domingo, 23 de maio de 2010

A confiança dos ateus


Por Roberto Vargas Jr.

“Não é por outro motivo que o filósofo Dan Dennet é citado com frequência por Charles Dawkins - a expressão maior da defesa da Teoria da Evolução. Somente lembrando que os ateus são discriminados onde quer que ousem manifestar seu pensamento a respeito de Deus e das teorias religiosas reinantes no mundo. Experimente o caro leitor, tomar um posicionamento explícito a respeito da inexistência de Deus, e verá comprovados os atos e os fatos discriminatórios. Entretanto, o bom ateu, convicto, não se furta a manifestar seu ponto de vista à respeito de religiões em geral, onde quer que esteja, e de colocar seus pontos de vista em discussão. Com a vantagem de que o ateu convicto dispõe de muitos argumentos, na sua maioria irrefutáveis e que desanimarão prováveis contendores religiosos. E o argumento final dos criacionistas é sempre o posicionamento de que religião não se discute!” José Teixeira, em comentário na Folha (edição eletrônica)

Sempre acho cômicas essas manifestações de confiança atéias misturadas com uma mesma medida de vitimização de si mesmos. Os ateus, coitados, não podem se expressar. Eles sofrem profunda discriminação. São uns ETs em busca de afirmação na Terra! Ora, vejam a opinião deste senhor e vejam quem está a discriminar quem:

“Podemos colocar da seguinte maneira: a biologia, a teoria evolutiva, não prova de forma absoluta que não pode existir um Deus. Se você quer continuar a acreditar que Ele desempenha algum papel, pode até fazer isso com sua consciência tranquila. Mas você deveria ter em mente que se trata de uma posição que é quase um ato de desespero, não é uma visão positiva de maneira alguma. É uma espécie de último recurso.” Daniel Dennett, em entrevista a Folha (edição eletrônica)

Este senhor afirma, com outros termos, que é absurdo a um ser inteligente crer em Deus. Alguma dúvida de que esta é a posição corrente, tanto em meios acadêmicos quanto “por aí”? A quem querem expulsar da academia e da “vida pública”? Esta vitimização de si mesmos não passa de choradeira.

Mas voltemos a sua confiança. Dennett continua a falar e para provar seu ponto afirma:

“Terminei recentemente um livrinho que deve ser lançado em breve, um debate com o filósofo cristão Alvin Plantinga. E Plantinga argumenta, corretamente, que a teoria evolutiva é logicamente compatível com a crença num Criador que intervém no processo evolutivo.
Admiti que isso era verdade, mas disse que a evolução também é compatível com a hipótese de que o Superman pousou aqui durante a Explosão Cambriana [evento em que surgiram todos os principais grupos de animais], há 530 milhões de anos e, assim, possibilitou a origem dos humanos. É uma hipótese totalmente doida, mas é coerente com tudo o que sabemos sobre biologia evolutiva.”

Esta comparação de Deus com um ser inventado qualquer é um recurso recorrente e infantil. Mas não convém dar muita atenção a isto. Vamos usar o seu próprio argumento? A teoria evolutiva é logicamente compatível com a crença num Criador que intervém no processo evolutivo, com a hipótese de que o Superman pousou aqui durante a Explosão Cambriana e com a noção de um evolucionismo ateu (ou sem um deus qualquer). Se assim é, se podemos comparar estas três coisas quanto à compatibilidade lógica com a teoria evolutiva, então esta não serve como prova, de qualquer modo racional, neste assunto (se Deus existe ou não). E a afirmação de que acreditar que há um Deus e que Ele desempenha algum papel “é quase um ato de desespero” e que “não é uma visão positiva de maneira alguma” não é mais do que uma mera opinião sem base maior que os pressupostos ateístas que a governam e que nada têm da autoridade científica do cientista que a afirma!

Não é mesmo cômico que, no fim das contas, a confiança atéia seja nada mais que uma religiosa crença em pressupostos que nunca se poderão provar?

SOLI DEO GLORIA!

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