segunda-feira, 7 de junho de 2010

O que é a doutrina da Trindade? (1/2)


Por John Piper
A doutrina da Trindade é fundamental para a fé cristã. Ela é crucial para um apropriado entendimento de como Deus é, como Ele se relaciona conosco e como devemos nos relacionar com Ele. Mas ela também levanta muitas questões difíceis. Como Deus pode ser um e três ao mesmo tempo? A Trindade é uma contradição? Se Jesus é Deus, por que os Evangelhos registraram ocasiões nas quais Ele orou a Deus?

Apesar de não podermos entender completamente tudo sobre a Trindade (ou sobre qualquer outra coisa), é possível responder questões como essas e chegar a uma sólida compreensão do que significa ser Deus três em um.

O que significa ser Deus uma Trindade?

A doutrina da Trindade significa que há um Deus que existe eternamente como três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Explicando de outra maneira, Deus é único em essência e triplo em personalidade. Essas definições expressam três verdades cruciais: (1) Pai, Filho e Espírito Santo são pessoas distintas, (2) cada pessoa é totalmente Deus, (3) há somente um Deus.

Pai, Filho e Espírito Santo são pessoas distintas.
A Bíblia fala do Pai como Deus (Fp.1.2), de Jesus como Deus (Tt.2.13) e do Espírito Santo como Deus (At.5.3-4). Seriam essas, então, apenas três diferentes formas de olhar para Deus? Ou ainda, três papéis distintos que Deus desempenha?

A resposta deve ser não, porque a Bíblia também indica que Pai, Filho e Espírito Santo são pessoas distintas. Por exemplo, já que o Pai enviou o Filho ao mundo (Jo.3.16), Ele não pode ser a mesma pessoa que o Filho. Do mesmo modo, depois que o Filho retornou ao Pai (Jo.16.10), o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo ao mundo (Jo.14.26; At.2.33). Portanto, o Espírito Santo deve ser distinto do Pai e do Filho.

No batismo de Jesus, vemos o Pai falando dos céus e o Espírito descendo dos céus na forma de uma pomba, enquanto Jesus saia das águas (Mc.1.10-11). João 1.1 afirma que Jesus é Deus e, ao mesmo tempo, que Ele estava “com Deus”, indicando, assim, que Jesus é uma pessoa distinta de Deus o Pai (cf. Jo.1.18). E em João 16.13-15 vemos que, apesar de haver uma íntima unidade entre todos eles, o Espírito Santo também é distinto do Pai e do Filho.

O fato de Pai, Filho e Espírito Santo serem pessoas distintas significa, em outras palavras, que o Pai não é o Filho, o Filho não é o Espírito Santo e o Espírito Santo não é o Pai. Jesus é Deus, mas Ele não é o Pai nem o Espírito Santo. O Espírito Santo é Deus, mas Ele não é o Filho nem o Pai. Eles são pessoas diferentes, não três diferentes formas de olhar para Deus.

A personalidade de cada membro da Trindade significa que cada pessoa tem um distinto centro de consciência. Assim, elas relacionam-se umas com as outras pessoalmente: o Pai trata a Si mesmo como “Eu”, enquanto Ele trata ao Filho e ao Espírito Santo como “Vós”. Do mesmo modo, o Filho trata a Si mesmo como “Eu”, mas ao Pai e ao Espírito Santo como “Vós”.

Freqüentemente é objetado que “Se Jesus é Deus, então Ele deve ter orado a Si mesmo enquanto esteve na terra”. Mas a resposta a essa objeção encontra-se em simplesmente aplicar o que nós já vimos. Embora Jesus e o Pai sejam Deus, eles são pessoas diferentes. Assim, Jesus orou a Deus o Pai sem orar a Si mesmo. Na verdade, é precisamente o contínuo diálogo entre o Pai e o Filho (Mt.3.17; 17.5; Jo.5.19; 11.41-42; 17.1ss) que fornece a melhor evidência de que eles são pessoas distintas com distintos centros de consciência.

Algumas vezes a personalidade do Pai e do Filho é estimada, mas a personalidade do Espírito Santo é negligenciada, de modo que Ele é tratado mais como uma “força” do que como uma pessoa. Mas o Espírito Santo não é algo, mas Alguém (veja Jo.14.26; 16.7-15; At.8.16). A verdade de que o Espírito Santo é uma pessoa, não uma força impessoal (como a gravidade), também é mostrada pelo fato de que Ele fala (Hb.3.7), raciocina (At.15.28), pensa e compreende (I Co.2.10-11), deseja (I Co.12.11), sente (Ef.4.30) e oferece comunhão pessoal (II Co.13.14). Todas essas são qualidades de uma pessoa. Além desses textos, os outros que mencionamos acima deixam claro que a personalidade do Espírito Santo é distinta da personalidade do Filho e do Pai. Eles são três pessoas reais, não três papéis que Deus desempenha.

Outro erro sério que as pessoas têm cometido é pensar que o Pai se tornou o Filho, que, então, se tornou o Espírito Santo. Contrariamente a isso, as passagens que vimos sugerem que Deus sempre foi e sempre será três pessoas. Nunca houve um tempo em que alguma das pessoas da Divindade não existia. Todas elas são eternas.

Embora os três membros da Trindade sejam distintos, isso não significa que um seja inferior ao outro. Pelo contrário, todos eles são idênticos em atributos, tais como poder, amor, misericórdia, justiça, santidade, conhecimento e em todas as demais qualidades divinas.

Cada pessoa é totalmente Deus.
Se Deus é três pessoas, isso significa que cada pessoa é “um terço” de Deus? A Trindade significa que Deus é dividido em três partes?

Não, a Trindade não divide Deus em três partes. A Bíblia deixa claro que cada uma das três pessoas é cem por cento Deus. Pai, Filho e Espírito Santo são totalmente Deus. Por exemplo, é dito de Cristo que “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl.2.9). Não devemos pensar em Deus como uma torta cortada em três pedaços, cada um deles representando uma pessoa. Isso faria cada pessoa ser menos do que totalmente Deus e, assim, não ser realmente Deus. Antes, “o ser de cada pessoa é igual ao ser integral de Deus”[1]. A essência divina não é algo dividido entre as três pessoas, mas está totalmente em todas as três pessoas sem estar dividida em “partes”.

Assim, o Filho não é um terço do ser de Deus, Ele é todo o ser de Deus. O Pai não é um terço do ser de Deus, Ele é todo o ser de Deus. E, da mesma forma, o Espírito Santo. Assim, como Wayne Grudem escreve: “Quando falamos conjuntamente do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não estamos falando de um ser maior do que quando falamos somente do Pai, ou somente do Filho, ou somente do Espírito Santo”[2].

Há somente um Deus.
Se cada pessoa da Trindade é distinta e, ainda assim, totalmente Deus, então, devemos concluir que há mais do que um Deus? Obviamente não, pois a Escritura deixa claro que há apenas um Deus: "Pois não há outro Deus, senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro" (Is.45.21-22; veja também 44.6-8; Ex.15.11; Dt.4.35; 6.4-5; 32.39; I Sm.2.2; I Rs.8.60).

Tendo visto que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são pessoas distintas, que cada um deles é totalmente Deus e que não há senão um só Deus, devemos concluir que todas as três pessoas são o mesmo Deus. Em outras palavras, há um Deus que existe como três pessoas distintas.

Se há uma passagem que mais claramente traz tudo isso em conjunto, ela é Mateus 28.19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Primeiro, note que Pai, Filho e Espírito Santo são distinguidos como pessoas distintas. Nós batizamos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Segundo, note que cada pessoa deve ser divina porque todas elas são colocadas no mesmo nível. Na verdade, você acha que Jesus nos batizaria no nome de uma mera criatura? Certamente que não. Portanto, cada uma das pessoas em cujo nome devemos ser batizados é, necessariamente, divina. Terceiro, note que, apesar de que as três pessoas divinas são distintas, nós somos batizados em seu nome (singular), não em seus nomes (plural). As três pessoas são distintas, mas constituem um único nome. Só pode ser assim se elas compartilharem uma mesma essência.


Notas: 1. Wayne Grudem, Teologia Sistemática (Edições Vida Nova, 1999), p.189. 2. Ibid, p.187

2 comentários:

  1. Oi Jonh Piper.O Ser Divino Transcendente ate pode ser composto como querem os trinitarianos pois, isto é insondável e ou inalcançável o entender.Diante dos textos bíblicos citados por doutores e mestres trinitarianos na defesa da trindade é que eu encontro perfeita inconsistência.São textos incompletos, um dependendo do outro.Uma coisa é citar um texto e o outro para reforçar, outra coisa é citar um texto e o outro para completar.Ex. Dizer que Deus e trés só porque seu nome Elohim esta no plural, vai depender de outras citações que, por sua vez também viram incompletas ou dependentes.Meu e-mail lucasfch.lucas@gmail.com

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    1. Graça e paz Lucas.
      Qual doutrina você defende? Exponha para nós para fazermos uma conparação. Quem sabe você é quem esteja certo?
      Fique na Paz!
      Pr. Silas Figueira

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