Por Vinnícius Almeida
Aristóteles (384-322 a.C.) já dizia que “é inato ao ser humano o anseio pelo conhecimento”.
Prova disto é que somos seres inclinados desde a infância a formularmos
perguntas e buscarmos por respostas. A curiosidade baseia-se na procura
pelo conhecimento.
Porém, são nítidas as trevas dos tempos (pós) modernos. A escassez de
respostas para a questão do “sentido da existência” está à tona.
Constroem-se novos templos, altares e monastérios para deuses das mais
diferentes culturas. Mas, afinal, temos o progresso ou não?
O que era pecado superabundou [ainda mais] com ações racionais e
científicas. Baal passou por uma simbiose: incorporou próteses,
modernizou o figurino, fez alguns ajustes e está contente com o
crescente resultado de suas ações, pois os humanos adoram tudo. Saber
por que adoram, é outra conversa. O importante mesmo é exercer a
espiritualidade, partilhar da “mística”.
Hoje, há deuses de ouro, prata, bronze, barro, plástico, silicone, e
até simultâneos e virtuais. Lanço mão de uma antiga e pequena frase,
proferida há mais de dois mil anos, enquanto Jesus era tentado no
deserto: “tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar” [Satanás,
no Evangelho de Mateus 4.9]. Antes se trabalhava para viver. Hoje, se
vive para trabalhar. Descobrimos a sensação inesgotável no fetiche que
cristaliza o prazer da dinâmica do “ter”. Dessa forma, optou-se por um
modo de vida que se inclina a natureza às necessidades de alguns.
Esquecemos-nos daquele que tudo criou e passamos, então, a desfrutar
individualmente de mundos individuais. Eis o apagamento do “ser”.
Holofotes publicitários exibem modelos de pessoas felizes. Embutidos
neste mesmo pacote midiático vão os padrões de beleza, eventos
turísticos e uma forma de convívio que prega que “a vida é curta, por
isso, viva o agora!”. Quando nos deparamos com a frase que diz: “frustrações intensivas envenenam a alma, mas o espírito clama por conhecer a verdade”,
não damos ouvido. Principalmente por acharmos que não existe uma única
verdade, um único caminho e uma única vida. Isso é coisa de pensamento
medieval.
Os livros de autoajuda contêm afirmações que asseguram os leitores/pacientes que a culpa é algo que escolhemos carregar. O sofrimento? Só tem aquele que decide ter. A maldade está ligada apenas a questões morais. E o pecado? Uma ideia retrograda, já superada e intrinsecamente ligada à cultura judaico-cristã, ou seja, uma palavra para ser esquecida.
A filosofia da moda defende que “tudo é relativo”. Existem
vários trajetos para um mesmo percurso. As respostas são pragmáticas:
“10 passos para…”, “como conseguir em…”, “seja o maior…”. Mas, não
consigo entender autoestima com nenhuma destas recomendações. Aliás,
nunca concordei com essa palavra. Como alguém pode se bastar? Ser feliz
por si só?
A humanidade caminha para a construção de templos pós-modernos, local
onde cada um quer ser o deus de si mesmo. Ouço, vejo e presencio
cotidianamente pessoas que se prostram a vários destes deuses. O
pluralismo, o deus mercado, os dogmas do academicismo e os mandamentos
inquestionáveis do secularismo na rotina das universidades. Agora
descobrimos que somos livres! Ora, “vivemos numa democracia e aprendemos na faculdade que estamos livres das tradições”.
Prova disso são os índices de estudantes que, a cada dia, abandonam
sua fé por pouco. Recebem, refletem e aceitam as verdades do sistema de
“oferta de sentidos”. Remontam sua individualidade. Com aplicativos
ideológicos, moldam seu conceito de “verdade” a partir daquilo que
pensam ou acreditam.
Agostinho inicia o primeiro capítulo do livro “As Confissões” com um reconhecimento: “fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti”.
A repercussão dos deuses que habitam os templos (pós) modernos reflete o
mal estar da identidade dos humanos e suas profundas consequências
existenciais, como: complexos, orgulho, medo, insegurança, frustração
(…).
Por esses e outros motivos que afirmo: não precisamos de deuses
antigos, nem pré ou pós-modernos. Nosso corpo, alma e espírito clamam
por aquele que era antes que tudo viesse a ser. Ele foi, é, e sempre
será! Dele viemos e para ele iremos, se o seguirmos.
Jesus mesmo disse: “eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao pai, a não ser por mim”. [Jo 14.6]
Soli Deo Gloria
Fonte: Ultimato
Nenhum comentário:
Postar um comentário