Por Jonas Madureira
Quando dou aulas ou palestras de teologia sistemática ou contemporânea, quase sempre alguém me pergunta sobre minha opinião a respeito de alguns pastores brasileiros que têm aderido ao discurso “aberto” sobre Deus. Enfim, para não ter mais que interromper minhas aulas e palestras para discutir dilemas deístas do século XVIII, resolvi, então, postar em meu blog algumas ponderações sobre o que penso acerca do “teísmo aberto”. Por isso, quando alguém me perguntar sobre minha opinião acerca do assunto, indicarei imediatamente este post. De antemão, aviso que não pretendo apresentar um artigo acadêmico sobre o assunto, mas apenas minha opinião pessoal sobre a adesão de certos pastores brasileiros ao discurso aberto sobre Deus. Mesmo porque já aprendi com meu amigo Daniel Grubba que a blogosfera não é um lugar apropriado para apresentar textos acadêmicos.
Sinceramente, acho que, em alguns casos, parece que esses pastores ou estão dando tiro nos próprios pés ou, então, estão cerrando o próprio galho em que estão pendurados. Confesso que não consigo entender como eles conseguem passar 50 minutos pregando que não adianta orar (porque Deus não intervém em nossa vida e agruras) e depois terminar a pregação com uma oração simplista, pedindo para que Deus nos ajude a viver o desafio de caminhar a vida cristã como se ele não existisse. Você já pensou na situação em que o Todo-poderoso se encontraria depois dessa? Se Deus pensasse como a gente, acho que depois dessa oração, ele pensaria: “Ué, se eu intervier e ajudar esses homens a viverem como se eu não existisse, ao ajuda-los estarei contrariando a mim mesmo e, concomitantemente, contradizendo a própria pregação deles”. Com o perdão da ironia, é melhor que Deus não responda essa oração.
Posso estar completamente equivocado, mas, às vezes, tenho a impressão de que o que está em jogo, para esses pastores, não é a discussão teológica em si e suas implicações na vida da igreja. Acredito que o que está nas entrelinhas do discurso é a mera polêmica, que traz consigo o glamour, os holofotes, as tietagens e tudo o mais. E a indústria evangélica brasileira parece ser expert nisso. Por que penso assim? Pare para analisar como é a vida desses irmãos. Suas igrejas são grandes, eles têm dinheiro, têm carro do ano, são midiáticos e etc. É fácil viver como se Deus não existisse, quando se tem tudo o que quer. Tente entrar com esse discursinho na favela do Espírito Santo, na divisa entre Mauá e Santo André, para fundar uma congregação. Tente falar a um engenheiro rico e bem sucedido, e que tem uma esposa maravilhosa e uma família linda, que não adianta mais ele pedir para que Deus o cure do câncer, porque o Todo-poderoso não intervém neste mundo. Tente dizer para um viciado em cocaína, e que busca desesperadamente ajuda dos céus, que não adianta mais ele buscar a Deus porque Deus não agirá em sua vida, ou seja, que ele não poderá transformar sua mente e liberta-lo do vício de uma vez por todas. A lista é longa e paro por aqui.
Pensemos na tragédia de Jó. Imagine se um dos amigos de Jó, logo após a tragédia, viesse com a ladainha do teísmo aberto. Acredito que a resposta de Jó seria essa: “Estás louco! Nu saí do ventre de minha mãe, nu para lá hei de voltar. O senhor deu, o Senhor tirou. Bendito seja o nome do Senhor!”. Por outro lado, acredito também que Jó condenaria veementemente o discurso da prosperidade e da cura divina das igrejas planetárias (Universal, Internacional, Mundial...). Enfim, acho que estamos diante de dois polos: o polo do discurso aberto dos pastores polêmicos e o polo do discurso ultramercadológico e motivacional dos pastores planetários. Os dois são práticas que agridem a Deus e a nós mesmos. Por isso, minha opinião é contrária tanto à teologia dos pastores abertos, quanto à dos pastores planetários.
Veja, não posso aderir ao discurso da teologia da prosperidade, porque não tenho vocação para ganhar dinheiro à custa do sofrimento alheio. Em contrapartida, não posso aderir ao teísmo aberto, não porque minha teologia seja monergista (o que não seria falso!), mas sim porque creio e sei que Deus intervém. Agora, como sei que Deus intervém? Porque creio que Jesus Cristo é Deus encarnado. Essa é a maior e mais importante de todas as intervenções divinas no mundo em que vivemos. É olhando para Jesus, na “tragédia” da cruz, que vejo como Deus é amoroso (e que pecador arrependido não seria capaz de ver o amor de Deus na cruz de Jesus?). É olhando para o Cristo ressurreto, subindo aos céus e dizendo “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”, que vejo o quanto Deus é soberano sobre todas as coisas. É quando vejo meus irmãos vivendo uma vida dura, sofrida, mas em santidade e amor, que vejo a intervenção do Espírito Santo que os capacita a suportar as dificuldades da vida e a amar a Deus e ao próximo.
Todas as vezes que alguém me pergunta sobre o teísmo aberto sempre digo que se trata de uma discussão deísta do século XVIII, portanto, uma discussão infrutífera e ultrapassada. E parece que não estou sozinho nessa parada. Em Reasonable Faith, W. L. Craig diz que essa predisposição que hoje em dia alguns têm contra os milagres não passa de uma “ressaca de uma era deísta antiga e que, a essa altura do campeonato, já deveria ter sido abandonada de uma vez por todas”.
Sinceramente, acho que, em alguns casos, parece que esses pastores ou estão dando tiro nos próprios pés ou, então, estão cerrando o próprio galho em que estão pendurados. Confesso que não consigo entender como eles conseguem passar 50 minutos pregando que não adianta orar (porque Deus não intervém em nossa vida e agruras) e depois terminar a pregação com uma oração simplista, pedindo para que Deus nos ajude a viver o desafio de caminhar a vida cristã como se ele não existisse. Você já pensou na situação em que o Todo-poderoso se encontraria depois dessa? Se Deus pensasse como a gente, acho que depois dessa oração, ele pensaria: “Ué, se eu intervier e ajudar esses homens a viverem como se eu não existisse, ao ajuda-los estarei contrariando a mim mesmo e, concomitantemente, contradizendo a própria pregação deles”. Com o perdão da ironia, é melhor que Deus não responda essa oração.
Posso estar completamente equivocado, mas, às vezes, tenho a impressão de que o que está em jogo, para esses pastores, não é a discussão teológica em si e suas implicações na vida da igreja. Acredito que o que está nas entrelinhas do discurso é a mera polêmica, que traz consigo o glamour, os holofotes, as tietagens e tudo o mais. E a indústria evangélica brasileira parece ser expert nisso. Por que penso assim? Pare para analisar como é a vida desses irmãos. Suas igrejas são grandes, eles têm dinheiro, têm carro do ano, são midiáticos e etc. É fácil viver como se Deus não existisse, quando se tem tudo o que quer. Tente entrar com esse discursinho na favela do Espírito Santo, na divisa entre Mauá e Santo André, para fundar uma congregação. Tente falar a um engenheiro rico e bem sucedido, e que tem uma esposa maravilhosa e uma família linda, que não adianta mais ele pedir para que Deus o cure do câncer, porque o Todo-poderoso não intervém neste mundo. Tente dizer para um viciado em cocaína, e que busca desesperadamente ajuda dos céus, que não adianta mais ele buscar a Deus porque Deus não agirá em sua vida, ou seja, que ele não poderá transformar sua mente e liberta-lo do vício de uma vez por todas. A lista é longa e paro por aqui.
Pensemos na tragédia de Jó. Imagine se um dos amigos de Jó, logo após a tragédia, viesse com a ladainha do teísmo aberto. Acredito que a resposta de Jó seria essa: “Estás louco! Nu saí do ventre de minha mãe, nu para lá hei de voltar. O senhor deu, o Senhor tirou. Bendito seja o nome do Senhor!”. Por outro lado, acredito também que Jó condenaria veementemente o discurso da prosperidade e da cura divina das igrejas planetárias (Universal, Internacional, Mundial...). Enfim, acho que estamos diante de dois polos: o polo do discurso aberto dos pastores polêmicos e o polo do discurso ultramercadológico e motivacional dos pastores planetários. Os dois são práticas que agridem a Deus e a nós mesmos. Por isso, minha opinião é contrária tanto à teologia dos pastores abertos, quanto à dos pastores planetários.
Veja, não posso aderir ao discurso da teologia da prosperidade, porque não tenho vocação para ganhar dinheiro à custa do sofrimento alheio. Em contrapartida, não posso aderir ao teísmo aberto, não porque minha teologia seja monergista (o que não seria falso!), mas sim porque creio e sei que Deus intervém. Agora, como sei que Deus intervém? Porque creio que Jesus Cristo é Deus encarnado. Essa é a maior e mais importante de todas as intervenções divinas no mundo em que vivemos. É olhando para Jesus, na “tragédia” da cruz, que vejo como Deus é amoroso (e que pecador arrependido não seria capaz de ver o amor de Deus na cruz de Jesus?). É olhando para o Cristo ressurreto, subindo aos céus e dizendo “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”, que vejo o quanto Deus é soberano sobre todas as coisas. É quando vejo meus irmãos vivendo uma vida dura, sofrida, mas em santidade e amor, que vejo a intervenção do Espírito Santo que os capacita a suportar as dificuldades da vida e a amar a Deus e ao próximo.
Todas as vezes que alguém me pergunta sobre o teísmo aberto sempre digo que se trata de uma discussão deísta do século XVIII, portanto, uma discussão infrutífera e ultrapassada. E parece que não estou sozinho nessa parada. Em Reasonable Faith, W. L. Craig diz que essa predisposição que hoje em dia alguns têm contra os milagres não passa de uma “ressaca de uma era deísta antiga e que, a essa altura do campeonato, já deveria ter sido abandonada de uma vez por todas”.
Fonte: Teologia e cosmovisão Via: Emeurgência
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