Por Maurício Zágari
Sim,
existe um lugar mais importante na igreja. É o local onde, em geral, se
senta quem mais importância tem em um culto público. Não fica no ponto
mais visível, não é a cadeira de espaldar mais alto da plataforma nem os
bancos onde se sentam os músicos do louvor. Também não é a poltrona do
tesoureiro, a sala do administrador ou o cômodo onde se reúne o conselho
de presbíteros. O gabinete pastoral tampouco é o lugar mais importante
em uma igreja, bem como o banco mais próximo do púlpito. Não é, também, o
tanque batismal ou a mesa da Ceia. Bem, se não é nenhum desses
lugares... qual é?
Não
há dúvidas de que Jesus é a pessoa mais importante em uma igreja, mas,
como ele não habita mais aqui do que ali, sua onipresença o põe
igualmente em todos os lugares do santuário ao mesmo tempo. Está tão
presente na mesa da Ceia como naquele membro que come o pão e bebe o
vinho. Ele está tanto no púlpito onde é ministrada a palavra quanto no
meio do povo que a recebe. Pois a mesa da Ceia e o púlpito não têm razão
de ser sem que haja quem ceie e quem ouça - logo, a importância do
memorial está atrelada a quem se lembre da Cruz e a importância da
proclamação está atrelada a quem a receba e viva por ela. Mas será que
depois de Deus há uma segunda pessoa mais importante na igreja - e que
ocupa, consequentemente, o lugar mais importante? Sim, há.
Mateus 25.31-40 relata:
"Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com
ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão
reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor
separa dos cabritos
as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à
esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive
sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu,
e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.
Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e
te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos
forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos
enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em
verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus
pequeninos irmãos, a mim o fizestes".
Essa
passagem deixa claro que Cristo associa sua imagem de modo íntimo à
daqueles que mais precisam de socorro, amparo, auxílio, amor. Jesus
associa Sua própria pessoa ao faminto e ao sedento (os desamparados), ao
forasteiro (o que depende de orientações), ao nu (o que precisa
desesperadamente de algo), ao enfermo (o aflito e fraco) e ao preso (o
solitário e isolado). Em suma, infere-se que Jesus diz que sua presença
se faz mais do que tudo naqueles que precisam de uma mão estendida, de
socorro, de um ombro, de uma palavra de consolo e conforto. De amor.
Minha experiência e a de qualquer irmão que tenha o cuidado de conversar
com quem está no santuário antes de o culto começar mostra onde os tais
costumam se sentar: no último banco.
O
último banco - aquele mais escondido, onde se pode chorar sem que
ninguém perceba, onde o desesperado e o aflito costumam sentir-se mais
seguros. É o cantinho da igreja onde quem costuma se ver como indigno
geralmente se refugia.
Portanto, para mim, o lugar mais importante na igreja é o último banco do santuário.
A
razão de ser da Igreja é glorificar Deus. E isso se faz, acima de tudo,
cumprindo o maior mandamento, ou seja, amando ao Senhor sobre todas as
coisas e... ao próximo como a si mesmo. Portanto, no âmbito do
relacionamento com Deus, a melhor forma de glorificá-lo é devotando-lhe
amor, e isso se faz por meio da obediência ("Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama",
disse Jesus em João 14.21a). Já no âmbito do relacionamento com o
próximo, a melhor forma de dar glória a Deus é doando-se pelo outro,
cuidando de suas feridas - como Jesus deixa claro na parábola do bom
samaritano, relatada justamente para explicar quem é nosso próximo.
E
na igreja quem mais precisa ter suas feridas cuidadas em geral se
abriga no último banco. Logo, se você quer glorificar Deus amando o
próximo como a si mesmo, aqui vai uma dica: sempre concentre suas
atenções em quem está sentado no fundo. Ali deve estar o nosso foco. Do
púlpito e da mesa da Ceia vêm o aprendizado e a proclamação. No último
banco deve estar esse aprendizado sendo posto em prática. O Evangelho
pregado de púlpito é a mensagem que desperta. O Evangelho praticado no
último banco é a mensagem que despertou alguém.
Por
isso, deixo aqui a minha sugestão: quando você chegar à igreja antes de
o culto começar não vá direto bater papo com seus amigos ou sentar-se
no seu lugar para ficar sem fazer nada até o início da celebração. Em
vez disso, dirija-se a quem está no último banco. Sente-se ao seu lado.
Pergunte seu nome. Apresente-se e pergunte como ele está. Ouça sua
resposta. Ore com ele. Aconselhe. Apresente-o ao seu pastor. Convide-o
para a comunhão. Dê atenção. Dê afeto. Dê a ele o de beber, o de comer,
vista-o. O mesmo procure fazer ao final do culto. Você vai reparar que,
geralmente, pessoas ficam ainda por algum tempo sentadas no último banco
após a bênção final e a despedida. Provavelmente porque anseiam
desesperadamente por algo mais. Seja você esse algo mais. Leve afeto
até elas. Visite-as no isolamento de seu banco. Reflita Cristo para
elas. Ame-as.
Sim,
o último banco da igreja é seu lugar mais importante. Pois ali costumam
estar as melhores oportunidades de praticar aquilo que é pregado no
púlpito. Faça essa experiência. E você verá como é maravilhoso ocupar o
lugar de maior honra que pode haver para um cristão dentro de uma igreja
cristã: o lugar onde se estende a mão para o triste, o caído, o
abatido, o pecador, o desesperado, o deprimido.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Mauricio
Mauricio
Fonte: Apenas
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