Durante dois anos dediquei parte do meu
tempo para discutir com relativistas ateus acerca da existência de uma
verdade universal e absoluta. Sabe o que eu descobri? Que algumas
pessoas têm uma vontade enorme de discordar, mesmo em face das maiores
evidências. A segunda grande lição que tirei foi que o relativista é um
debatedor desleal; como debater a verdade com alguém que crê que todas
as proposições são igualmente verdadeiras (não havendo,
conseqüentemente, nenhuma verdade?).
Mas se há (e
eu tenho absoluta certeza que há!) uma verdade acerca da verdade, é que
ela independe da nossa opinião sobre ela. Antigamente a humanidade
achava que a terra era plana, mas a crença daquele homem primitivo e
medieval não pode mudar a verdade de que a terra é redonda. Eles estavam
bem intencionados, mas fracassaram. A verdade sempre existirá,
independente do modo como nos relacionamos com ela.
Neste mundo pós-moderno com sua porteira
aberta para o absurdo, não faltam cidadãos politicamente corretos para
tratar de convencer-nos que a moralidade, por exemplo, nada mais é do
que uma convenção social. Não existe um comportamento certo ou errado;
não há regras exteriores a nós para se cumprir, tudo começa e termina em
nós mesmos. Contudo, mesmo o maior dos relativistas abominará a idéia
de ter uma esposa “relativamente fiel”. Neste caso, ele está
absolutamente seguro que a fidelidade é um padrão moral legítimo,
verdadeiro. Para muitos, todo comportamento é correto, até o dia que um
tarado pervertido estupre a sua filhinha indefesa. Isso acontece porque a
verdade nem sempre é evidente em nossas ações, mas pode ser percebida
em nossas reações.
A exegese e a hermenêutica também tem
sofrido influencia do relativismo. Há uma multidão de crentes
relativizados, tratando de convencer-nos que o balão é azul, roxo e
verde ao mesmo tempo. Para estes pseudo-pensadores, as palavras de Jesus
tem um milhão de interpretações possíveis (e igualmente válidas).
Quanta frescura! É claro que a Bíblia às vezes usa metáforas, analogias e
parábolas, mas nestes casos o sentido do texto é claro. Do mesmo modo,
há inúmeras passagens que são literais, e o sentido destas palavras é
igualmente claro.
Às vezes penso que esta idéia
burrificada de que cada um deve interpretar a Bíblia a sua maneira, e
que verdades contradizentes podem ser igualmente verdadeiras é produto
do péssimo sistema educativo brasileiro. A grande maioria dos alunos do
ensino médio é incapaz de interpretar textos simples! Entende a
gravidade do problema? Os nossos queridos relativistas morais e
religiosos são, em grande parte, vítimas deste processo.
Por tudo isso que eu afirmo sem medo de
errar: “não é o excesso de intelectualidade que está sufocando a igreja
brasileira, mas a ausência dela”. E nestes dias confusos, quando os
homens “chamam o mal de bem e o bem de mal”, nada pode ser mais normal
do que uma multidão de ignorantes sendo aclamados como pensadores e
filósofos, enquanto os verdadeiros pensadores são relegados ao
anonimato. A burrice virou sinônimo de intelectualidade, e aqueles que
usam o cérebro e contrariam as convenções pós-modernistas são chamados
de intolerantes e irracionais.
Lamentável, desconcertante, triste, mas… não menos verdadeiro.
Fonte: Napec
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