segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Benção de ter uma alma atormentada!


Por Josemar Bessa

Há textos na Bíblia que nos surpreendem com base no que lemos na Bíblia. O apóstolo Pedro diz algo surpreendente em 2 Pedro 2.7 – “E livrou o justo Ló...” – Quando penso em Ló, não me lembro de Ló como alguém especialmente justo na história famosa em que ele aparece em Sodoma e Gomorra.

Ele escolheu habitar nas campinas verdes de Sodoma (Gênesis 13.13). Ainda lembro de algo pior – na hora da fuga, quando as cidades seriam destruídas, Ló demorou (Gênesis 19.16). Depois que escapou da cidade foi embebedado por suas filhas... De fato não é uma grande história.

Mas Pedro ainda consegui chamá-lo de “justo” em algum sentido. E se Deus repetidamente tinha assegurado a Abraão que ele não iria punir o justo com o ímpio (Gn 18.25), então é lógico que o veredicto é o mesmo do de Pedro. Então em que sentido Ló era um homem “justo”? (Não estamos usando o termo como a justiça imputada por Deus quando justifica o homem em Cristo – é óbvio – mas de uma vida que resulta de tudo o que Deus opera no homem por graça – justificação, regeneração...).

Vemos, e Pedro nos mostra, (que com resultado daquilo que Deus faz no coração de um homem por graça ) – viver lá foi um tormento para Ló. Ló não foi um homem que banalizou o pecado e com ele se acostumou. Ló, diz Pedro: “...se afligia, era atormentado... com o procedimento dos que não tinham princípios morais” – em outra versão: “Ló vivia enfadado da vida dissoluta dos homens...” (2 Pedro 2.7). Sua alma justa estava “atormentada” ao contemplar todos os dias a vida dos homens alienados de Deus e expressando seu amor ao pecado – “Pois vivendo entre eles, todos os dias aquele justo se atormentava em sua alma justa por causa das maldades que via e ouvia” - “porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre suas obras injustas”  - 2 Pedro 2.8.

Apesar de todas as falhas que vemos em Ló, ele é um exemplo digno a este respeito: o pecado o incomodava!

Este é um equilíbrio difícil – como ser atormentado pelo pecado, e ainda ser uma fonte de boa notícia para o pecador. É um grande desafio – porque muitos ao dizerem que desejam ser fonte de salvação dos pecadores... missionais... banalizam o pecado, encontram estratégias que não mostram apenas amor, mas sim que não tem uma alma atormentada pelo pecado.

Por um lado queremos mostrar amor e respeito aos nossos vizinhos, amigos de escola, trabalho... queremos que encontrem misericórdia, desejamos vê-los regenerados pela graça soberana de Deus...  Queremos ver pecadores reconciliados com Deus em Cristo, em paz com Deus... no entanto, NUNCA podemos fazer a paz com o pecado do e no mundo.

Tanto quanto queremos mostrar bondade para com nossos vizinhos, amigos, conhecidos... o seu pecado, a sua rejeição a Cristo... sua rejeição a lei de Deus, sua vida como se Deus não existisse... nos atormenta. Não nos opomos ao pecado do mundo simplesmente porque ele é errado, leva o homem a tristes consequências... Em nossos novos corações ( se somos de fato regenerados ) – nos opomos aos seus pecado (pessoas, mundo, sociedade) e nossos, porque o achamos terrível, desagradável, angustiante... para nossos novos corações, e, acima de tudo, porque rouba a glória de Deus.

Aí Ló é um exemplo para nós. Ele não tinha um sentimento frio e morno sobre o pecado, como muitos tem. Não tinha uma familiaridade com o pecado que o deixou insensível e cauterizado ante a hediondez do pecado aos olhos de Deus. Muitas pessoas se chocam com o pecado e a impiedade apenas a primeira vista – nos ambientes em que com ele são obrigados a conviver, mas logo ficam acostumados a vê-lo, que vê-lo já não faz grande diferença, pelo contrário há um indiferença.

Já não temos percebido a estratégia do mundo e do diabo que é fazer com que olhemos o pecado e ao olharmos nos sintamos normais e como algo normal. Mas como alguém disse no passado, “nossa grande segurança contra o pecado está em que o pecado nos choque”. Mas num mundo repleto de sensualidade ( como o que vivemos, como o que Ló vivia) – estamos em grave perigo de nos tornarmos insensíveis ao pecado, e disfarçarmos, o que é pior, essa insensibilidade com a desculpa de estarmos amando os pecadores e tentando salvá-los...

Podemos realmente dizer hoje que como Ló, nossas almas justas são atormentadas todos os dias ( não pelas tristezas humanas) mas pelos pecados, maldades... contra Deus que vemos e ouvimos? Nossas almas ficam atormentadas? Ou seria mais correto dizer que achamos muito disso normal e as vezes até engraçado? O que você tem ouvido e visto tem te atormentado? Ou já fizemos paz com os pecados que um dia nos chocavam? Estamos entretidos com coisas que antes nos fariam recuar de dor na alma pelo quanto tudo aquilo rouba a glória de Deus e o ofende? Temos crescido em nossos corações calos insensíveis ao pecado e que nos torna confortáveis diante dele?

Quando não somos atormentados mais, isso não é evidência de amar o pecador, é evidência de uma coração que se assemelha a eles em seu pecado. Isso não é abrir portas para “ganhá-los, é estar sendo vencido pelo pecado.

A verdade triste é que muitos de nós sente apenas cócegas pelo pecado do mundo, e não tormento. Podemos morrer de rir dos pecados do mundo. Mas poucos de nós podemos dizer honestamente hoje: “Rios de lágrimas correm dos meus olhos, porque a tua lei não é obedecida” – Salmos 119.136.

Deus tenha misericórdia de nossa geração!!!

Fonte: Josemar Bessa

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