sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Instabilidade

Por Daniel Grubba

"Pois assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando, sereis salvos; no sossego e na confiança estará a vossa força" (Isaias 30.15)

Vivemos em tempos de muita instabilidade. Por onde quer que olhemos, não há nada permanente na fixidez de seu lugar. O mundo, nosso morada, nunca foi tão inóspito com seus moradores. As relações humanas, nosso porto seguro, nunca foram tão liquidas e instáveis. As instituições, nossa base social, nunca estiveram tão fragilizadas.

Vivemos desconfiados em relação a tudo e a todos. Somos obrigados a conviver com o terror de uma crise econômica mundial, com ameaça de pandemia, com cataclismas naturais que abalam os fundamentos da terra, com desigualdades sociais obscenas, e ameaças de conflitos mundiais. Em meio a tudo isso, lá está o homem, correndo atrás de interesses particulares, impedindo a confiança mútua e a fraternidade. Mundo, relação e instituição, em abalo, por vendavais de instabilidade.

Cada individuo é sempre filho de sua época” dizia Hegel, portanto, se vivemos um tempo de instabilidade, não é surpresa encontrar no homem desta época uma natureza instável. Tal natureza é geradora de uma séria de conflitos internos, haja vista o grande número de pessoas atormentadas por distúrbios psicológicos. Em meio a esses conflitos alguns procuram refugiar-se na aparente quietude do “eu interior”, outros depositam confiança no dinheiro, outros na falsa transcendência das drogas e outros no ópio das religiões. A despeito de todas tentativas, a desconfiança permanece. Esta está fora e dentro de nós.

É aqui que somos chamados a confiar em Deus, nossa Rocha de Refugio. Somos desafiados a descansar na sombra do Altíssimo ainda que a figueira não dê mais frutos. Isaías no trecho que abre este texto, exorta Israel para que confie em Deus em meio as instabilidades. O império Assírio havia destruído e dispersado o povo do norte e agora ameaça o povo do sul. A tragédia de Israel foi refugiar-se a sombra de Faraó quando a instabilidade tornou-se insuportável ao invés de confiar em seu Deus. O problema é que o Egito era frágil demais para abrigar em segurança o povo de Israel.

Somos chamamos a desenvolver, em meio as instabilidade da vida, uma confiança cega em Deus. Devemos confiar que o Senhor é o Senhor da história e da nossa vida. Somente assim poderemos olhar para a realidade que nos cerca, e ao invés de ver um barco afundando, ver um Redentor redimindo toda a criação. Deus está trabalhando para redimir o mundo e não para destruí-lo. Esta é minha utopia cristã, esta é a agenda do Reino.

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