Por Walter McAlister
Recentemente vi uma foto, em um
aplicativo chamado Pinterest, de um rapaz de cabeça raspada e sem camisa
que bradava em direção ao céu. O que me chamou a atenção é que em seu
peito trazia escrito God is gay, ou Deus é gay. A imagem me causou
espécie, claro. Mas, desde então, me pus a refletir sobre ela.
Muitos procuram no Estado uma espécie de
reconhecimento. Seja pela obtenção de direitos políticos ou pela sanção
dos poderes constituídos, desejam autenticar a sua existência. Essa
ânsia de reconhecimento existe, claramente, nos grupos mais diversos,
inclusive na própria igreja dos nossos tempos. Queremos bíblias expostas
em praças e na entrada de prédios públicos, sabe-se lá por que — como
se isso tivesse algum valor. Não tem. Mas muitos percebem a exposição de
objetos de cunho religioso em lugares públicos como um tipo de avanço
do Evangelho. Só que não é.
Aquele rapaz obviamente não se contenta
com um movimento político. Ele quer se afirmar pela declaração do que
crê ser a natureza de Deus. Mas Deus não é gay. Nem tampouco é homem,
mulher, alto, baixo, branco, negro, de esquerda ou de direita,
revolucionário ou conservador. Deus é além. Está acima de tudo. E Ele se
revelou. Só que, ao afirmar que Deus é qualquer uma dessas coisas, o
que fazemos? Tentamos atribuir legitimidade à nossa identidade, às
nossas convicções ou às nossas vindicações. Ao atribuir o que seja a
Deus, o que de fato estamos tentando é afirmar da forma mais
inquestionável possível o que somos. Pois, afinal, o que há acima de
Deus?
O problema é que, ao atribuir ao Senhor a
nossa imagem, fazemos violência à sua imagem. Pois sua imagem não se
limita à nossa. É certo que as Escrituras dizem que fomos criados à sua
imagem e semelhança. Trazemos no cerne da humanidade a imagem de Deus,
embora gravemente chamuscada pelo pecado. A violência que praticamos
contra essa imagem reside no fato de tentarmos definir Deus pelo que
fizemos com essa semelhança. Assim como o filho que trai o pai e depois
quer que ele seja culpado pelos seus atos, nós traímos a nossa origem,
rejeitando a sua imagem, para, em seguida, atribuirmos o que fizemos ao
Criador. É uma falácia repetida ad nausium, geração após geração. E essa
falácia é o fundamento de toda idolatria. Pois, ao fazermos Deus à
nossa imagem e semelhança, rejeitamos a sua verdadeira imagem. Veja o
que Paulo escreveu no primeiro capítulo de sua carta aos romanos:
18 Portanto, a
ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos
homens que suprimem a verdade pela injustiça, 19 pois o que de Deus se
pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. 20
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu
eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo
compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são
indesculpáveis; 21 porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram
como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se
fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. 22 Dizendo-se sábios,
tornaram-se loucos 23 e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.
24 Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos
pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si. 25
Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e
seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
26 Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas
mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias
à natureza. 27 Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações
naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros.
Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em
si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.
28 Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele
os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que
não deviam. 29 Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade,
ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades,
engano e malícia. São bisbilhoteiros, 30 caluniadores, inimigos de Deus,
insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o
mal; desobedecem a seus pais; 31 são insensatos, desleais, sem amor pela
família, implacáveis. 32 Embora conheçam o justo decreto de Deus, de
que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente
continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam.
O texto não poderia ser mais claro. Só
não entende quem não quer. Rejeitamos a verdadeira imagem de Deus, que
vemos claramente no seu Filho, Jesus Cristo. Não somente lhe devemos
honra e glória, mas devoção e reverência. Reverência à sua imagem.
Reverência ao seu nome. Reverência à sua Palavra, que é a revelação de
quem Ele realmente é. A questão aqui não é se Deus é ou não gay. A
questão é que Deus não se parece conosco. Tragicamente, nos parecemos
cada dia menos com Ele.
Na paz,
+W
+W
Fonte: Walter McAlister, via Púlpito Cristão
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