Por John Piper
Algumas pessoas são, por natureza, fortes, duras, práticas, não
sentimentais. Outras são afetuosas, calorosas, de fala mansa,
emocionalmente sensíveis. Algumas, surpreendentemente, são uma mistura.
Em geral, aquilo que faz essas diferentes pessoas se sentirem amadas é
bem diferente.
Ser avaliado por essas diferentes pessoas pode ser desanimador. As
reações delas a um sermão ou a um comentário em uma conversa pode ficar
em polos opostos – uma se sente profundamente amada, outra se sente
desencorajada pela dureza áspera.
O que devemos fazer? Acho que devemos investir nossas vidas
mergulhando nas Escrituras de forma que nos tornemos o tipo de pessoa
que se sente amada por aquilo que a Bíblia descreve como amoroso.
Parece-me que a maioria de nós tem mais dificuldade em se sentir
amada através de uma dura disciplina do que através de afeto e palavras
de afirmação. Assim sendo, para me guardar de atribuir motivos não
amorosos a Deus ou às pessoas, presto especial atenção àqueles lugares
na Bíblia onde coisas duras são amorosas.
Por exemplo, Paulo faz uma afirmação surpreendente sobre o Senhor nos julgando para que não sejamos condenados.
É impressionante porque isso inclui nos matar. Eu poderia usar uma
palavra mais agressiva (nos destruir) ou uma palavra mais leve (tirar
nossa vida). Aqui está o que ele diz sobre cristãos nascidos de novo que
estavam desonrando a Ceia do Senhor:
Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30 Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. 31 Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32 Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo (1 Coríntios 11.29-32).
Então, alguns morreram¹ por causa do abuso na Ceia do
Senhor. Isso é chamado de “disciplina”. “Somos disciplinados para que
não sejamos condenados”. Isso é chamado de ser “julgado pelo Senhor”.
“Quando somos julgados pelo Senhor…”.
E por que isso que o Senhor faz é amoroso? Porque o objetivo do
Senhor ao matar seus próprios amados é para que “não sejam condenados
com o mundo”.
Pense nas implicações disso. Uma implicação parece ser que Deus prevê
a trajetória natural da vida de uma pessoa em direção ao pecado que é
incompatível com a regeneração. Ele interrompe a vida deles antes que
eles cheguem lá, garantindo assim sua salvação eterna.
Duas coisas parecem estranhas (como muitas vezes acontece com os caminhos de Deus!):
1) Uma vez que Deus inclina o coração (Provérbios 21.1; 2
Tessalonicenses 3.5), por que não proteger seu povo de tal pecado futuro
colocando o temor de Deus no coração deles, de maneira que eles não se
afastem dele (Jeremias 32.40)? Por que matá-los para protegê-los?
Resposta: Ele não nos diz. Uma possibilidade é que
Deus tem a intenção de nos mostrar quão sério nossa desobediência é. Uma
maneira de mostrar nossa necessidade de um Salvador por causa do nosso
pecado é Deus trabalhando em nós o que é agradável aos seus olhos
(Hebreus 13.21). Outra maneira, talvez mais chocante, é a disciplina
definitiva da morte. Deus tem mais caminhos na bolsa da
inescrutabilidade do que percebemos (Romanos 11.33).
2) Se aqueles que são nascidos de novo e eternamente seguros (1 João
2.19; Filipenses 1.6) são mortos para evitar que eles sejam condenados
com o mundo, isso significa que os eleitos podem perder a salvação?
Resposta: Não. Mas isso confirma que há padrões de
pecados que são absolutamente incompatíveis com a salvação. E Deus
levará nossas vidas ao invés de nos deixar sucumbir a esses padrões.
Portanto, mergulhemos nossas mentes em tais passagens das Escrituras
para que nos tornemos o tipo de pessoa que se sente amada quando nossas
vidas (ou a vida daqueles que amamos) são levadas por um todo-sábio,
todo-amoroso Salvador.
¹ N. do T.: Na tradução utilizada pelo autor, a ESV, é utilizado o
verbo “morrer”. As principais traduções em Português usam “dormir”. A
ESV optou por traduzir de forma menos literal e já colocar o sentido do
verbo no original.
Fonte: Ipródigo
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