Por Pr. Luiz Fernando R. de Souza
Ícone quer dizer: “Do gr. eikón, ónos, ‘imagem’, pelo lat. Ícone”. Coisa, fato, pessoa, etc., que evoca fortemente certas qualidades ou características de algo, ou que é muito representativo dele. Podemos dizer que o muro de Berlin é um ícone dos anos 80. (Dic. Aurélio eletrônico).
Partindo desta definição encontramos ícones em todos os segmentos da sociedade. Basicamente associamos esta idéia a algum símbolo, imagem ou pessoa. Temos inúmeros ícones nas ciências, política, religião etc.
Dentro do meio evangélico temos uma combinação perversa entre celebridades e uma falsa espiritualidade ou um péssimo conhecimento bíblico.
Quando alguém ganha visibilidade no meio evangélico, por exemplo, sendo uma pessoa midiática, então ganha status de ícone. Vira uma imagem que quase é adorada por tudo e todos. Esse status alcançado faz bem para a grande massa que inoperantemente engole qualquer coisa como espiritual ou verdadeira. Mesmo que tal ícone tenha uma vida cheia de trejeitos anti-bíblicos, muitos se calam achando que assim serão mais espirituais. Aliado a isso temos uma espiritualidade alienante que impede o cristão de exercer suas faculdades mentais normalmente. Em nome dessa doentia espiritualidade um grande número de cristãos assume publicamente o complexo de avestruz. A avestruz quando percebe um perigo enfia sua cabeça no primeiro buraco que encontra e deixa o corpo para fora achando assim que está salva. Essa tendência ou comportamento exime o cristão de exercer um princípio bíblico que o julgar segundo o reto juízo – Jo. 7:24 “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”.
Muitos acham que o cristão está proibido de julgar aquilo que ocorre dentro da igreja. O apóstolo Paulo proíbe cristão levar outro cristão aos tribunais e aponta para a competência da igreja em julgar os anjos. Se vamos julgar os anjos então podemos julgar as diferenças entre o povo de Deus. Então a Palavra não proíbe o cristão de julgar, mas o incentiva a fazê-lo dentro da reta justiça. Se não existissem as possibilidades de julgamento dentro da comunidade de fé, então o caos se instalaria. Voltemos ao primeiro e segundo séculos depois de Cristo. Havia uma efervescência de pensamentos e escritos circulando dentro das igrejas e nesta atmosfera um emaranhado de ensinos sendo propagado dentro das igrejas. Cartas com autores que usavam nomes dos apóstolos, gnosticismo misturado com cristianismo, profecias que dividiam etc. Como os primeiros cristãos se posicionaram? Os pastores se reuniam e julgavam tudo chegando até a excluir da comunhão aqueles que eram tidos como hereges como Marcião, Montano, Ário e outros. Esse princípio sempre regeu o comportamento da igreja ao longo dos séculos.
Como saber se um ensino que é pregado por alguém é certo ou errado? Fenômenos que ocorrem no meio do povo de Deus não podem ser julgados? Sim tudo isso pode ser julgado e averiguado. A função de fazer estas coisas pertence aos pastores. São eles os primeiros que devem detectar os erros e expô-los ao seu povo para que o mesmo venha a ser preservado. Mas parece que a igreja do século XXI abdicou dessa característica. Muitos cristãos acham que basta orar e tudo ficará resolvido. Erros e desvios doutrinários não se resolvem somente com oração, mas com oração e confrontação firme e amorosa. Presenciamos uma volta aos séculos iniciais da igreja. Estamos em meio a um emaranhado de doutrinas, escritos, pregações e afirmações que quase sempre servem para fazer perder o povo de Deus. O que fazer? Novamente a resposta está em denunciar e expor tais erros e isso sem o receio de estar pecando contra Deus. Muitos dizem: Quem somos nós para apontarmos os erros dos outros? Não deveríamos deixar por conta de Deus a correção? Aqui não se busca a perfeição de ninguém, mas um compromisso com a Palavra. À luz da Palavra todo ensino falso deve ser desmascarado e confrontado. Vejo que o maior problema está nas lideranças eclesiásticas. Estas têm se calado e assumido o complexo da avestruz. Tentam ficar bem com tudo e todos. Esquecem-se que quem quer agradar a todos acaba não agradando ninguém. Fazem vistas grossas ao erro e esperam tudo continue bem. A Palavra diz que é inútil a sentinela dar alarme errado ou fora da hora. Cito um exemplo: o conjunto Voz da Verdade é unicista. Eles não crêem na trindade. Esse tipo de crença já foi combatido bem no início da era cristã e apontado como heresia. Foi nominado de Sabelianisno ou Modalismo. Os primeiros cristãos julgaram e apontaram os erros de tal ensino e hoje não nos é estranho. Mas atualmente este conjunto canta em eventos evangélicos, vende seus CDs e DVDs para os cristãos, e cantam dentro de nossas igrejas como se fossem nossos irmãos. Um absurdo e uma vergonha para a igreja, mas as lideranças evangélicas se apresentam em eventos juntamente com eles e nada dizem. Assim os cristãos entendem que se os lideres não discordam é porque aceitam como verdade seus ensinos. O caos está instalado. Enquanto as lideranças se calam o mal grassa em nosso meio e expande suas raízes daninhas. Por que as lideranças se calam? Porque abandonaram a Sã Doutrina e sua exposição dentro de suas comunidades. Preferem pregar sobre auto-ajuda e vitória financeira do que ensinar o povo de Deus o real caminho.
Assim sendo, precisamos voltar aos princípios da Palavra e ficarmos alertas aquilo que acontece no meio cristão. Se necessário for, apontemos os erros para glória de Deus.
Soli Deo Gloria.
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