos, com meias e
chinelos pretos, estes últimos com duas pontas. Também traja uma
máscara horrenda e um elmo com ponta. Ele se dirige a Eva, que esta
separada de Adão, e começa a louvar sua beleza, após o que profere a
“tentação”.
c) Terceiro estado
Os homens são colocados um a um sobre o
altar, estendidos ao máximo sobre as costas, e o sacerdote oficiante
passa imensa faca ou navalha bem afiada ao longo de suas gargantas.
Entende-se que, se qualquer um for falso de coração, o Espírito o
revelará, e isto significaria sua morte instantânea. É claro que todos
passam nesse teste. De novo dão-se as mãos, ajoelham-se e repetem
vagarosamente, liderados por Jeová, outro juramento. A penalidade por
sua violação é ter seus intestinos cortados e as entranhas dadas como
alimento aos porcos com muitos detalhes horrorizantes e desagradáveis
(…).
É ministrado outrojuramento de
fidelidade e segredo, do qual a penalidade é ter o coração arrancado
fora e dado como alimento às aves do céu. Agora os iniciados são
declarados aceitáveis a Deus, e é lhes ensinada nova forma de oração,
“numa língua desconhecida”, e o Terceiro Grau do Sacerdócio de
Melquisedeque é conferido. Então eles são passados “para trás do véu”,
uma cortina de linho, e entram na última sala. [1]
d) Quarto estado (o reino dos deuses)
Os homens entram primeiro, e o sacerdote
oficiante corta certas marcas em suas vestes e lhes faz pequeno corte
logo acima do joelho direito. Então, sob as ordens de Eloim, eles
introduzem suas mulheres na sala, uma a uma. Então se realiza o “selo
para a eternidade” para todos os que antes estivessem apenas “casados
para o tempo”.
Então os iniciados se retiram, recolocam
suas roupas comuns, recebem um lanche e voltam para ouvir longa
mensagem, explicando toda a alegoria, e suas obrigações futuras como
consequencia dos votos que fizeram. A cerimônia toda, coma mensagem,
leva cerca de dez horas.
A importância das genealogias no Ritual de Dotação
De acordo com o testemunho de Geer, a
obra “vicária” do mormonismo pelos mortos se inicia nos fundamentos do
templo, nos templos mais antigos. Lá são celebrados milhões de batismos
substitutivos. Jovens mórmons, em favor de seus parentes mortos, são
totalmente imersos na grande pia batismal oval, que repousa nos ombros
de doze bois de bronze. Esses jovens às vezes chegam a ser “batizados e
confirmados pelos mortos” até cinquenta ou mais vezes em uma sessão de
batismos no templo, conforme o número de seus parentes mortos.
Desde que foi estabelecido o batismo
pelos mortos (ou batismo por procuração), os mórmons perceberam a
necessidade de conhecer seu próprio passado como forma de “salvar” seus
ancestrais. No livro “Ensinamentos dos presidentes da Igreja”, Heber J.
Grant faz o seguinte comentário sobre o trabalho de compilação de
genealogias.
“A partir da época da visita de Elias, o
profeta, restaurando as chaves que ele possuía e voltando o coração dos
filhos aos pais [ver D&C 110.13-15], tem-se observado, no coração
das pessoas de todo o mundo, o surgimento de um desejo de aprender sobre
seus antepassados.
Os homens e mulheres de todo o mundo têm
organizado sociedades, procurado dados de seus antepassados e compilado
registros genealógicos de seus familiares. Têm-se gasto milhões de
dólares com essa finalidade. Já conversei diversas vezes com homens que
despenderam grandes somas para coligir um registro de seus antepassados,
e depois de terminarem, quando alguém lhes perguntava o motivo de tal
empreitada, eles respondiam: “Não sei; fui impelido por um desejo
incontrolável de compilar esse registro e de investir financeiramente
nisso. Agora que terminei, não tenho nenhum uso especial para ele”. Os
santos dos últimos dias dão a esse tipo de dados um valor inestimável.
Oro para que oSenhor nos inspire a todos
para que tenhamos maior diligência ao realizarmos com todas as nossas
forças os deveres e labores que nos cabem no tocante à obra vicária por
nossos antepassados (…) Quando buscamos com sinceridade, ano após anos,
conhecer sobre nossos familiares que morreram sem o conhecimento do
evangelho, tenho certeza de que o Senhor nos abençoa para que tenhamos
êxito”. Grant concluiu dizendo que “a salvação dos mortos é um dos
propósitos da restauração do evangelho eterno e do restabelecimento da
Igreja de Jesus Cristo nesta época”. [2]
A abóbada inexpugnável
Segundo Jimmy Swaggart, a igreja mórmon
construiu uma abóbada dentro de uma montanha cerca de 32 quilômetros ao
sudoeste de Salt Lake City, a um custo de 1.500.000 dólares, com o fim
de prover segurança à prova de terremotos e bombas para seus microfilmes
genealógicos e outros registros da igreja. Seis aberturas no lado desta
montanha dão entrada a enormes túneis que servem como áreas de
armazenamento. As paredes são pintadas com cores suaves e cada túnel é
equipado com luzes fluorescentes e controles que mantêm temperatura e
umidades constantes. A teologia mórmon ensina que os mortos não salvos
podem ser batizados por procuração e que se pode realizar casamentos por
eles, capacitando-os, assim, a irem para o céu, casarem-se lá, e
continuar a progredir e ter filhos.
Os mórmons rejeitam a autoridade final
da Bíblia. Hugh B. Brown da Primeira Presidência da igreja mórmon, sobre
o assunto da revelação, afirma que: “A igreja é submissa a nenhum credo
formal ou inflexível, mas seus membros são instruídos a crer nas
revelações do passado e viver por elas e assim prepara-se para as
revelações que ainda virão”. Em outras palavras, ela pode manufaturar
doutrinas com o passar do tempo.[3]
Referências Bibliográficas
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