Se não entendermos que
a vida é uma guerra, então a oração intensa só será constante quando aflições
específicas nos atingirem. Esse tem sido o padrão baixo e triste da grande
maioria dos que se dizem cristãos.
Mas toda nossa vida
deve ser vivida no complexo campo de batalha onde o sofrimento é inevitável – “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom
soldado de Jesus Cristo.” - 2
Timóteo 2:3 – A igreja não existe de forma nenhuma para tornar a vida mais
confortável. A igreja existe para te preparar para ser essa espécie de soldado
descrito por Paulo, que tudo sofre por amor a Cristo. Porque estamos no mundo
para lutar por Cristo... proclamar a Verdade, expressar Sua glória.
A uma passagem em O
Senhor dos Anéis, quando o exército de Rohan vai para a batalha contra os Orcs
de Mordor:
“Pela
manhã soprou um vento vindo do mar e a escuridão foi removida, e as hostes de
Mordor lamentaram e o terror tomou conta deles, e eles fugiram, e foram mortos,
e os cascos da ira passaram sobre eles. E então todo o exército de Rohan
começou a cantar, e cantavam como mataram... pois a alegria da batalha estava
neles, e o som de seu canto era justo e terrível”
“Combati
o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”
- 2 Timóteo 4:7
“Sofre,
pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.”
- 2 Timóteo 2:3
Essa deve ser nossa
vida, mas temos que admitir que naturalmente não somos como os valorosos
cavaleiros de Rohan. Somos naturalmente fracos. Nem sempre tão nobres, nem sempre
tão leais... Mas Paulo nos desperta em 2 Timóteo 2 para o que está de fato em
jogo em nossas vidas e nos oferece uma fonte inesgotável de força e torna para
cada um de nós a oração uma prioridade urgente.
Paulo mostra em 2 Timóteo 2 a dura realidade. Ele diz
que a vida não é fácil, o ministério não é fácil, a igreja não é fácil, o mundo
é terrível... Viver neste mundo proclamando a Verdade do Evangelho da graça,
proclamando um Deus Santo, justo, que do “céu manifesta sua ira sobre toda a
impiedade dos homens...” – é difícil. Mas temos que ter um espírito guiado por
Deus ao ponto de podermos “cantar” como os cavaleiros de Rohan – “...pois a alegria da batalha estava neles, e o
som de seu canto era justo e terrível”- Conhecemos um canto assim enquanto sofremos
como bons soldados de Cristo?
2 Timóteo é o canto do
cisne do apóstolo Paulo. Ele está morrendo... chegando ao fim do combate... ele
o chama de bom – Ele fala aqui sobre “sofrimento” no verso 3, “trabalhador” –
no verso 6 – “sofrimento” no verso 9, “suportar” no verso 10, “obreiro” no
verso 15, “trabalho” no verso 21, “adversários” no verso 25.... É exatamente
por isso que Paulo começa o verso 1 dizendo: “...fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.” - 2 Timóteo 2:1 – Precisamos de uma força
que vai muito além de nós mesmos, e a encontramos na graça que está em Cristo.
Que está disponível a nós não para uma luta pessoal, por interesses pessoais...
mas para ouvirmos o chamado com coragem: “Sofre,
pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.” - 2 Timóteo 2:3
Naqueles dias, diz
Paulo (2 Timóteo 1) – a MAIORIA dos
cristãos o abandonaram quando ele foi posto na prisão (v.15). Eles viram a dor chegando, eles viram as implicações que
tudo aquilo teria para eles, para suas famílias... e aquele não era o
cristianismo que eles esperavam, mas devemos lembrar que aquele é o único
cristianismo que existe – quem dera eles cantassem como os cavaleiros de Rohan –
“...pois a alegria da batalha estava
neles, e o som de seu canto era justo e terrível”
Mas podemos ver uma
bela exceção em um homem cheio da graça e da coragem que dela flui, chamado
Onesíforo e toda a sua família. Agora Paulo diz a Timóteo, que era apenas um
jovem: “Você precisa de coragem também. Isso não vai ser fácil. E é aqui que
você encontrará força infinita para que a “alegria da batalha” esteja em você:
“Na graça que há em Cristo Jesus” – Eis a fonte de onde toda força necessária
flui.
Sem isso a inconstância
será o teu nome! Willian Gurnall (
1616 - 1679 ) diz sobre alguém assim:
“Nós conhecemos muitas pessoas que se juntaram ao exército de Cristo e gostaram de ser um soldado por uma batalha ou duas, mas logo tiveram o suficiente e acabaram desertando.
Há momentos em que um santo é chamado a confiar em um Deus que se retira (parecendo ficar apenas sofrimento). “Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do SENHOR, e firme-se sobre o seu Deus.” - Isaías 50:10.
Isso requer um passo corajoso de fé para se aventurar na presença de Deus com a mesma ousadia como Ester foi diante de Assuero. Mesmo quando não podemos ver que haja um sorriso iluminando seu rosto, sua face... quando não vemos o cetro de ouro estendido para nós chamando para nos aproximarmos, temos de avançar então com esta nobre resolução: "Se eu perecer, pereci" - Ester 4:16.
O que leva a nossa fé um passo além: Devemos confiar também quando parece que “Deus nos mata!” – devemos em meio a batalha declarar como Jó: "Ainda que ele me mate, ainda assim eu confio nele" - Jó 13:15
É preciso uma fé submissa para uma alma marchar firmemente para a frente enquanto Deus parece disparar contra aquela alma e atirar suas carrancas como flechas envenenadas contra ele. Este é um trabalho duro e vai testar a coragem do cristão. No entanto, este é o espírito que encontramos na pobre mulher cananéia, que pegou as balas que Cristo “disparou” contra ela, e com uma ousadia humilde enviou-as de volta em sua oração: “...Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.” - Mateus 15:25-28
Seu trabalho e sua vida tem que ficar, permanecer e ir para fora do palco juntos. Persistindo até o fim sob tua sela mesmo com um espinho na sua carne, quando a estrada parece interminável e sua alma pede uma baixa precoce. Você já devia ter pesado todas as dificuldades envolvidas na tua vocação desde o início... sabendo que o chamado é para sofrer como um bom soldado.
Nós conhecemos muitas pessoas que se juntaram ao exército de Cristo e gostaram de ser um soldado por uma batalha ou duas, mas logo acharam que já tinham tido o suficiente e acabaram desertando. Eles impulsivamente se alistaram para deveres cristãos, e facilmente foram persuadidos a assumir uma profissão de fé, e então, facilmente foram também persuadidos a jogar tudo fora. Como a lua nova, eles brilharam um pouco na primeira parte da noite, mas sumiram antes que a noite acabasse.
Deixar de abraçar a
cruz – “sofrendo como um bom soldado”,
deixar de orar sempre. Deixar de estar com toda a armadura de Deus. Deixar de
nos saciar todo o tempo em Cristo... tira a alegria da batalha, nos enchendo de
vergonha ao fugir por sempre termos estado na verdade centrados em nós mesmos.”
Paulo diz: “Tu, pois,
meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.” - 2 Timóteo 2:1 – Eis
porque a oração não é algo para dias de aflições especiais e inesperadas... a
oração deve ser constante porque a vida é uma guerra. Toda força que vem de
dentro de nós é frágil e sequer pode ser chamada força. Mas há outro tipo de
força: “...fortifica-te na graça que há
em Cristo Jesus.” - 2 Timóteo 2:1
Veremos então os
inimigos agirem como os orcs de Mordor diante dos Cavaleiros de Rohan e como os
cavaleiros cantaremos:
“Pela manhã soprou um vento vindo do mar e a escuridão foi removida, e
as hostes de Mordor lamentaram e o terror tomou conta deles, e eles fugiram, e
foram mortos, e os cascos da ira passaram sobre eles. E então todo o exército
de Rohan começou a cantar, e cantavam como mataram... pois a alegria da batalha estava neles, e o som
de seu canto era justo e terrível”
Fonte: Josemar Bessa
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