segunda-feira, 14 de junho de 2010

A centralidade da cruz


Por John Stott


Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado.(1 CORÍNTIOS 2.2)

Qualquer pessoa que estude o cristianismo pela primeira vez logo ficará impressionada com sua ênfase na morte de Jesus e, como já vimos, particularmente com o espaço desproporcional que os evangelistas dedicam à sua última semana de vida.

Os autores dos Evangelhos haviam aprendido essa ênfase com o próprio Jesus. Em três ocasiões distintas e solenes Jesus predisse sua morte dizendo: "Era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas... e... fosse morto" (Mc 8.31). Era necessário que isso acontecesse — ele insistiu — porque havia sido predito nas Escrituras do Antigo Testamento. Jesus também se referiu à sua morte como a sua "hora", a hora para a qual ele viera ao mundo. No começo, ele repetiu que ela ainda "não havia chegado", mas finalmente pôde dizer que "sua hora chegara".


Talvez o mais impressionante de tudo isso é o fato de Jesus ter determinado, de modo deliberado, como gostaria de ser lembrado. Ele instruiu seus discípulos a tomar, partir e comer o pão em memória de seu corpo, que seria partido por eles, e a tomar, derramar e beber o vinho em memória de seu sangue, que seria derramado em favor deles. A morte era representada por ambos os ele¬mentos. Nenhum simbolismo poderia ser mais claro. Como ele queria ser lembrado? Não por seu exemplo ou seu ensino, não por suas palavras ou obras, nem mesmo por seu corpo vivo ou pelo sangue que corria em suas veias, mas por seu corpo entregue e seu sangue derramado no sacrifício da cruz.

Assim, a igreja acertou na escolha do símbolo do cristianismo. Ela poderia ter escolhido qualquer outra entre muitas opções — por exemplo, a manjedoura, simbolizando a encarnação; a carpintaria, que comunica a dignidade de trabalho manual; ou a toalha, símbolo do serviço humilde. No entanto esses símbolos foram ignorados em favor da cruz.

A escolha da cruz como o símbolo supremo do cristianismo foi totalmente extraordinária porque na cultura greco-romana a cruz era objeto de vergonha. Como, então, o apóstolo Paulo pôde dizer que se gloriava nela? Esta é ume pergunta cuja resposta buscaremos esta semana.
Para saber mais: 1 Coríntios 1.17-25

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