quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pregadores e seus críticos

 
Por Brian Hedges

Pastor, você irá construir uma grande igreja, se aprender a se comunicar.
Ouvir esse sermão foi como beber água de um hidrante.
Estou tão desapontado! Eu queria que você desse a Deus toda a glória, mas você não conseguiu!
Sua pregação foi tão intelectual.
Sua pregação foi muito prática.
Você não falou o suficiente sobre justiça social.
Você falou demais sobre justiça social.
Sua pregação é só sobre condenação.
Sua pregação não foi profunda o suficiente. Dê-nos carne, não leite.

Eu já ouvi todas essas declarações, ou pelo menos recebi estes sentimentos, sobre minhas pregações. Alguns tem caído no sono durante ela. Uma mulher sacudiu a cabeça em desacordo com o que eu ensinei sobre eleição, enquanto outros argumentaram comigo enquanto eu ainda estava no púlpito. Já houve pessoas me esperando na esquina depois da igreja para discutir teologia. Alguns comentários de terceiros me informando sobre membros da igreja que não estavam aproveitando nada com minhas mensagens. Um cara me disse que se sentia como se estivesse sentado na escola (eu suponho que seja pela mensagem ter muitos pontos). Outros têm gentil e graciosamente me encontrado face a face para confessar que não têm sido alimentados.

Algumas dessas críticas me surpreendem. Algumas parecem injustas. Algumas machucam. Algumas são bem merecidas, especialmente o comentário do hidrante. Ocasionalmente algumas são descartadas, mas na verdade muitas delas colam. Todo pregador experiente poderia acrescentar algo à essa lista. Críticas pessoais são um dos perigos do trabalho do ministério cristão.

Isto também é um grande benefício. Pregadores precisam apreciar feedbacks. E precisamos deles mais do que apenas elogios (embora sejamos gratos por eles também). Não existem pregadores perfeitos. Todos nós precisamos de diálogos francos com ouvintes, tanto sobre nosso conteúdo quanto a nossa entrega. Então, não leia esse artigo como uma reclamação de uma pastor assediado e chorão que não aguenta mais. Eu não quero pessoas na minha congregação parando de me dar feedbacks críticos com medo de machucar meu ego.

Mas, tanto pregadores quanto ouvintes, tanto os que são criticados quanto os que criticam, pode haver um diálogo mais eficiente. Então, aqui estão algumas sugestões para ambos.

 

PARA OUVINTES


1. A crítica mais construtiva é dada em um contexto de amor fraternal mútuo. Em geral, essa verdade não é apenas para pregadores. Todos nós somos mais amigáveis a receber críticas quando elas vêm de alguém que nos ama e tem em mente o melhor para nós.

2. Certifique-se de que seus motivos estão corretos. Eu observo em algumas críticas um apetite doentio para um debate. Outros travam por pontos pequenos ou ilustrações. Partículas de homilética se tornam montanhas teológicas, e eu me pergunto se a pessoa sequer ouviu o resto do sermão. As melhores críticas vêm de pessoas que tem um desejo sincero de ver pessoas sendo ajudadas e Deus glorificado através de um claro ensino das Escrituras.

3. Preste atenção no timing. Aqui vão alguns casos que são usados fora de hora:
Domingo a tarde ou Segunda-Feira. Seu pastor já está exausto do final de semana. Dê a ele 48 horas de descanso antes de mandar aquele email

Domingo de manhã antes de pregar. Não confronte ele com questões sobre a pregação da semana passada antes dele subir no púlpito. Na verdade, tente não questioná-lo sobre nada. Deixe ele focar na tarefa que ele tem nas mãos.

Enquanto ele está de férias. Guarde isso pra quando ele voltar a trabalhar.

Considere, na verdade, não usar o e-mail para essas coisas. Em vez disto, agende um telefonema amigável no meio da semana ou uma saída para lanchar. Sim, isso significa conversar face a face (ou pelo menos, voz a voz). E isso também te dá tempo para pensar cuidadosamente sobre o que e como dizer e ainda oferece um local agradável para seu pastor vir com uma mente fresca para dar toda a atenção para suas preocupações.

4. Critique as coisas certas. Seu pastor não precisa que você sinalize cada falta insignificante no púlpito. O amor cobre uma multidão de pecados, incluindo imperfeições e falhas no sermão. Se você está cansado de ilustrações esportivas, ou achou que o sermão dessa semana foi um pouco maçante, deixe isso para lá. Guarde suas críticas para coisas que realmente têm importância: mau uso das Escrituras, mensagem confusa, uso de palavras e tons desnecessários ou ofensivos ou tendências de escapar da centralidade do evangelho. Sendo mais específico: se o pregador usa textos fora do contexto. Ou seu esboço deixa todos perdidos. Ou usa humor inapropriado ou faz declarações depreciativas sobre gays ou liberais. Ou sempre insiste em temas dispensáveis, ao invés de encarnação, expiação, ressurreição ou segunda vinda. Então é hora de levá-lo para tomar um café. E você deve pagar a conta.

5. Seja cuidadoso. É perigoso sentar para ouvir o ministério da Palavra de Deus com um ouvido crítico. Se você não observar seu coração, irá empobrecer a sua alma. Procure defeitos no sermão e você os encontrará. Mas não desenvolva uma mentalidade crítica. Em vez disso, venha adorar com os olhos abertos e os ouvidos atentos para a Palavra do Deus Vivo.

 

PARA PREGADORES


1. Leve as críticas a sério. A maioria das críticas tem um fundo de verdade. Seu trabalho é encontrá-las. Talvez não esteja sendo claro o suficiente. Talvez o sermão tenha sido muito longo, ou com muito conteúdo, ou foi muito em cima da cabeça das pessoas. Spurgeon, outrora, lembrou seus alunos que o Senhor comissionou a Pedro para alimentar suas ovelhas, não girafas. Seja qual for a crítica, dê a ela alguma atenção. Você irá aprender algo.

2. Não se leve tão a sério. Mantenha seu senso de humor saudável. Se você realmente se atrapalhou e alguém lhe disse, relaxe. Você terá outra chance domingo que vem.

3. Trate suas críticas com outros. Nenhum de nós é imparcial quando se trata de nossos próprios sermões. É provável que nós mesmo ignoremos a crítica, ou vamos descartá-la levianamente, ou achá-la muito dura, ou ficar na defensiva ou entender tudo errado. Mas, se seu ouvido está em sintonia com a sua fala, você vai ser mais propenso a ouvir o que você deve e responder com humildade de sabedoria.

4. Procure críticos sensatos. Spurgeon dizia: “Um amigo sensato que não lhe poupe crítica semana após semana, ser-lhe-á bênção maior do que mil admiradores sem discernimento, se você tiver bom senso suficiente para aguentar aquele tratamento, e graça suficiente para ser-lhe agradecido.” Ele passou a falar de um “crítico anônimo de grande capacidade”, ele lhe enviava listas semanais com palavras pronunciadas e outros deslizes do discurso. Spurgeon nunca soube a identidade de seu revisor anônimo, mas ele passou a apreciá-lo.

5. Nunca esqueça a tarefa que foi dada a nós. Pregar pode ser seu trabalho, mas isto não é sobre você. É sobre a glória de Deus, a magnitude de Jesus, a beleza da cruz, o poder da ressurreição e o poder transformador do Espírito Santo através da Palavra. É sobre fazer santos e converter os perdidos. Pregar é um grande privilégio e vale a pena cada gota de esforço que você gasta no aprendizado para fazê-lo cada vez melhor. Parte deste esforço é aprender com nossos críticos.

E ainda mais uma coisa: se você tiver a oportunidade de sentar para tomar um café ou lanchar com um crítico para discutir seu sermão, certifique-se de pagar a conta.

Fonte: Ipródigo

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