quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Cartão de Visitas Não é Tudo


Por Jorge Fernandes Isah [1]

É interessante como o discurso liberal não passa de retórica, onde todas as grandes virtudes servem apenas como “passaporte” para o pecado e "livre-acesso" à libertinagem, e, em última instância, o descrédito da palavra de Deus como infalível, inerrante e inspiradamente divina [na verdade, é o motivo principal]. Não passando de uma estratégia real para se dar vazão à carne, para acomodá-lo a uma distância segura o [in] suficiente para não ver o Deus bíblico e Seus mandamentos, sem que haja a chance da [in] consciência acusá-lo; ainda que não seja possível em nenhum momento estar fora do alcance da mão e da justiça divinas.

O objetivo é desqualificá-la como a palavra fidedigna e revelação especial de Deus, a única capaz de levar o homem a conhecê-lO e a Sua vontade e, da mesma forma, o único canal possível de levar o homem ao conhecimento próprio, da criação, e de tudo o mais no universo que está diretamente relacionado ao Criador. O intento é o de transtornar e converter a verdade e, em seu lugar, instalar o falso deus criado pela mente caída do homem, como uma reprodução e projeção de si mesmo erguida no altar da idolatria e da blasfêmia; onde se quer ser comparado a Ele quando se é apenas uma tola, miserável e insignificante criatura, pois "todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menor do que nada e como coisa vã" [Is 40.17].

Mesmo assim, diante da completa impossibilidade de haver algo semelhante ou comparável a Deus, há os que se consideram "divinos", ao tentarem diminuí-lO até o patamar mais baixo que o ceticismo possa levá-los. Entre outros, são os liberais declarados, aqueles que não se escondem e estão dispostos a revelar toda a sua incredulidade, travestida de racionalismo puro, empirismo autorrefutável e axiomas certamente improváveis e ilógicos, a levarem a efeito esse trabalho. Sabemos quem eles são, onde estão, e o que planejam detidamente realizar em prol de suas convicções insanas e espúrias, e, quem os seguem, sabe muito bem porque está a segui-los; não há enganados e distraídos, há apenas tolos, cegos e soberbos sectários.[2]

Portanto, a preocupação se volta para os liberais que se têm travestido de ortodoxos e se infiltrado sorrateiramente nas igrejas, congressos, seminários, editoras, sites e blogs aparentando piedade, quando o propósito é somente um: traiçoeira e subliminarmente, em doses homeopáticas, aplicarem nos incautos o vírus da descrença, o ódio a Cristo, a “desglória” a Deus e o desamor ao próximo. Os efeitos não são percebidos até que se tenha erigido um trono onde o homem seja "deus", e todas as respostas partam dele para ele mesmo, à margem da razão baseada nas Escrituras, e a devastação se instala de tal forma que não sobra nenhuma ovelha para contar história. Acaba por ser muito tarde para qualquer tentativa de restauração, porque as consciências foram dominadas pelo ego intransigente e doentio do novo "deus".

Tudo começa ao serem recebidos de braços abertos, e reconhecidos pelos ortodoxos como irmãos de fé, talvez um pouquinho diferentes apenas [afinal não é preciso concordar em tudo], e com isso estão a ganhar publicidade, notoriedade e respeitabilidade como cristãos acima de qualquer suspeita, alcançando posições de destaque entre os crentes distraídos, que se encarregam de servi-los, afastando os "intolerantes" e seus alertas provocativos e dissensores das decisões, quando não os expulsando sumariamente, seja pela calúnia e difamação, seja pela rejeição pura e simples.Qualquer tentativa de se observar a Palavra, apontando sabiamente as consequências e os danos advindos da não-biblicidade, será imediatamente rechaçada.

É assim que agem, não querem ouvir, mas apenas seguir o apelo de seus corações corrompidos; e acabam por se tornar em presas fáceis às artimanhas perpetradas pelos falsos mestres, acabam por se desestabilizar, corromperem-se pelas idéias humanistas e antibíblicas, e enrodilhados no estratagema mais dissimulado e sordidamente possível a que o liberal se propõe: fazer-se no que não é para disseminar aquilo que é entre os que não são mas querem ser.

Estão aí, espalhados por todos os cantos, como lobos em peles de cordeiros, como joio a tentar sufocar o trigo; fingindo-se de filhos de Deus quando são bastardos gerados por satanás.

Como Paulo divinamente inspirado proferiu: "Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra" [Tt 1.15-16]. O conhecimento de Deus fora das Escrituras é impossível, por isso os liberais ao dizer conhecê-lO através dos métodos extra-bíblicos negam-nO, exatamente por não produzirem frutos para a Sua glória, mas apenas colhem para si a corrupção da carne [Gl 6.8].

Infelizmente, quando muitos se assustarem, terão abandonado a sã doutrina e enveredado pelo caminho do engano, da mentira, da impostura, da corrupção, seguindo os adoradores do próprio ventre; os quais, "com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples", levando escândalos à santa doutrina [Rm 16.17-18]. Esta tem sido a nova "cara-de-pau" do mal, uma repaginação ainda mais ardilosa, ainda mais maquiavélica de seduzir e dissuadir os incautos, atingindo mesmo crentes devotados e sinceros [o inferno está cheio desse tipo de gente: religiosos e a-religiosos inconversos]. O que resultará no endurecimento do coração, e um caminho sem volta à verdade [entendo que mesmo os réprobos podem se beneficiar da verdade, tendo uma vida calma, ainda que nunca sejam regenerados pelo Espírito].

Por isso a Igreja tem a obrigação de estar atenta, e de não se enganar com a aparência, nem julgar em suas bases, mas como Cristo disse, julgar "segundo a reta justiça” [Jo 7.24]; para dispor-se a revelar a face diabólica dos filhos do diabo e rejeitar qualquer forma de união com as trevas, seja colaborando, omitindo ou ignorando; "porque tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" [2Tm 3.5].

Reportando-me ao texto escrito pelo amigo e pastor, Marco Antônio Ferreira, ao aludir a Lutero “que conclamava o povo cristão a se submeter somente à autoridade das Escrituras” [3], este tem de ser o norteador e objetivo primordial da igreja, como aquela encarregada por Cristo de realizar a Sua obra neste mundo. E assim ninguém poderá dizer que errou ou “desviou-se” sem saber, pois desprezar a Palavra significa rejeitar o próprio Deus, e daí, para ser dominado pelas trevas, é apenas questão de tempo para se estar completamente cativo, não a Cristo, mas ao reino do mal.

Então, o que esperar além da cegueira absoluta?... da perdição total?

Lembre-se: o cartão de visitas não é tudo.

Notas: [1] Tive grande ajuda do irmão e amigo Edson Camargo, do Profeta Urbano, na formatação deste texto.
[2] Transcrevo o comentário do Edson Camargo: "A questão é que há cada vez menos liberais declarados. O ambiente geral de ignorância bíblica e de falta de discernimento os motiva a posarem de ortodoxos, e tem funcionado. Veja quantos blogs de gente ortodoxa dando links para blogs e sites liberais... Veja quantos liberais com colunas nas tais 'revistas evangélicas'... Mas muito disso aí é pensado e planejado. Seja por comunistas, por globalistas, ou por satanistas mesmo. Quando não é tudo isso ao mesmo tempo".
[3] O texto completo do pr. Marcos A. Ferreira intitulado "Lutero e a Bula de Excomunhão" pode ser lido integralmente AQUI

Fonte: KÁLAMOS

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