Por João A. de Souza Filho
As escrituras narram a história de como o rei da Assíria conseguiu minar e destruir a fé das tribos do norte de Israel que haviam se separado de seus irmãos de Judá. Ele fez o que os reis costumavam fazer até recentemente: Pegou povos de outros países e os levou para viver em Israel, com isso, cada nação passou a adorar seus ídolos em Israel conforme a sua religião, “... de maneira que temiam ao Senhor, e, ao mesmo tempo, serviam aos seus próprios deuses...” (2 Rs 17.24 e ss.). – Mais recentemente logo após a Segunda Grande Guerra o ditador comunista Tito fez o mesmo com os povos dos Bálcãs: Tomou povos de várias regiões, como Montenegro, Eslovênia, Sérvia, Bósnia e Croácia e os erradicou de suas terras, misturando-os por outros territórios formando a Iugoslávia, até que recentemente cada etnia entrou em guerra e voltou a ter sua própria identidade.
O rei da Assíria levou os judeus da tribo do norte para a Assíria e trouxe para Israel povos de outras nações e os estabeleceu em Samaria. Quando leões começaram a devorar o povo que o rei da Assíria havia deportado para Israel, o rei repatriou alguns sacerdotes israelitas para cuidar da religião do povo, e, então aconteceu um fenômeno espiritual: O povo que viera de outras nações temia ao Senhor, - por causa dos leões e pelo ensinamento dos sacerdotes – mas não largava seus ídolos.
A mistura de filosofia e de religião é estratégica para quem quer dominar um povo. As pessoas perdem seu referencial cultural e espiritual e assimilam a cultura e a religião de outras nações. Isso aconteceu não apenas com as tribos do Norte de Israel mas também com os judeus de Jerusalém que foram levados cativos para a Babilônia. Foi devido a essa mistura genética provocada pelos Assírios que os samaritanos não mais foram aceitos pelos israelitas como povo de Deus, porque havia mistura genética entre eles. Até conversar com um samaritano se constituía pecado (João 4 ilustra o que quero dizer na conversa de Jesus com a mulher de Samaria).
Quando os judeus retornaram da Babilônia seus filhos haviam se casado com homens e mulheres de outros povos e haviam perdido sua cultura, sua língua e sua religião. “Seus filhos falavam meio asdodita e não sabiam falar judaico, mas a língua de seu respectivo povo” (Ne 13.24). Neemias e Esdras precisaram purificar geneticamente o povo.
Transfira esse princípio da mistura para o que é religioso, para os assuntos da fé e se terá uma igreja misturada com elementos de outras religiões. Cultura e espiritualidade são duas coisas que andam juntas, e é preciso identificar quando uma cultura tem origem satânica, como algumas culturas de certas regiões do Brasil. O problema é quando uma cultura assim se mescla com a espiritualidade e a fé dos cristãos.
A cultura do reino de Deus, cujo fundamento está nas escrituras é que estabelece a divisa ou a fronteira do lícito e do ilícito. É preciso dizer, no entanto, que a cultura do reino de Deus sempre prevalece e se impõe sobre as demais. Então, a questão da mistura não é perigosa quando é cultural, mas mui perniciosa quando é religiosa e filosófica. Por exemplo, ritmos, estilos musicais, danças e expressões culturais de um povo podem ser usados para o serviço e expansão do reino de Deus, mas, uma filosofia ou certas religiosidades são perniciosas, porque, ao misturar-se ou mesclar-se com a verdadeira fé, tendem a diluir ou diminuir a essência da fé do reino de Deus. Explico.
Deus orientou seu povo para que não semeasse sementes de duas espécies no campo, porque as sementes se deterioram quando se misturam, e perdem a originalidade (Lv 19.19). “Não semearás a tua vinha com duas espécies de semente, para que não degenere o fruto da semente que semeaste e a messe da vinha” (Dt 22.9).
E esta tem sido a tática do diabo: Semear nos campos do Senhor para que degenere a boa semente. Em Mateus 13 Jesus contou a parábola do joio e do trigo, e alertou seus discípulos que a semente do reino é boa: “Senhor, não semeaste boa semente no teu campo?”. A semente do reino é boa, mas o inimigo na calada da noite semeia sua má semente no campo de Deus. Na parábola do trigo e do joio o problema não é as plantas crescerem juntas, porque, na colheita as sementes serão separadas, a questão é a possibilidade da degeneração do grão que ocorre pela polinização das duas espécies. O trigo bom se mistura ao trigo ruim e se degenera!
1. O capitalismo é uma cultura monetária, e, apesar de ter sua origem na Reforma Protestante, o capitalismo é pernicioso porque enriquece alguns e empobrece outros. Na igreja a prática do capitalismo não condiz com os princípios do Reino de Deus. No reino de Deus nem o capitalismo nem o socialismo são bons.
2. O comunismo é uma cultura política que alega usar os princípios de Atos 2 estabelecendo igualdade entre todos, mas é perniciosa, porque sua origem é positivista e atéia, isto é, o comunismo foi fundado para contrariar os princípios do Reino e sempre perseguiu os cristãos em todas as épocas. É impossível ser comunista e cristão autêntico ao mesmo tempo. Como filosofia o comunismo conseguiu se infiltrar dentro da igreja mesclando-se à fé e aos ideais cristãos, como se fosse uma coisa boa e útil para o povo, mas não é. Quando um cristão se afilia a um partido político de origem comunista está traindo os ideais da fé e servindo de inseto polinizador para alterar os genes da boa semente.
3. A política é o meio democrático pelo qual os povos estabelecem governos. A democracia também é fruto da Reforma Protestante e não é má em si mesma, porque dá a todos o direito de escolher seus governantes, no entanto, os partidos políticos com seus ideais e objetivos conseguiram se mesclar à fé, e os partidos políticos usam a grei ou o rebanho de Cristo como campo fértil onde semeiam a má semente, e plantam seus pensamentos e ideais corrompendo os fieis.
4. A degeneração da boa semente do reino se vem dando sistematicamente no mundo inteiro pela polinização e mistura das sementes. Conceitos de fé, filosofias misturadas à teologia, política misturadas ao sagrado, enriquecimento das lideranças sob a suposta ideia de que tudo é uma bênção de Deus; crescimento das organizações paraeleclesiásticas que ocupam o lugar da igreja e se manifestam como se igrejas fossem; aceitação do sagrado das demais religiões como se fizessem parte da mesma fé, e por aí seguem os insetos a serviço do diabo polinizando e alterando a substância da boa semente.
O grande desafio de todos nós é o de aprendermos a preservar a boa semente e não permitir que se degenere no campo. A semente tem que continuar boa. Ora, quando pastores e líderes passam a aceitar práticas não bíblicas, como a aceitação do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo; quando abrem mão dos fundamentos da fé para conseguirem seus propósitos pessoais; quando os que se dizem líderes da igreja ou de denominações se misturam e se mesclam com candidatos e partidos políticos de ideologia marxista e comunista – que em sua origem sempre perseguiram e mataram os cristãos; a mistura é inevitável, e servem eles de insetos polinizadores a serviço do diabo.
Na realidade, faz bastante tempo que a igreja brasileira perdeu sua essência permitindo que a boa semente do reino se perdesse e se misturasse ao joio, formando uma segunda espécie de semente. Quando se perde o gene da boa semente, cria-se um gene de segunda categoria. Depois, anda-se à procura da semente original, porque só a original produz o verdadeiro grão!
Hoje está acontecendo no mundo espiritual o que aconteceu no Israel natural: O povo teme a Deus, mas adora seus ídolos! O povo serve a Deus e a Mamom ou o deus das riquezas. O povo expressa sua fé em Deus, mas não abre mão de seus interesses pessoais. O povo lê a Bíblia e seus líderes políticos leem o Príncipe de Maquiavel. E continuam “crentes”.
Quem sabe Deus enviará seus leões para consumir parte da igreja. Só assim a igreja se despertará para voltar a servir ao verdadeiro Deus. Se os samaritanos são frutos de uma degeneração da raça hebréia; então, nos dias de hoje criou-se uma nova raça com alteração genética na igreja. O trigo que se vê dourado no campo cresceu no meio do joio e produz uma imagem belíssima. Mas, o problema não é o joio, e sim a genética do joio que polinizou o bom trigo. Cânticos, livros e mensagens de fé são ouvidos por toda parte, mas o povo não percebe que a semente boa se degenerou e que uma nova raça pervertida e contaminada se estabeleceu com o nome de igreja.
Valha-nos Deus!
Fonte: Pr. João A. de Souza Filho
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