Por: R. C. Sproul Jr.
Pietismo é uma
visão que olha para o mundo mais amplo como uma questão de extrema
insignificância, pois se foca exclusivamente em tornar a alma individual
melhor. Radicalmente individualista e profundamente gnóstico, o
movimento evita o envolvimento político, denigre o exercício do domínio e
algumas vezes faz adições à lei de Deus. Isso, sem dúvida, nunca
deveria ser confundido com piedade, que é algo bom. Piedade é santidade
no caráter, um zelo de crescer em graça e sabedoria, dar muito fruto do
Espírito. Porque essas duas coisas são frequentemente confundidas, não é
incomum aqueles mais relaxados na busca da santidade acusar os mais
zelosos de pietismo. De forma semelhante, não é incomum alguns que são
apaixonados em reafirmar os direitos régios do Rei Jesus, que anseiam em
ver o Seu reino reconhecido, desdenhem a busca da piedade pessoal como
uma distração.
Nosso chamado, sem dúvida, é trabalhar
para manifestar o reinado de Cristo sobre todas as coisas, incluindo
nossas almas. E devemos fazer isso em círculos concêntricos. Isto é,
minha primeira obrigação é buscar a minha própria santidade. Em seguida
devo trabalhar para ver que meus filhos cresçam na graça. Em seguida
estão aqueles sob o meu cuidado pastoral, direta ou indiretamente.
Finalmente devo trabalhar para ver todas as instituições sob o Seu
domínio. Todos nós deveríamos reconhecer quão firmemente ligadas essas
coisas são. O mundo, a igreja, minha família melhorarão à medida que eu
melhorar. Não abandonei essas coisas para buscar uma piedade maior;
estou buscando uma maior piedade servindo a Deus nessas áreas. Da mesma
forma, purificar o mundo, a igreja e a minha família por sua vez
redundam para minha própria santificação. Ninguém pode errar ao
trabalhar para ver a glória e a beleza da autoridade de Cristo mais
amplamente reconhecida.
Dito isso, eis aqui alguns exemplos onde
a piedade termina e o pietismo começa. Não é incomum ouvir alguns
cristãos bem intencionados argumentarem que não deveríamos tentar tornar
o aborto ilegal, pois, somos informados, “Isso é uma questão do
coração”. Em vez disso, somos informados que precisamos somente
trabalhar para ganhar almas, e a questão do aborto cuidará de si mesma. O
mesmo, sem dúvida, poderia ser dito sobre o assassinato. O assassinato é
ilegal, e as pessoas ainda o praticam. Dessa forma, por que ver os
assassinos processados? Ganhar almas não é muito mais importante? Bem, o
Senhor a quem alegamos adorar estabeleceu o Estado como um instrumento
de justiça. Ele deu a esse Estado a espada para punir os malfeitores.
Isso significa que ele chama o Estado a proteger os não nascidos. É
impiedade abandoná-los mediante o abandono do nosso chamado profético ao
mundo. Sem dúvida deveríamos buscar ver almas alcançadas. Assim como
deveríamos buscar ver a justiça sendo feita para com os não nascidos.
Isso nos leva ao nosso segundo exemplo.
Há aqueles que argumentam que a única função da igreja é a Palavra e os
Sacramentos. A Bíblia, nos é dito, não fala diretamente sobre questões
políticas. A igreja não deveria estar falando contra comportamento
homossexual. A igreja não deveria falar em favor dos não nascidos.
Cultura é simplesmente cultura, uma realidade humana mais que uma
realidade espiritual. Não há, portanto, tal coisa como trazer a
carpintaria, poesia ou política sob o Senhorio de Cristo. Isso é
pietismo. Ele pode estar disposto a afirmar o Senhorio de Cristo sobre
todas as coisas, mas não de uma forma que você possa dizer que Jesus
reina. A Palavra nos chama a fazer o Seu reinado conhecido, a destruir
as obras do diabo e suas tropas diabólicas. E os sacramentos alistam
(batismo) e alimentam (Ceia do Senhor) o Seu exército.
Pietismo é uma palavra feia, e podemos
ser culpados de usá-la demasiadamente. Um problema, contudo, é que o
pietismo é uma realidade feia. A piedade nos chama a sair e demonstrá-la
lá fora, em nome do nosso Rei ressurreto e soberano.
Fonte: Highlands Ministries Via: Monergismo
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