segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Reconhecidos pelos frutos


Por Daniel Grubba

Eu acredito na contemporaneidade dos dons espirituais, e penso que os dons são extremamente importantes para a edificação do corpo de Cristo. Contudo, a comunidade de Jesus, precisa desesperadamente ser conhecida pelos frutos e não pelos dons. O que pode ser mais claro que a indicação de Jesus "E sereis conhecidos pelos frutos"? De nada vale falarmos as línguas dos homens e dos anjos, tivermos todo o conhecimento e a fé, entregarmos tudo aos pobres, se não amarmos uns aos outros (I Co 13.1-3)?.

Na atual situação teológica da igreja brasileira (seria um caos?) os dons são tão mal compreendidos, e os frutos tão timidamente incentivados, que muitos reconhecem e caracterizam o servo de Deus, tão somente, como aquele que flui nos dons espirituais. Tem consideração entre nós aquele que cura em nome de Jesus, faz milagres, ora em línguas estranhas, profetiza, berra no microfone, faz alguns atos proféticos e assim por diante. Mas Jesus nos alertou em Mateus 7.22-23 para que não sejamos tão inocentes:

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.

A igreja brasileira é constituída majoritariamente por membros de denominações carismáticas, e isso indica que estamos adornados pelos dons, exatamente como aquela figueira cheia de folhas em Betânia que chamou a atenção de Jesus quando ele teve fome. Mas para infelicidade da nação, estamos sem frutos, e nós sabemos o que Jesus fez com a figueira sem frutos. Somos como a igreja de Corinto, sem dúvida era a igreja que mais fluía nos dons espirituais, e também a mais problemática e escandalosa das igrejas neotestamentárias.

Muitos são tachativos em dizer que estamos passando por um período de avivamento sem precedentes na história do país. Geralmente justificam esta afirmação baseando-se nos aspectos quantitativos. De fato, estamos crescendo quantitativamente, nossos templos estão cada vez maiores, as igrejas cada vez mais ricas, mas e a qualidade? Não podemos esquecer que o islã também não para de crescer no mundo inteiro (isto é sinal de avivamento islâmico?). Deveríamos ficar maravilhados não com o tamanho da igreja, que alimenta nosso orgulho ferido evangélico, mas com vidas e sociedades verdadeiramente transformadas.

Definitivamente não sou contra os dons, mas acredito que deveríamos incentivar com mais veemência os frutos. Desejo o avivamento, uma revolução de santidade em nossa nação, mas rejeito este pseudo-avivamento, onde o que mais importa é exaltar a placa da igreja. O avivamento que desejo é semelhante ao Grande Reavivamento (XVIII) ocorrido na Inglaterra, através da figura de John Wesley e seus pregadores. Ali havia dons, mas principalmente frutos. E os frutos eram tão abundantes, que uma sociedade corrompida como aquela, desde a alta aristocracia até os "bárbaros" mineiradores, foi completamente impactada.

Um comentário: