Por Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Um dia desses, saídos da igreja, Meacir e eu paramos numa padaria
que fora reformada. Nova frente, vitrinas amplas, ar condicionado, bom
espaço, prateleiras circulares ao redor das pilastras e outras
horizontais. Muito material: suco, refresco, panetone, lanchonete,
congelados. Que legal! Um bom lugar para comprarmos um pãozinho quente
na ida para casa. Só que, tendo muita coisa, a padaria não tinha pão.
Padaria sem pão.
Um amigo meu, no tempo
em que não havia etanol, apenas gasolina e diesel, parou num posto de
gasolina, entregou a chave do possante Fusca ao frentista e pediu
“Completa!”. O frentista indagou: “O senhor quer gasolina?”. O amigo,
que não tinha muito humor, retrucou: “Não, quero banana. Vim comprar
banana!”.
Não fui grosseiro assim. Até porque eu não queria gasolina. Mas
também não queria energético, revistas de palavras cruzadas, chaveiro de
time de futebol ou lâmina de barbear. Queria pão. Como não havia,
fui-me embora.
Há igrejas como esta padaria. A pessoa não ouve falar de Jesus,
embora a igreja seja dele. Ela louva o louvor, reivindica, declara,
aperta o braço do irmão e diz que ele nasceu para ser vencedor (ao
comando do dirigente), mas não ouve falar de Jesus, da cruz, da salvação
eterna ganha no Calvário. Padaria sem o Pão da Vida.
Padaria sem pão é culto sem Jesus e sem a cruz. É o culto em que a
Bíblia não é proclamada em sua inteireza, mas apenas partes isoladas que
não mostram seu ensino, e sim o que as pessoas desejam. Padaria sem pão
é o culto sem proclamação da soberania de Deus, da sua graça que perdoa
nossos pecados quando nos arrependemos, mas apenas apresenta palavras
de animação. Padaria sem pão tem o rosto de Lair Ribeiro, não o de
Jesus. Os ouvintes não são pecadores que precisam ser confrontados com
sua situação real e com a graça de Deus que os aceita, perdoa e
restaura. Numa cópia do mundo, eles são vítimas de um mundo mau e de um
Maligno que lhes tira as coisas e eles devem vir pedir restituição na
igreja. Padaria sem pão é a igreja que vê culpados como coitadinhos. E
ao invés de chamá-los ao arrependimento e a depositarem a vida e a fé em
Jesus, ministra-lhes terapia de segunda categoria: como se sentir bem
em seus pecados, ao invés de deixá-los.
Padaria sem pão tem muita coisa. Mas não tem o essencial. Igreja sem o
essencial é assim. Tem o jantarzinho, a pelada sabatina, o joguinho de
vôlei, o cineminha evangélico, o carteado entre irmãos, mas não tem a
adoração ao Deus Santo, com o temor de Isaías (Is 6.5) e com o
sentimento de indignidade de Pedro (“Retira-te de mim, Senhor, porque
sou um homem pecador” – Lc 5.8). Padaria sem pão tem festa, mas não
quebrantamento. Tem alarido, mas não convicção de pecado.
Deus amado, não nos deixe ser padaria sem pão! Que queiramos o Pão da Vida, e não os badulaques da padaria.
Fonte: Isaltino Gomes Coelho Filho
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