Por Leonardo Gonçalves
“A primeira realidade constituir-se-á daquelas igrejas cujo perfil refletirá o padrão ético do Reino de Deus e o compromisso com a integridade da fé, não importa, repito, o nome que ostentem, nem a liturgia que adotem. A segunda terá como característica a falta de comprometimento com a Bíblia, a secularização de seus princípios, o conformismo com o sistema pecaminoso do mundo e o apego ao brilho fácil do materialismo”
Geremias do Couto, teólogo pentecostal
Houve um tempo em que a palavra evangélico atraía tanto preconceito, que só os fiéis adotavam a alcunha. Depois, a palavra passou a significar respeitabilidade e prestígio, e muitos anelavam sê-lo. Hoje (infelizmente) a palavra perdeu o sabor, e evangélico virou sinônimo de uma fé fútil e interesseira. Muitos recusam o título de evangélico, preferindo se identificar como simples cristãos beneficiados pela reforma protestante. Cumpre-se o “presságio” do pastor Geremias:
“Estes perfis estarão de tal modo cada vez mais presentes na vida denominacional que as pessoas não perguntarão pela igreja em si, mas pela fé que professa”
Mas a “revelação” não para por aí. É com extrema tristeza que vejo o mesmo acontecendo com a palavra “pentecostal”. Temo que chegará um dia, quando muitos rejeitarão a palavra, que embora etimologicamente defina com propriedade o movimento, também vem perdendo sabor.
O movimento pentecostal perderá ainda mais credibilidade à medida que os vendilhões do evangelho comecem a se auto-proclamar porta-vozes do movimento, ao mesmo tempo que usam seus programas televisivos para fazer comércio religioso e vender indulgências com o selo “gospel” aos desavisados de plantão. É bom observar que isso – infelizmente - já vem acontecendo...
Cristão continuísta, carismático e outras expressões teológicas serão adotadas como alternativa àquela, mas com o tempo estas também perderão sua força... Isso acontecerá por causa das razões anteriores, mas também porque rótulos não definem essências. Cristianismo é essência; é graça. Pentecostalismo é apenas um verbete no dicionário. A idéia prima sobre a forma, e a idéia, neste caso, é a descrição do atuar de uma essência infinita. Podemos, mediante uma só palavra, explicar toda uma vida vivida pela fé, em abundante comunhão e contato com o sagrado? Pode alguém reduzir a uma só palavra (pentecostal) a crença de milhões de evangélicos na imutabilidade de um Deus que continua agraciando seus filhos mediante a potência do Espírito, repartindo graciosamente entre eles os seus dons?
Não tenho a menor intenção de criticar fé alguma. Aliás, quando falo dos problemas e tensões no meio pentecostal, corto na minha própria carne, pois sou beneficiado pelo movimento pentecostal e seu herdeiro. Mas o fato é que cada vez mais pessoas deixarão de se identificar pela alcunha pentecostal, e esta palavra se embotará, podendo desembocar, daqui a alguns anos, na alcunha do movimento mais ignorante dentro do protestantismo.
De certo modo, se cumprirá a lei da semeadura. Durante anos as igrejas pentecostais, rígidas, austeras, condenaram toda expressão cristã que acontecia fora dos seus arraiais, se apresentando como representantes legítimos de Deus na terra. Pastores tomaram o lugar de Deus, igrejas usurparam o lugar da Bíblia... Estes desmandos, muitas vezes não eram incentivados pelas convenções, mas eram sempre consentidos.
Lamentavelmente, eles sobrevalorizaram sua “marca” e ensinaram os fiéis a venerarem o “rótulo”.
A experiência aos poucos tomou o lugar da sensatez, da racionalidade, da Palavra, e os líderes da denominação (salvo raras excessões) fizeram vistas grossas e ouvidos de mercador. Agora, esses irmãos que foram doutrinados baixo a jurisdição dos rótulos, tenderão a criar novos rótulos a fim de afirmar sua fé, sem jamais conjecturar que não há palavra perfeita além da Palavra, e que tal mudança de jargão será apenas um paliativo... um placebo que em nada minimiza o sofrimento do nosso agonizante paciente, chamado “movimento pentecostal”.
Espero, no entanto, estar totalmente equivocado em minhas conjecturas. E caso haja neste arrazoar alguma sensatez, buscarei ter meu consolo no fato de que ainda há tempo, de que existem vozes que podem fazer a diferença e reescrever estas minhas linhas, dando um outro final a este breve ensaio, de modo que o que hoje é estória, não se transforme jamais em história.
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Pensou Leonardo Gonçalves, que postou com muita tristeza, no Púlpito Cristão
Nota:
As citações são de um artigo do pastor Geremias do Couto, teólogo pentecostal, publicado em 1998, o qual foi resgatado e postado no seu blog pessoal. Contudo, as concluões a que chego neste ensaio são apenas minhas, e podem não refletir o pensamento do pastor.
Já vi muita gente encher a boca e pulmões e gritar "eu sou pentecostal" como se isso fosse algum carimbo de ISO 9000 do movimento pentencostal e garantisse qualidade total. Ledo engano, líderes utilizavam o grito de guerra "tem pentecostal ai?" (alguns que dormiram e sairam da realidade ainda continuam utilizando) só pra trazer alguma motivação gospel à igreja, mas tudo em vão. O evangelho é vida e não é para se ganhar no grito, principalmente usando chavões que nada significam para o visitante em algum destes templos (porque igreja somos nos, morada do altissimo).
ResponderExcluirGraça e paz Gilson.
ResponderExcluirSer pentecostal hoje em dia á garantia, para muitos, de ter poder, mas quem pensa assim se esquece que só o nosso Deus tem todo poder no céu e na terra, e que a Sua glória Ele não divide com ninguém. Como você disse, ser pentecostal é como se isso fosse algum carimbo de ISO 9000. Quanta arrogância!!
Fique na Paz!
Pr Silas
Não entendi porque tanto desdém com o fato de muitos se autodenominarem pentecostais, há sim os equívocos daqueles que brincam de serem homens de Deus e banalizaram tanto que envergonham aos próprios pentecostais seus atos, mas o que é ser pentecostal?
ResponderExcluirEu sou cheia do Espírito Santo de Deus, falo línguas estranhas, creio e recebi dons para serem usados em favor dos santos (de graça) e tenho em mim o fruto do Espírito, Tive minha vida totalmente transformada a partir do momento que o Espírito de Deus se apossou de mim, deixei de viver uma vida medíocre para viver uma vida plena, e sou consciente de que a cada dia preciso crescer na graça e no conhecimento do Senhor, amo a Palavra de Deus e procuro viver de acordo com ela e busco do Espírito as respostas para minhas indagações e ele não tem me desamparado vem sempre ao meu encontro com tudo e muito mais do que preciso e portanto não entendi o porque de tanta repulsa aos pentecostais, não se deve generalizar pois ainda há pentecostais cristãos, santos e dignos.
Graça e paz Guita.
ResponderExcluirO autor do texto é missionário da Assembléia de Deus, eu sou pastor de uma igreja batista renovada. O que está sendo criticado aqui é o orgulho denominacional, como a denominação por si só tornasse uma pessoa mais crente do que a outra. Estamos vivenciando hoje um pentecostalismo doentio, onde o que vale é o sentir não importando se o que está se manifestando procede de Deus ou não, e nisso nós temos que ter muito cuidado. Já foi o tempo em que as pessoas iam para a igreja para adorar a Deus e em conseqüência disso havia sinais e prodígios. Hoje as pessoas vão buscar a bênção e não mais o abençoador.
Não somos contra os pentecostais, pelo contrário, buscamos sempre nos manter cheios do Espírito Santo, pois Ele é o nosso Consolador amado.
Fique na Paz!
Pr. Silas
Obrigado por responderem e darem atenção,concordo com o perigo do denominacionalismo e das "extravagâncias" ditas como experiências espirituias que vem com aintenção de tentar mostrar que uma pessoa é mais "cheia" do que a outra, isso sim éum veneno,temos que ter em mente nosso dever de adorar ao Senhor e receber dele o necessário para nossa sobreviência e crescimento espiritual aqui,o aperfeiçoamento onde o que é mais marcante é o nível de amor que dispensamos ao outro,isso é verdadeiramente ser cheio de Deus,amar a Ele e ao próximo.
ResponderExcluirA Paz do Senhor Jesus.
E mais umavez obrigado esse blog tem sido uma benção na minha vida e de meus irmãos que tenho recomendado,e para confirmar que não sou favorávelao denominacionalismo sou da Ass. de Deus e agradeço a Deus por vocês se deixarem serem instrumentos nas mãos dele.
Guita, sempre que precisar a casa estará sempre aberta para você, pois a nossa casa é a sua casa.
ResponderExcluirQue Deus te abençoe.
Fique na Paz!
Pr. Silas