Por John Stott
Os autores bíblicos são bem claros quando afirmam que o pecado é universal. "Não há homem que não peque", afirma Salomão em sua grandiosa oração de dedicação do templo. "Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que nunca peque", diz o Pregador no livro de Eclesiastes. Vários salmos lamentam a universalidade do pecado humano. O Salmo 14, que fala do "insensato" sem Deus no coração, faz uma descrição muito pessimista da perversidade humana:
Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
A consciência dos salmistas lhes dizia que se Deus executasse um julgamento contra os homens, nenhum escaparia da condenação. "Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?" Daí a oração: "Não entres em juízo com teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente".
Os profetas são tão insistentes quanto os salmistas ao afirmar que todos os homens são pecadores. Nenhuma outra declaração é tão clara quanto as palavras encontradas na segunda metade do livro de Isaías: "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho" e "Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia".
Isso não é invenção dos escritores do Antigo Testamento. Paulo inicia sua epístola aos Romanos com um argumento bem semelhante, estendendo-o pelos três primeiros capítu¬los. Ele afirma que todos os homens, indistintamente, judeus e gentios, são pecadores aos olhos de Deus. Ele descreve a decadência moral do ímpio e a seguir acrescenta que o judeu não é nem um pouco melhor, uma vez que, possuindo a santa lei de Deus e ensinando-a a outros, ele mesmo se tornou culpado por descumpri-la. 0 apóstolo então cita os salmos e o profeta Isaías para ilustrar seu tema, e conclui: "Não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus". João é ainda mais explícito quando declara: "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos", e "Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso".
Mas, o que é pecado? Seu alcance universal é evidente. Qual a natureza do pecado? A Bíblia emprega várias palavras para descrevê-lo, agrupadas em duas categorias. Conforme o tipo de pecado, ele é considerado de forma negativa ou positiva. Quando considerado de forma negativa, o pecado é entendido como falha ou defeito, identificado por algumas palavras como lapso, deslize ou erro. Também é retratado como fracasso ou falha ao tentar atingir um alvo. Outras o identificam com uma maldade que vem de dentro, uma disposição interna para o mal.
Positivamente, pecado é transgressão. Pode ser descrito como o ato de transpor um limite, transgredir a lei ou violar a justiça.
Esses dois grupos de palavras implicam a existência de um padrão moral que fracassamos em alcançar ou de uma lei que falhamos em cumprir. Tiago afirma que "aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando". Esse é o aspecto negativo. "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei", diz João. Esse é o aspecto positivo.
A Bíblia aceita o fato de que os homens têm padrões diferentes. Os judeus têm a lei de Moisés. Os gentios têm a lei da consciência. Mas todos os homens transgrediram a lei que conhecem e se desviaram do seu próprio padrão. Qual é o nosso código de ética? Pode ser a lei de Moisés ou a lei de Jesus. Pode ser agir decentemente, ou conforme o combinado, ou de acordo com as convenções sociais. Pode ser de acordo com os oito passos do budismo ou pelos cinco pilares do islamismo. Mas, seja qual for o padrão escolhido, não conseguiremos atingi-lo. Todos nós seremos reprovados.
Para algumas pessoas de padrão moral elevado, isso pode soar realmente surpreendente. Elas têm seus ideais e pensam que conseguirão alcançá-los, pelo menos em parte. Não ficam refletindo muito sobre isso, nem são demasiadamente autocríticas. Reconhecem que cometem alguns lapsos ocasionais e têm consciência de suas falhas de caráter. Mas isso não faz com que elas fiquem muito preocupadas, nem se considerem piores que as outras. Podemos compreender bem tudo isso até nos lembrarmos de duas coisas. A primeira delas é que nosso senso de fracasso depende da grandeza dos nossos padrões. É muito fácil se considerar um bom saltador de body jumping se o elástico é menor que a sua altura. A segunda é que Deus vê suas intenções, o que está por detrás de suas ações. Jesus mencionou isso claramente no Sermão do Monte. A partir desses dois princípios, faremos agora um saudável exercício. Tomaremos os Dez Mandamentos encontrados em Êxodo 20 como padrão e veremos o quanto somos parecidos com todos os outros homens.
Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
A consciência dos salmistas lhes dizia que se Deus executasse um julgamento contra os homens, nenhum escaparia da condenação. "Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?" Daí a oração: "Não entres em juízo com teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente".
Os profetas são tão insistentes quanto os salmistas ao afirmar que todos os homens são pecadores. Nenhuma outra declaração é tão clara quanto as palavras encontradas na segunda metade do livro de Isaías: "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho" e "Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia".
Isso não é invenção dos escritores do Antigo Testamento. Paulo inicia sua epístola aos Romanos com um argumento bem semelhante, estendendo-o pelos três primeiros capítu¬los. Ele afirma que todos os homens, indistintamente, judeus e gentios, são pecadores aos olhos de Deus. Ele descreve a decadência moral do ímpio e a seguir acrescenta que o judeu não é nem um pouco melhor, uma vez que, possuindo a santa lei de Deus e ensinando-a a outros, ele mesmo se tornou culpado por descumpri-la. 0 apóstolo então cita os salmos e o profeta Isaías para ilustrar seu tema, e conclui: "Não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus". João é ainda mais explícito quando declara: "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos", e "Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso".
Mas, o que é pecado? Seu alcance universal é evidente. Qual a natureza do pecado? A Bíblia emprega várias palavras para descrevê-lo, agrupadas em duas categorias. Conforme o tipo de pecado, ele é considerado de forma negativa ou positiva. Quando considerado de forma negativa, o pecado é entendido como falha ou defeito, identificado por algumas palavras como lapso, deslize ou erro. Também é retratado como fracasso ou falha ao tentar atingir um alvo. Outras o identificam com uma maldade que vem de dentro, uma disposição interna para o mal.
Positivamente, pecado é transgressão. Pode ser descrito como o ato de transpor um limite, transgredir a lei ou violar a justiça.
Esses dois grupos de palavras implicam a existência de um padrão moral que fracassamos em alcançar ou de uma lei que falhamos em cumprir. Tiago afirma que "aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando". Esse é o aspecto negativo. "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei", diz João. Esse é o aspecto positivo.
A Bíblia aceita o fato de que os homens têm padrões diferentes. Os judeus têm a lei de Moisés. Os gentios têm a lei da consciência. Mas todos os homens transgrediram a lei que conhecem e se desviaram do seu próprio padrão. Qual é o nosso código de ética? Pode ser a lei de Moisés ou a lei de Jesus. Pode ser agir decentemente, ou conforme o combinado, ou de acordo com as convenções sociais. Pode ser de acordo com os oito passos do budismo ou pelos cinco pilares do islamismo. Mas, seja qual for o padrão escolhido, não conseguiremos atingi-lo. Todos nós seremos reprovados.
Para algumas pessoas de padrão moral elevado, isso pode soar realmente surpreendente. Elas têm seus ideais e pensam que conseguirão alcançá-los, pelo menos em parte. Não ficam refletindo muito sobre isso, nem são demasiadamente autocríticas. Reconhecem que cometem alguns lapsos ocasionais e têm consciência de suas falhas de caráter. Mas isso não faz com que elas fiquem muito preocupadas, nem se considerem piores que as outras. Podemos compreender bem tudo isso até nos lembrarmos de duas coisas. A primeira delas é que nosso senso de fracasso depende da grandeza dos nossos padrões. É muito fácil se considerar um bom saltador de body jumping se o elástico é menor que a sua altura. A segunda é que Deus vê suas intenções, o que está por detrás de suas ações. Jesus mencionou isso claramente no Sermão do Monte. A partir desses dois princípios, faremos agora um saudável exercício. Tomaremos os Dez Mandamentos encontrados em Êxodo 20 como padrão e veremos o quanto somos parecidos com todos os outros homens.
Fonte: John Stott
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