terça-feira, 25 de maio de 2010

Sob as amarras do pecado


Por Ricardo Mamedes

A pergunta é: "como saber se a pessoa é realmente convertida?". A resposta é clara e cristalina: não temos como saber, uma vez que não possuímos o conhecimento capaz de sondar a profundidade da alma. Todavia, eu diria que há muitos sinais a indicar se sim ou não.

A conversão traz regeneração, logo, haverá sempre algo indicando uma certa transformação, ainda que ela seja um processo dinâmico e contínuo. A regeneração que se opera na alma diretamente pela influência do Espírito Santo traz aversão ao pecado, que antes era não somente praticado como cultivado. Não significando que não pecaremos mais, ou que tenhamos alcançado a plenitude da santificação como que num passe de mágica. Continuaremos ainda pecadores, brigando com a carne. E esse conflito se manifestará na medida em que, mesmo querendo fazer o bem", somente aquilo que agrada a Deus, ainda faremos o mal (Romanos 7:14-20).

Somos seres limitados pelo pecado original; limitados pela natureza decaída, ainda quando convertidos e regenerados. A única diferença do ímpio é, como afirmado em epígrafe, que abominamos o pecado. Contudo, essa ojeriza que temos contra o pecado não é algo capaz de produzir soberba, ou que nos engrandeça em relação ao próximo que reputamos ímpio. Essa qualidade de "não mais amar o pecado" é dádiva de Deus, é operação d'Ele; "é Ele quem efetua em nós o querer e o realizar" (Filipenses 2:13).

Como admitir um crente que, malgrado a sua "conversão", continue a cometer os mesmos pecados que lhe eram "peculiares" outrora? Como se fosse uma marca permanente, uma tatuagem indelével na alma...

Continuamos pecadores, mas abominamos o pecado, repito. E esse mesmo pecado não se pode tornar marca em nossas vidas, não pode nos fazer "conhecidos" dos nossos semelhantes. Escapamos daquela "homogeneidade", adquirindo, por assim dizer, um novo DNA insuflado em nós pelo Espírito Santo, a partir de agora residente em nossas almas. Eis que a Palavra nos diz:

"Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade, mas oferecei-vos a Deus como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros , a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça." (Romanos 6:12-14).

Somos pecadores, mas agora regenerados, e o pecado não mais pode ser imputado contra nós, "porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios" (Romanos 5:6), e "agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).

Adquirimos, não por mérito, mas por graça, o que nos separa e individualiza: passamos a fazer parte da comunidade dos salvos. Somos reconhecidos como eleitos, rebanho de Cristo, ovelhas do seu aprisco.

Todavia, ao olhar para a igreja de hoje, o evangelicalismo atual, não há como ter otimismo. Aquele que ontem professava uma fé verdadeira, agora se embrenha por caminhos tortuosos, desviando-se da Palavra. Volto então à pergunta inicial: como saber se ele é convertido? A resposta ainda é a mesma: não saberemos, pois tal conhecimento compete unicamente ao Pai. Outrossim, aquele que trazia os "sinais" visíveis e aparentes de Cristo, "começou a falar por si mesmo, buscando a sua própria glória"; e somente "o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça "(João 7:18). Eu afirmo categoricamente que esta é uma marca do convertido, pela qual nós podemos avaliá-lo: as suas atitudes exaltam e glorificam a Deus (1 Co 10:31), ou ele apenas busca a sua própria glória?

Porque há homens que se dizem cristãos, que se mostram como cristãos, que verbalizam em alto som a sua crença, mas, no entanto, se desviam da Palavra de Deus, guiando-se por estranhos caminhos advindos de outra revelação. Revelação esta vinda do mais recôndito da sua própria mente, incapaz de ser "autenticada" pelo soberano Senhor das nossas almas e da nossa salvação. Cristo disse que, embora 'ouvindo a sua mensagem não compreendem a sua linguagem, sendo incapazes de ouvir a Sua palavra' (Jo 8:43). E por que eles não compreendem , por que seguem outros caminhos fora da Palavra, quando a ouviram? Disse Cristo:

"Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade" (Jo 8:44).

É terrível ter de admitir isso, mas aquele que não permanece firme na Palavra, buscando algo visível em que acreditar - mesmo anunciando esta "coisa" como sendo "deus" - não crê verdadeiramente, porque a Palavra de Deus manifestada pela Bíblia é a exclusiva autenticação não somente da Sua existência, como também da Sua vontade Santa. As Escrituras são suficientes em si mesmas. Deus se anuncia por intermédio desta Palavra; exclusivamente ali.

Por que se desviam dessa Palavra tais "homens de deus", buscando novas revelações, novos moveres, novas regras de fé? O que acontecerá a eles? A Palavra inerrante e eficaz novamente profetiza:

"Portanto, se depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: o cão voltou ao seu próprio vômito; e: a porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal" ( 2 Pedro 2:20-22).

Não se enganem aqueles que professam e propagam "novos costumes" provenientes de "outra revelação", pois Deus, a seu tempo, lhes cobrará na medida das suas culpas, do seu conhecimento e do dolo ou avareza pelos quais se conduziram.

Ainda é tempo de voltar à velha, boa e sagrada Escritura (Bíblia).

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