Por John Piper
Se alguém lê meu último post, “Irmãos, o Ministério é Sobrenatural”
(não profissional), e diz: “Então você acha que não importa se cantamos
desafinados, pregamos de forma incompetente e não oferecemos
estacionamento?”, minha resposta é: “Isso é apenas estupidez”.
Importa se você pensa que a única alternativa para mal feito é
“profissional”. Se a única maneira que você tem para estimular a
excelência em sua igreja é estimular o “profissionalismo”, eu diria que
você precisa de um vocabulário maior.
A bagagem agregada à palavra “profissionalismo” não ajuda se estamos
tentando ser um povo sobrenatural de Deus. E é isso que queremos ser: O
Corpo de Cristo, raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade particular de Deus, templo do Espírito Santo, família de
Deus, santos, chamados, Caminho, noiva de Cristo, e mais. Não é
conveniente querer ser uma noiva profissional.
Onde a Busca Começa
Então, quando renuncio a busca por profissionalismo, isso significa
que não aspiro por excelência? Não. Mas, de fato, eu começo minha busca
por excelência na minha busca por excelente perdão. Excelente
misericórida. Excelente paciência. Excelente gentileza. Excelente
humildade. Excelente autocontrole. Excelente andar de acordo com o
evangelho (Gálatas 2.14).
É isso que Paulo tinha em mente quando nos disse para imitar o
infinitamente excelente Deus. “Sejam imitadores de Deus… e andem em
amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós”
(Efésios 5.1-2). Não sei se Jesus cantava afinado ou se sua túnica não
tinha nenhum vinco, mas sei que suas habilidades em devolver o mal com o
bem eram indescritivelmente belas.
A Busca Se Estende
Então Paulo estende a busca: “tudo o que for verdadeiro, tudo o que
for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for
amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno
de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4.8). Assim, depois que
nossos corações tiverem passado por uma renovação do evangelho, o
próximo cômodo a ser reformado é a nossa mente: Pense nessas coisas
excelentes. Preencha sua mente com excelência. Beleza. Justiça. Pureza.
Honra.
A próxima coisa que sai da boca de Paulo é a seguinte: “Ponham em
prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim”
(Filipenses 4.9). Assim, o coração renovado pelo evangelho e a mente
reformada pela excelência “põe em prática essas coisas”. Importa como as
coisas são feitas. Em casa. Na igreja. Em qualquer lugar. Nós
“praticamos” excelência.
Temperado com Missão
Então devemos construir edifícios esplendorosos? Talvez. Mas não
muitos. A prioridade colocada na opulência dos templos e palácios no
Antigo Testamento pertencia a uma era da religião do tipo
“venha-e-veja”. Como a rainha de Sabá que veio a Israel e ficou
impressionada diante da riqueza de Salomão (1 Reis 10.5). Mas o Novo
Testamento não tem nenhuma ênfase na opulência, porque é mais uma
religião do tipo “vá-e-conte”. O impulso missionário domina o impulso
doméstico. Somos peregrinos. Somos enviados. “Não levem nada pelo
caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem
túnica extra” (Lucas 9.3). Esse dito não é normativo para todas as
missões, mas ele tempera tudo.
Então a busca por excelência está sempre temperada por uma
mentalidade orientada a missões com uma inclinação em direção à
simplicidade. É uma inclinação, não algo absoluto. Talvez haja lugar
para uma catedral aqui e ali. Mas o povo de Deus não se inclinará a
morar em palácios. E a vasta obra do reino acontecerá principalmente em
locais sem sofisticação.
Excelência Discreta
Mas e a maneira que fazemos as coisas? E a música, por exemplo?
Lembramos do salmista dizendo: “Glória e majestade estão diante dele,
força e formosura, no seu santuário” (Salmos 96.6). “Cantem-lhe uma nova
canção; toquem com habilidade ao aclamá-lo” (Salmos 33.3). Formosura.
Com habilidade. Isso significa de forma profissional? Em todo o meu
ministério pastoral, nunca orei para a adoração ser feita
profissionalmente.
A categoria que consideramos mais útil se chama “excelência
discreta”. O adjetivo “discreta” significa que a qualidade do ato deve
ajudar, e não impedir, o objetivo espiritual do ministério. Liderar
adoradores tem como objetivo, pelo poder do Espírito de Deus (1 Pedro
4.11), despertar a atenção da mente e as afeições do coração para a
verdade e beleza de Deus e do evangelho. O modo de cantar e tocar um
instrumento que ajuda isso acontecer não é bem descrito como
“profissional”.
Procurando por um Milagre
Mas “excelência discreta” nos ajuda a chegar ao problema. Ela nos
lembra que pessoas são distraídas não apenas por música de qualidade
ruim, mas também pela ostentação da sutileza musical. Adoração
comunitária não é um recital. O santuário não é uma sala de orquestra. O
grito de “Bravíssimo!” para uma virtuosa performance (o que pode ser
totalmente apropriado em uma sala de concerto) tem o foco oposto daquilo
que estamos procurando para a manhã de domingo. Estamos procurando o
milagre da comunhão com Deus.
O mesmo se aplica à pregação. De um lado, presbíteros devem ser
“aptos para ensinar” (1 Timóteo 3.2). Dotados. Hábeis. Capazes.
Eficazes. Por outro lado, existe um tipo de oratória suave e fácil, e um
tipo de casualidade bacana, sábia, “antenada” e até mesmo estudada que
pode causar tanta distração da presença de Deus quanto o embaraço
autoconsciente do principiante nervoso.
Espiritual Não Significa Má Qualidade
Excelência discreta significa que o conteúdo, linguagem, tom de voz,
gesticulação e conduta servirão aos objetivos espirituais da mensagem: o
despertamento do morto e a edificação da fé nos santos pelo poder de
Deus. Não há um levantar profissional dos mortos. E nenhuma edificação
profissional do templo da alma.
Portanto, irmãos, nós (ainda) não somos profissionais. Nosso objetivo
é sobrenatural. Portanto, nossos meios são definidos e moldados pelo
Espírito de Deus. A excelência que buscamos serve a comunhão espiritual
com Deus. Ela não causa distração. Mas espiritual não significa má
qualidade. E sobrenatural não significa estúpido.
Fonte: Ipródigo
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