Fulano é uma boa pessoa. É um bom filho,
respeita seus pais. É um bom funcionário, faz sempre mais do que lhe
pedem, e até já ganhou vários prêmios e bônus por seu desempenho. É uma
pessoa alegre, divertida, otimista e está sempre disposto a uma boa
conversa. Paga seus impostos e contas em dia; não deve para ninguém.
Tanto quanto pode, faz caridade, generosamente dando esmolas e ajudando
de modo regular algumas instituições. Em casa, é um bom marido, amando
sua esposa e seus filhos, sendo fiel à aliança firmada no casamento. A
vizinhança toda vê no Fulano um homem exemplar: o marido ideal, o
funcionário ideal, o pai e o filho ideal. Ele só tem um problema. Só
falta ele se converter.
Mais de uma vez eu escutei relatos como o do parágrafo acima da boca de irmãos em Cristo. “Fulano já faz tudo o que se espera de um crente, por pouco não é um dos nossos”.
Cheguei a ouvir, certa vez, que um desses “fulanos” já era quase
cristão e que, a qualquer momento, ele aceitaria a Cristo – bastaria um
pequeno ‘empurrãozinho’. Infelizmente, há dificuldades de compreensão,
por parte dos desses cristãos, sobre a extensão da depravação humana.
Em primeiro lugar, a Bíblia ensina que
todo homem é indesculpável diante de Deus. Não é o bom comportamento, os
bons modos sociais, as obras, a amabilidade ou qualquer outro aspecto
externo de moralidade que torna alguém justo aos olhos do Pai. Todas as
nossas justiças, ou seja, nossas tentativas de nos considerar retos
diante do Senhor, são inúteis. A alvura mais limpa que podemos obter é
como o carvão (Is 64:6). O homem tem natureza pecaminosa, e desde a
tenra idade ela se manifesta através dos pecados que pratica: pequenos
roubos, a mentira, a cobiça, o adultério, o ódio, a glutoraria e a
embriaguez, entre outros.
Alguns conseguem camuflar os seus erros
muito bem. Isso é verdadeiro principalmente para os que têm uma boa
educação e desenvolvem um fino verniz da etiqueta e comportamento social
– homens acima de qualquer suspeita. Mas de Deus, que tudo vê, não há
como esconder o que quer que seja. Ele penetra no mais íntimo do homem,
no seu coração, e lá desvenda a crua verdade sobre a sua verdadeira
índole. Por isso, mesmo que tal pessoa pratique atos que pareçam bons
diante dos homens, não há salvação para ele, a não ser que venha a se
converter a Cristo Jesus.
E o que acontece se uma
pessoa como essa da história se converter? Será que ela pensará que
Deus não teria muito o que fazer com ela? Que seu esforço em ser um bom
cidadão já o havia levado ao nível que os altamente pecadores só
alcançam depois de muito tempo andando na estrada que leva a perfeição
que há no Filho de Deus? Não creio que seja o caso. É bem provável que
ele se comporte como Saulo de Tarso, depois conhecido como apóstolo
Paulo, após a sua conversão. Ele fala que, antes de se converter, era da
seita mais rígida, a dos fariseus (At 26:5), e cumpria
irrepreensivelmente todos os preceitos da lei. Um homem exemplar,
segundo os seus pares. Mas Paulo considerou isto tudo como perda, como
lixo, como refugo (Fp 3:4-8), por causa da excelência do conhecimento de
Cristo.
Concluindo, não há ninguém que não
necessite de Jesus Cristo para a salvação, pois todos pecaram e carecem
da glória de Deus (Rm 3:23). Um coração que foi convertido à Cristo faz
as boas obras porque a sua natureza mudou. Um coração não convertido faz
boas obras, mas elas não contam para diminuir a sua dívida, pois a sua intenção nunca é (e nem pode ser) glorificar ao Deus Supremo, fim para o qual todos nós fomos criados.
Não é o caso, então, de faltar ao Fulano apenas o converter-se. Falta-lhe tudo o que realmente interessa: a mudança do coração, por operação regeneradora e milagrosa do Deus salvador.
Fonte: Napec
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