Por Johnny Bernardo
Todos os dias centenas de pessoas saem
às ruas do Brasil para testemunhar sua fé em Deus. Com sorriso no rosto,
boa dicção e um farto material informativo, abordam quem passa pela rua
para oferecer uma mensagem bíblica. Parecem tranquilas, felizes. Não se
sentem constrangidas diante das adversidades. Acreditam que seu
trabalho lhes renderá vida eterna. Quem as ouve testemunhar percebe sua
capacidade de explanação, sua convicção doutrinária. Eles fazem parte de
um exército de mais de oito milhões de testemunhas que seguem fielmente
– e sem questionar – as diretrizes do “Escravo Fiel e Discreto” (termo
que se atribuí à Torre de Vigia, Qg das Testemunhas de Jeová com sede no
Brooklin, Nova York, EUA).
Por trás da
aparente tranquilidade de uma testemunha de Jeová existe algo
desconhecido do iníquo (termo utilizado pela Torre de Vigia para
descrever quem está fora da Organização das Testemunhas de Jeová). Quem
as recepciona em casa ou em uma conversa ocasional na rua ou em uma
praça, não sabe que elas são programadas para testemunhar. Há um
rigoroso processo de preparo de uma testemunha de Jeová que envolve
encenação teatral nos Salões do Reino e cursos de preparação para o
ministério de campo. Um verdadeiro preparo psicológico acompanha suas
reuniões.
O Manual da Escola do Ministério
Teocrático é uma prova de que Sociedade Torre de Vigia recorre a
técnicas de controle psicológico na programação dos adeptos e no preparo
destes para que exerçam o ministério de campo. A maneira como nos
dirigimos às pessoas, a gramática, os gestos, e a maneira como impomos
nossa voz é, para eles, de fundamental importância no trabalho de
convencimento. A testemunha é orientada a focar a mente do ouvinte, mais
do que o coração.
O instrutor hábil das boas novas pode transmitir conhecimento à mente dos ouvintes. Em pouco tempo, o estudante ou o ouvinte é capaz de repetir e explicar ele mesmo o ensino (…) a mente precisa absorver e assimilar informações. Ela é a sede do intelecto, o centro de processamento do conhecimento. Ela reúne informações, e, pelo processo do raciocínio e da lógica, chega a certas conclusões (MEMT, 1992, pp.73,74).
O manual também instrui como a
testemunha deve implantar uma ideia na mente do ouvinte. “O tipo sumário
da repetição é especialmente útil no caso dos discursos que envolvem o
raciocínio e a lógica, e o tempo decorrido entre a consideração e a
breve recapitulação ajuda a incutir as ideias mais a fundo na mente dos
ouvintes” (p. 129).
Além do MEMT, outra base de estudos e
manipulação psicológica é o livro Raciocínio à Base das Escrituras. Com
base no modelo pergunta – resposta, o RBE oferece aos estudantes das
Escrituras as mais diferentes respostas às dúvidas, questionamentos e
oposições surgidas no trabalho de campo. Também são oferecidas sugestões
de temas para contatos iniciais, como questões ligadas ao crime,
segurança, emprego, moradia, família e, obviamente, temas associados à
Bíblia e ao fim do mundo.
É uma satisfação encontrá-lo (a) em casa. Estou falando com os meus vizinhos sobre um ponto da Bíblia (ou, das Escrituras Sagradas) que é animador… Já se perguntou…? (faça uma pergunta que o leve ao tópico que está considerando) (RBE, 1989, p. 10)
Muitas pessoas estão preocupadas com o Armagedom. Ouviram líderes mundiais usar esse termo com referência a uma guerra nuclear total. Que acha que significara o Armagedom para a humanidade? Realmente, o nome Armagedom é tirado da Bíblia, e significa algo bem diferente do sentido que comumente se dá à palavra. (p. 10)
Um movimento com fortes tendências destrutivas
A organização fundada por Charles Taze
Russell (1875) caracteriza-se pela existência de fortes tendências
destrutivas. A programação das testemunhas inclui desde submissão às
autoridades da STV, até restrições como não participação em práticas
esportivas, desincentivo a educação superior – considerada pela STV como
“perigosa” -, proibição de contato com ex-adeptos e familiares que não
façam parte da Organização, proibição de que os adeptos frequentem ou
celebrem festas de aniversário, páscoa e natal.
A STV também restringe o acesso a livros
como Crise de Consciência, do ex-membro da cúpula das Testemunhas de
Jeová, Raymund Franz. Sites e fóruns de discussão mantidos por
ex-adeptos também são vetados pela Organização. Ao mesmo tempo,
incentivam as testemunhas a dedicarem o máximo de tempo possível na
divulgação das doutrinas e materiais desenvolvidos pelo Escravo Fiel e
Discreto, além de fazerem uso de textos apocalípticos como forma de
alienação e controle psicológico – estratégia seguida por outros grupos
destrutivos, como o Ramo Davidiano, Templo dos Povos, Ordem do Templo
Solar etc. e que ocasionaram a destruição de centenas de vidas e
famílias por todo o mundo.
Atualmente, no Brasil, a Igreja Cristã
Maranata, a Universal do Reino de Deus, a Pentecostal Deus é Amor, a
Igreja Sinos de Belém Missão das Primícias e a Comunidade Figueira (de
Trigueirinho) desenvolvem algo semelhante ao seguido pelas seitas
destrutivas dos EUA e da Europa – sendo, portanto, fortes candidatas a
movimentos destrutivos. Na Igreja Pentecostal Deus é Amor, por exemplo,
os membros são submetidos a regras de comportamento semelhantes as que
são impostas pela STV às testemunhas, perseguição – e até mesmo
processos judiciais – contra ex-membros.
Fonte: Napec
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