Thomas Watson (1620—1686)
O temor de Deus é uma graça precursora: é a primeira semente que Deus planta no coração. Embora o crente não saiba quase nada da fé e, talvez, nada da segurança da salvação, ele não se atreve a negar, mas teme a Deus. Deus é tão grande que ele teme ofendê-lo e tão bom que teme perdê-lo. "Tu, porém, teme a Deus" [Ec 5.7].
O temor que o cristão sente não é servil, mas filial. Há uma grande diferença entre temer a Deus e ter medo de Deus. O piedoso teme a Deus, assim como um filho dedicado e amoroso teme ao pai; mas os ímpios têm medo de Deus, como o prisioneiro, do seu juiz.
Temor e amor seguem melhor quando combinados. O amor é a vela que impulsiona o mover da alma; o temor é o lastro que a estabiliza na religião.
O temor de Deus combina-se com a fé: "Pela fé, Noé... temeu" [Hb 11.7, ARC]. A fé mantém o coração alegre, conserva-o sereno, livra-o do desespero, guarda-o da presunção.
O temor de Deus combina-se com a prudência. Quem teme a Deus tem olhos de serpente e mentalidade de pomba, antevendo e evitando as rochas sobre as quais os outros se espedaçam. O temor de Deus não torna o crente covarde, mas o faz cauteloso. "O prudente vê o mal e esconde-se" [Pv 22.3].
O temor de Deus é a segurança do crente; nada pode feri-lo verdadeiramente. Roubem-lhe o dinheiro; ele leva consigo um tesouro do qual não pode ser espoliado. "O temor do SENHOR será o teu tesouro" [Is 33.6]. Prendam-no com grilhões; mas ele é livre. Matem seu corpo; ele ressuscitará. Aquele que usa o peitoral do temor de Deus, pode ser atingido, mas não traspassado.
O temor de Deus combina-se com a esperança. "Os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia" [Sl 33.18]. O temor está para a esperança, assim como o azeite está para a lâmpada: ele a mantém acesa. Quanto mais tememos a justiça de Deus, mais esperança temos na sua misericórdia.
A fé está de sentinela na alma, sempre na torre de vigia: o temor causa prudência. Quem anda em temor, caminha com cautela. A fé induz à oração e a oração suscita o socorro do céu.
O temor do Senhor é um grande purificador: "O temor do SENHOR é límpido" [Sl 19.9]. É inerentemente puro e de ação eficaz. O coração é o "santuário de Deus", e o temor santo varre e purifica esse templo para que não seja profanado.
O temor de Deus desperta o júbilo espiritual: estrela da manhã que prenuncia a luz solar da consolação. Caminhando-se no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo, Deus mistura alegria e temor, para que o temor não seja tirânico.
O temor de Deus é um antídoto contra a apostasia: "porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim" [Jr 32.40]: Amá-los-ei tanto que não me apartarei deles; temer-me-ão de tal modo que não se apartarão de mim.
O temor de Deus induz à obediência. Lutero disse: "prefiro obedecer a Deus a operar milagres". Tratando cruelmente um cristão, certo pagão perguntou-lhe com escárnio que grande milagre já fizera o seu Mestre, Jesus Cristo. O cristão respondeu-lhe: "Este: o de eu poder lhe perdoar, apesar de você me tratar assim".
O temor de Deus adoça a porção escassa: "Melhor é o pouco, havendo o temor do SENHOR" [Pv 15.16], porque é adoçado com o amor de Deus e é garantia de mais: o pouco de azeite na botija é o penhor da alegria e da bem-aventurança que a alma desfrutará no céu. As migalhas caídas que couberam a Lázaro eram mais doces do que o banquete ao homem rico. Um punhado de comida, com a bênção de Deus, é melhor do que todas as riquezas não santificadas.
Amor sincero e santo temor andam de mãos dadas; o temor procede do amor para que o favor de Deus não se perca por causa do pecado.
Publicado em Mens Reformata
Fonte: "Fear of God", Puritan Gems (1850; pp. 51-11)
Tradutor: Marcos VasconcelosO temor que o cristão sente não é servil, mas filial. Há uma grande diferença entre temer a Deus e ter medo de Deus. O piedoso teme a Deus, assim como um filho dedicado e amoroso teme ao pai; mas os ímpios têm medo de Deus, como o prisioneiro, do seu juiz.
Temor e amor seguem melhor quando combinados. O amor é a vela que impulsiona o mover da alma; o temor é o lastro que a estabiliza na religião.
O temor de Deus combina-se com a fé: "Pela fé, Noé... temeu" [Hb 11.7, ARC]. A fé mantém o coração alegre, conserva-o sereno, livra-o do desespero, guarda-o da presunção.
O temor de Deus combina-se com a prudência. Quem teme a Deus tem olhos de serpente e mentalidade de pomba, antevendo e evitando as rochas sobre as quais os outros se espedaçam. O temor de Deus não torna o crente covarde, mas o faz cauteloso. "O prudente vê o mal e esconde-se" [Pv 22.3].
O temor de Deus é a segurança do crente; nada pode feri-lo verdadeiramente. Roubem-lhe o dinheiro; ele leva consigo um tesouro do qual não pode ser espoliado. "O temor do SENHOR será o teu tesouro" [Is 33.6]. Prendam-no com grilhões; mas ele é livre. Matem seu corpo; ele ressuscitará. Aquele que usa o peitoral do temor de Deus, pode ser atingido, mas não traspassado.
O temor de Deus combina-se com a esperança. "Os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia" [Sl 33.18]. O temor está para a esperança, assim como o azeite está para a lâmpada: ele a mantém acesa. Quanto mais tememos a justiça de Deus, mais esperança temos na sua misericórdia.
A fé está de sentinela na alma, sempre na torre de vigia: o temor causa prudência. Quem anda em temor, caminha com cautela. A fé induz à oração e a oração suscita o socorro do céu.
O temor do Senhor é um grande purificador: "O temor do SENHOR é límpido" [Sl 19.9]. É inerentemente puro e de ação eficaz. O coração é o "santuário de Deus", e o temor santo varre e purifica esse templo para que não seja profanado.
O temor de Deus desperta o júbilo espiritual: estrela da manhã que prenuncia a luz solar da consolação. Caminhando-se no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo, Deus mistura alegria e temor, para que o temor não seja tirânico.
O temor de Deus é um antídoto contra a apostasia: "porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim" [Jr 32.40]: Amá-los-ei tanto que não me apartarei deles; temer-me-ão de tal modo que não se apartarão de mim.
O temor de Deus induz à obediência. Lutero disse: "prefiro obedecer a Deus a operar milagres". Tratando cruelmente um cristão, certo pagão perguntou-lhe com escárnio que grande milagre já fizera o seu Mestre, Jesus Cristo. O cristão respondeu-lhe: "Este: o de eu poder lhe perdoar, apesar de você me tratar assim".
O temor de Deus adoça a porção escassa: "Melhor é o pouco, havendo o temor do SENHOR" [Pv 15.16], porque é adoçado com o amor de Deus e é garantia de mais: o pouco de azeite na botija é o penhor da alegria e da bem-aventurança que a alma desfrutará no céu. As migalhas caídas que couberam a Lázaro eram mais doces do que o banquete ao homem rico. Um punhado de comida, com a bênção de Deus, é melhor do que todas as riquezas não santificadas.
Amor sincero e santo temor andam de mãos dadas; o temor procede do amor para que o favor de Deus não se perca por causa do pecado.
Publicado em Mens Reformata
Fonte: "Fear of God", Puritan Gems (1850; pp. 51-11)
Fonte: O Observador Cristão
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