Nenhuma outra geração
teve uma visão tão superficial do pecado como a nossa. Leia essas palavras do
Puritano William Beveridge (1637–1708),
e veja a diferença para os nossos dias:
“Eu não posso orar como
convém, mas eu peco. Eu não posso ouvir ou pregar um sermão de forma perfeita,
mas eu peco. Eu não posso dar ofertas ou receber o sacramento de forma
totalmente pura, mas eu peco. Não, eu não posso confessar sequer os meus
pecados perfeitamente, mas as minhas próprias confissões ainda são agravos
deles. Meu arrependimento precisa se arrepender, minhas lágrimas precisam ser
lavadas, e a própria lavagem das minhas lágrimas ainda precisam ser lavadas
mais uma vez com o sangue do meu Redentor. "
William Beveridge, "Private Thoughts" - (Londres, 1720).
Somos uma geração que
não chora: Bem-aventurados os que choram,
porque eles serão consolados. - Mateus
5:04
Nossa
tragédia está em nossos olhos secos.
Martinho Lutero
escreveu em 1521:
“Nós fomos chamados a
uma vida de arrependimento.
Esta vida, por isso,
não é justiça,
mas o crescimento em
justiça,
não é saúde perfeita,
mas a cura,
não sendo,
mas tornando-se,
Não descanso,
mas o exercício.
Nós não somos ainda o
que havemos de ser,
mas estamos crescendo
em direção a isso inexoravelmente (Santificação).
O processo ainda não
está terminado,
mas está acontecendo.
Este não é o fim,
mas é a estrada.
De forma plena ainda
não brilhamos em glória,
mas tudo está sendo
purificado.”
Lutero está afirmando que o arrependimento é a única forma de
progresso diário na vida cristã.
Mas em nossa
superficialidade nossa geração acredita que o culto deve ser um momento leve,
descontraído, de boas dicas para a vida, auto-ajuda... Que ao fim todos devem
ter experimentado sentimentos doces e agradáveis apenas, devem se sentir
leves... Nada desagradável deve fazer parte do culto... fazer as pessoas se
sentirem bem é o propósito. Com isso, o verdadeiro arrependimento foi banido do
culto, e sem ele, não temos um verdadeiro culto:
“Agora, porém, me
alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao
arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e de forma
alguma foram prejudicados por nossa causa. A tristeza segundo Deus produz um
arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o
mundo produz morte”. 2 Coríntios 7:8-9
Achamos algo duro e
pesado: “Chorai! Quebre seus corações!” – Pregação bíblica equilibrada em cada
tema é a necessidade da hora. O estado da igreja, o estado de cada membro
individual, de forma geral, na igreja de nossos dias, pede um ministério de
grande despertamento sobre o arrependimento.
Um grande pregador ao
ouvir Whitefield pregar disse: “Eu senti que em
todo o meu ministério eu dei conforto muito cedo” – Se um pregador
acha que a coisa mais importante na pregação é ter um sermão aceito e admirado
por quem ouve, necessariamente irá tirar qualquer “ofensa”, desconforto, algo
que leve a tristeza... deles.
O arrependimento não é
produzido por corações bons em detrimento aos corações maus, o arrependimento
bíblico é um dom de Deus. A natureza humana o bombeia sempre para fora de seu
coração de pedra. Um sermão que move congregações ao arrependimento sob a
convicção do Espírito, é um ouro fino, um artigo precioso e raro na terra em
nossos dias. Assim toda a pregação se tornou fraca e isso é agravado por três
fatores.
1) O apelo do evangelismo moderno não tem sido
focado em arrependimento, mas no alistamento. Mas um para o grupo...
2) Igrejas inteiras tornaram-se simplesmente sem
vontade e incapazes de aceitar a realidade da culpa pessoal ( com todo suporte que a psicologia
humanista dá para isso ) e, portanto, incapazes de reconhecer sua
necessidade desesperadora de arrependimento verdadeiro e bíblico.
3) “Pecado” – é uma palavra cada vez mais
raramente ouvida em nossa sociedade, exceto em caso de crimes.... As próprias
igrejas não tem noção, ou negam, a união do homem com Adão, que todos nós
estamos envolvidos em sua rebelião, culpa, depravação e maldição, que cada ser
humano já nasce assim. Os valores humanistas corromperam os púlpitos. O elemento central de arrependimento foi banido.
O elemento central foi banido da Grande Comissão – que diz: “e que em seu nome
seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações,
começando por Jerusalém”. - Lucas 24:47
A mensagem apostólica
ao mundo é um testemunho de “arrependimento para com Deus e de fé em nosso
Senhor Jesus Cristo” ( Atos 20.21). Qual foi a mensagem em Atenas, para os
gregos sofisticados? “No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas
agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia
em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu
provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos" - Atos 17:30-31
Assim, o arrependimento
é algo que muda a mente, mudando valores, metas, propósitos, visão do pecado,
horror ao pecado e não simplesmente a alguns pecados particulares... A mudança
é radical, tanto interna como externamente – mente, julgamento, vontade,
comportamento, estilo de vida, motivos, propósitos... tudo está envolvido. Leva
o homem a ir numa direção nova e viver uma nova vida.
Considere esta
definição bíblica de arrependimento feita no século XVII, quando a Verdade foi
vista mais claramente que em nossos dias sombrios e a preocupação de agradar e
para com a honra de Deus transcendia qualquer desejo de agradar a uma
congregação ou aos homens:
Movido pelo
reconhecimento e sentimento, não só do perigo, mas também da impureza e
odiosidade do pecado como contrários à santa natureza e justa lei de Deus;
apreendendo a misericórdia divina manifestada em Cristo aos que são penitentes,
o pecador pelo arrependimento, de tal maneira sente e aborrece os seus pecados,
que, deixando-os, se volta para Deus, tencionando e procurando andar com ele em
todos os caminhos dos seus mandamentos - Ezeq. 18:30-31 e 34:31; Sal.51:4; Jer.
31:18-19; II Cor.7:11; Sal. 119:6, 59, 106; Mat. 21:28-29.
Ainda que não devemos
confiar no arrependimento como sendo de algum modo uma satisfação pelo pecado
ou em qualquer sentido a causa do perdão dele, o que é ato da livre graça de
Deus em Cristo, contudo, ele é de tal modo necessário aos pecadores, que sem
ele ninguém poderá esperar o perdão - Ez. 36:31-32 e 16:63; Os. 14:2, 4; Rom.
3:24; Ef. 1: 7; Luc. 13:3, S; At. 17:30,31.
Como não há pecado tão
pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que
possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente - Rom.
6:23; Mat. 12:36; Isa. 55: 7; Rom. 8:1; Isa. 1: 18.,
Os homens não devem se
contentar com um arrependimento geral, mas é dever de todos procurar
arrepender-se particularmente de cada um dos seus pecados - Sal. 19:13; Luc.
19:8; I Tim. 1:13, 15.
Isso é o que a Bíblia
ensina, esse é o arrependimento que desejamos, e é isso que nós desejamos que
todos amem, acreditem e preguem a partir de seus corações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário