Por Ricardo Mamedes
O livro é deveras interessante porque mostra em detalhes o pensamento de um grande cientista ateu levado à crença em Deus pelas evidências que observou quando chefiava o "Projeto Genoma". De onde viemos e para onde vamos, eram as perguntas que ele também fazia, já que as leis naturais não lhe ofereciam todas as respostas: "... ficara claro para mim que a ciência, apesar de seus poderes inquestionáveis para desvendar os mistérios do mundo natural, não iria me levar mais adiante na resolução da questão de Deus. Se Deus existe, deve se encontrar fora do mundo natural e, portanto, os instrumentos científicos não são as ferramentas certas para aprender sobre ele". [1]
O livro é deveras interessante porque mostra em detalhes o pensamento de um grande cientista ateu levado à crença em Deus pelas evidências que observou quando chefiava o "Projeto Genoma". De onde viemos e para onde vamos, eram as perguntas que ele também fazia, já que as leis naturais não lhe ofereciam todas as respostas: "... ficara claro para mim que a ciência, apesar de seus poderes inquestionáveis para desvendar os mistérios do mundo natural, não iria me levar mais adiante na resolução da questão de Deus. Se Deus existe, deve se encontrar fora do mundo natural e, portanto, os instrumentos científicos não são as ferramentas certas para aprender sobre ele". [1]
BIG BANG - As mesmas considerações feitas pelo autor também em algum momento foram feitas por nós, leigos: o que veio antes do big bang? Como pôde surgir do nada um universo tão complexo, senão originado de uma "inteligência" por trás do nada (ex nihilo)? "A existência do big bang suplica por uma pergunta sobre o que veio antes e quem ou o que foi responsável. Na certa isso demonstra os limites da ciência como nenhum outro fenômeno" [2] assevera o cientista.
Citando o astrofísico Robert Jastrow na obra "God and the astronomers" (Deus e os astrônomos), a admiração diante dessa simples constatação se solidifica:
"Neste momento parece que a ciência nunca será capaz de erguer a cortina acerca do mistério da criação. Para o cientista que viver pela sua fé na força da razão, a história encerra como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância; vê-se prestes a conquistar o pico mais alto; à medida que se puxa para a rocha final, é saudado por um bando de teólogos que estiveram sentados ali durante séculos" [3]
Tudo indica que o universo surgiu de uma ação repentina determinada no tempo o que levou Collins a concluir que "o big bang grita por uma explicação Divina. Obriga à conclusão de que a natureza teve um princípio definido. E vaticina na sequência: "Não consigo ver como a natureza pôde ter se criado . Apenas uma força sobrenatural, fora do tempo e do espaço, poderia tê-la originado" .[4]
Discorrendo ainda sobre a formação do sistema solar que se deu após o big band, a sua expansão e a aglutinação da matéria para formar as galáxias regidas pela lei da gravidade compondo-se dos seus elementos químicos; tudo isso considerando-se o lapso de milhões de anos , porém, o sol, somente vindo a se formar tempos depois, sendo uma estrela de segunda ou terceira geração (5 bilhões de anos atrás). Parece que tudo isso implicaria em um universo formado em eras, ao contrário de dias, conforme relatado no gênesis (levando a crer que o relato não deve ser lido na sua literalidade).
Algo muito interessante frisado por Collins sobre o princípio antrópico é a assimetria que houve entre matéria e antimatéria, uma vez que para cada cerca de bilhão de pares de quarks e antiquarks, havia um quark a mais. E essa assimetria "aleatória" foi exatamente o que possibilitou a formação do universo, pois, do contrário, caso houvesse uma total simetria entre matéria e antimatéria, salienta o autor, "O universo rapidamente teria se desenvolvido em radiação pura; e pessoas, planetas, estrelas e galáxias jamais teriam existido" [5] . O que me leva a perguntar: será que essa assimetria surgiu mesmo aleatoriamente, fruto do imponderável apenas?
A verdade é que, consideradas todas as "constantes físicas" existentes ( quinze) e os seus valores tendentes e necessários a sustentar um universo estável, com formas de vida, pode se chegar quase ao infinito ( em termos de valores), provando que este nosso universo é muito improvável, segundo as palvras de Francis Collins. Improvável mas está aqui, com essas mesmas constantes fixas e com os seus valores definidos, mantendo-o. Por quê? É ainda a pergunta que teima em aflorar...
O autor cita o também cientista Stephen Hawking (físico) em "Uma breve história do tempo" , confirmando a existência de uma vontade divina por trás de tudo: "Seria difícil explicar porque o universo teria começado desta exata maneira, a não ser como o ato de um Deus que quisesse criar seres como nós" [5].
Depois de citar em sua obra inúmeros cientistas considerando a improbabilidade do surgimento do universo e do planeta terra com as suas "particularidades" tendentes a sustentar vida em toda a sua diversidade, como conhecemos, o autor cita Arno Penzias, cientista ganhador do Prêmio Nobel, que descobriu em paralelo a radiação cósmica de microondas em segundo plano e que possibilitou sólido respaldo para o big bang , afirmando: "Os melhores dados que temos são exatamente aqueles que eu havia previsto, e eu não tinha com o que prosseguir a não ser os cinco livros de Moisés, os Salmos, a Bíblia como um todo" [6). E então Collins completa: "Talvez Penzias estivesse pensando nas palavras de Davi no Salmo 8: "Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem para que te lembres dele?" [7].
Collins chega à conclusão de que " O próprio big bang aponta fortemente para um Criador, já que, caso contrário, a pergunta sobre o que veio antes fica suspensa no ar" [8].
No próximo post sobre o assunto, e ainda com base no livro e autor, descreveremos sob Cosmologia e Deus, Vida na terra, Teoria da evolução, Teoria do design inteligente e Teoria da evolução teísta.
Fonte: Francis S. Collins, "A linguagem de Deus", 6ª edição, Editora Gente, tradução Giorgio Capelli - 2007.
[1] obra cit. p. 38
[2] obra cit. p. 74
[3] obra cit. p. 74, Jastrow R. "God and astronomers". New York: W W Norton, 1992, p. 107
[4] obra cit. p. 75
[5] obra cit. p. 82, Hawking, obra cit. p. 63
[6] obra cit. p. 82/83, In Browne , M. "Clues to the Universe". New York Times, 12 march.
[7] obra cit. p. 83
[8] obra cit. p. 83, fine.
[2] obra cit. p. 74
[3] obra cit. p. 74, Jastrow R. "God and astronomers". New York: W W Norton, 1992, p. 107
[4] obra cit. p. 75
[5] obra cit. p. 82, Hawking, obra cit. p. 63
[6] obra cit. p. 82/83, In Browne , M. "Clues to the Universe". New York Times, 12 march.
[7] obra cit. p. 83
[8] obra cit. p. 83, fine.
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