Por Pr. Silas Figueira
“Então,
lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e
vigiai comigo. Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e
dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como
eu quero, e sim como tu queres.” (Mt 26.38,39)
As horas que antecederam
a crucificação foram horas de grande angústia para Jesus. Na noite em que Ele foi
traído, após a ceia, Jesus se retirou com os discípulos para o jardim chamado Gêtsemani.
Ali, Jesus disse para os seus discípulos que Sua alma estava triste até a morte
e que eles velassem com Ele naquele momento. Era tamanha a Sua tristeza que Ele
pede ao Pai que se fosse possível o livrasse daquele cálice que estava por
beber. Por três vezes Jesus fez essa oração para que o Senhor o livrasse da
morte, mas ao mesmo tempo em que o Senhor pede para que o Pai o livrasse da
morte, o Senhor Jesus diz que não era para ser feita a Sua vontade, mas a do
Pai.
O cálice que Jesus
estava por tomar não era o sofrimento físico, mas o sofrimento espiritual, pois,
na cruz Ele iria sofrer o abandono do Pai e vivenciar o inferno. O inferno é a
morte eterna, lugar de angústia eterna, onde há “choro e ranger de dentes” (Mt 13.50). É onde Deus não está, pois o
Pai não compactua com o pecado e Jesus tomou sobre si os nossos pecados se
fazendo pecado em nosso lugar. Vemos com isso a enormidade do pecado e o
caráter de seu salário (Rm 6.23). Por isso que na cruz o Senhor clamou: “Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer:
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Essas palavras de
Cristo na Cruz do Calvário eram o cumprimento profético do Salmo 22.1 que diz
assim: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as palavras de meu
bramido?” Não temos ideia do que Davi passou para proferir tais palavras,
mas sabemos o que isso significou na vida do Filho de Deus naquelas horas de
abandono.
Durante aquelas seis
horas em que Cristo esteve preso naquela cruz, foram as horas de maior angústia
que o Nosso Senhor passou para que a nossa dívida diante do Pai fosse paga. Por
isso que o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos disse: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm
8.32). Jesus foi entregue pelo Pai para morrer a nossa morte para vivermos Sua
vida. Hoje, através da morte de Jesus em nosso lugar, temos livre acesso a
presença do Pai sem precisarmos oferecer sacrifícios como era necessário no AT
ou como muitos líderes andam ensinando por aí.
Por isso, que por maior
que seja a dor que estejamos passando, não se compara ao sofrimento que Jesus
passou naquelas horas pendurado na cruz. Por isso que o apóstolo Paulo
escrevendo aos Coríntios disse: “Porque a
nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima
de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se
não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”
(2Co 4.17,18). Em outras palavras, por maior que seja o nosso sofrimento nesta
vida não se compara ao gozo eterno que teremos junto ao Pai na eternidade. Aliás,
é sempre bom lembrar o que a Palavra de Deus nos fala em relação ao sofrimento
dos cristãos. Vejamos alguns textos que nos mostram o quanto o Senhor tem
cuidado de nós:
“Não
nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades.
Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia
para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de
nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o
SENHOR se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe
que somos pó” (Sl 103.10-14).
“Não
vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá
que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a
tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar”
(1Co 10.13).
“Também
o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos
orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com
gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do
Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”
(Rm 8.26,27).
O Espírito Santo nos
assiste nos momentos mais difíceis de nossa vida. É ele quem nos conforta e nos
consola nas horas de sofrimento. Sem a ação confortadora e consoladora do
Espírito Santo nós, certamente, seríamos consumidos pela dor que muitas vezes
nos atinge. Por isso que apóstolo Paulo nos diz: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém
não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não
destruídos” (2Co 4.8,9). Por pior que seja a dor e o nosso sofrimento em
todas as coisas nós somos mais que vencedores. Jesus nunca nos prometeu uma
vida fácil ao seu lado, mas Ele disse que estaria conosco todos os dias até a
consumação do século (Mt 28.20). Muitas vezes a presença do Senhor conosco não
soluciona o problema, mas nos trás um grande conforto, uma paz que não há
explicação, pois é uma paz que excede todo entendimento, e que guarda o nosso
coração e a nossa mente (Fl 4.7). Mas só desfrutam dessa paz aqueles que têm
Cristo como Senhor de suas vidas. Aqueles que confiam nEle, não só para esta
vida, mas para a vida eterna na presença do nosso Deus para todo o sempre (Ap
21.1-7).
Por isso que quando o
apóstolo Paulo estava preso e próximo da morte iminente, escreveu a Timóteo
dizendo: “Quanto a mim, estou sendo já
oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me
está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a
mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4.6-8).
Quando a angústia vier
saiba que o Senhor está ao seu lado todos os dias para lhe consolar. Não quero
com isso dizer que não teremos sequelas em nossa vida, seria muita presunção e
ingenuidade de minha parte falar tal coisa, mas que essas sequelas não sejam
maiores que a nossa superação com a ajuda do nosso Deus. Somos humanos e não
robôs. Até Jesus chorou no túmulo de Lázaro, quem somos nós para não chorarmos diante
das adversidades da vida também? Uma coisa é sofremos diante das perdas e lutas
que a vida nos proporciona, outra coisa é afundarmos num poço de angústia e
depressão podendo sair dele com a ajuda do nosso Deus.
A vida não é colônia de
férias, como nos fala o Rev. Hernandes Dias Lopes, mas também não um eterno
sofrimento. Por isso que o salmista nos fala com muita propriedade: “Este é o dia que o SENHOR fez;
regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118.24).
Que o Senhor conforte o
seu coração.
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