Por Pr. Silas Figueira
“Àquele que nos ama...” (Ap 1.5b)
Nos dias de João, no mundo
greco-romano, o homem comum não era devidamente considerado. Os milhares de
escravos em Roma não passavam de máquinas sem alma. As mulheres e as crianças
também não tinham nenhum valor. As mulheres romanas, por exemplo, casavam-se
para serem repudiadas, e divorciavam-se para casar-se de novo. Algumas
distinguiam entre os anos, não pelos nomes de cônsules, mas pelos nomes dos
seus maridos.
Na Grécia os homens casavam somente
com o fim de produzir filhos de modo legítimo e de ter uma guardiã fidedigna
dos lares, pois fora de casa os homens tinham amantes para seu prazer e
concubinas para as necessidades diárias do corpo, segundo escreveu Demóstenes,
analisando a vida familiar da sua época.
No mundo greco-romano, as crianças
gozavam, em geral, de pequeníssima estima. É claro que a procriação se fazia
necessário para assegurar a continuidade das famílias e nações. Em especial
filhos homens saudáveis eram valorizados como futuros trabalhadores e soldados.
Mas as crianças em si não tinham valor nenhum, raras vezes alguém atentava para
a sua personalidade. Os romanos simplesmente numeravam suas filhas e também
seus filhos homens a partir do terceiro ou quinto não recebiam nome.
A manifestação clara deste status baixo
conferido as crianças era o costume de enjeitar recém-nascidos. As crianças
eram descartáveis no sentido literal da palavra. Uma carta de um trabalhador
migrante de nome Hilarion, do ano 1
a .C para sua esposa Alis, que estava grávida e tinha
ficado em casa, expressa este menosprezo de maneira brutal: “saiba que ainda estamos em Alexandria...
Rogo e imploro que cuide bem do pequeno, e tão logo recebamos nosso pagamento,
mandarei dinheiro para você. Se deres à luz a um menino, deixe-o viver; mas se
for menina, enjeite-a...”
Enjeitar crianças, principalmente meninas, crianças aleijadas ou doentes era prática comum.
O historiador Plutarco descreveu por
volta do ano 100 a .C
o que acontecia em Esparta quando nascia uma criança. Não era o pai quem
decidia criar ou não o filho, mas levava-o a um local chamado de Lesque, onde
os anciãos das tribos examinavam a criança oficialmente. Caso fosse formada e
robusta, ordenavam ao pai que a criasse e lhe atribuíam um dos nove mil lotes
de terra. Porém, se era malnascida e deformada, enviavam-na a um lugar chamado
de Apóstetas, uma espécie de precipício, localizado aos pés do Monte Taígeto,
convencidos que uma vida que a natureza não tinha bem dotado, desde o primeiro
instante, com saúde e vigor, nada valia nem para si nem para o estado.
Em Roma, o recém nascido era
colocado aos pés do pai. Se o pai não levantava e reconhecia como seu filho,
era abandonado. O verbo que em latim que significa “levantar” (Suscipere)
passou a ser sinônimo para sobrevivência. Muitas das crianças abandonadas
morriam. Outras eram criadas para serem escravas. Os rapazes eventualmente eram
obrigados a se tornarem gladiadores, enquanto que as moças acabavam se
prostituindo. Sêneca, o Velho, um contemporâneo de Jesus, relata que em seu
tempo mendigos profissionais recolhiam crianças abandonadas, mutilavam-nas e
depois exploravam seu estado lastimável para conseguir esmolas.
Essa era a situação no mundo greco-romano
quando João escreveu o Apocalipse e registrou essas palavras: “Àquele
que nos ama...”
Se no mundo da época as mulheres, as
crianças e os escravos não tinham valor, Deus, através do Seu Filho veio nos mostrar
que Ele se importava com todos sem fazer acepção de pessoas. Um dos textos
bíblicos que nos mostra isso de forma muito clara se encontra em Gl 3.26-29 que
diz:
“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante
a fé em Cristo Jesus ;
porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes.
Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem
nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E ,
se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiro segundo a
promessa.”
Em relação às crianças, o próprio Senhor Jesus indignou-se com os discípulos por impedi-los de estarem com Ele. Em Mc 10.13-14 lemos:
“Então, lhe trouxeram algumas crianças para
que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto,
indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis,
porque dois tais é o reino de Deus.”
A igualdade em Cristo, de que desfruta
os crentes, expressa uma das mais notáveis características distintivas da fé
cristã. Na igreja, o profundo ódio dos judeus contra os gentios, e o sentimento
de superioridade daqueles sobre estes, foram eliminados; a horrível posição de
inferioridade das mulheres foi um tanto melhorada; e os escravos se assentaram
juntamente com seus senhores, em pé de igualdade (cf At 10.1-45; Ef 5.22-33,
6.1-9; 1Pe 3.1-7).
A paz do Senhor,
ResponderExcluirSó lamento não está mais recebendo os artigos no meu email:rmrochap4@yahoo.com.br.O que houve?
Graça e paz Pr. Rubcler.
ExcluirSinceramente eu não sei o que está havendo, caso descubra eu entro em contato com o irmão.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueira