Por Dr. Harry L. Reeder
Necessitamos
de um avivamento espiritual saturado do evangelho. O último verdadeiro
avivamento evangélico, do qual ainda recebemos benefícios, foi no século
XVIII. Mas a realidade é esta: não haverá avivamento evangélico sem um
autêntico avivamento na igreja. Por quê? Porque o instrumento que Deus
usa para trazer um avivamento evangélico é a sua igreja.
Aí está o
problema. A razão fundamental por que não há um avivamento evangélico é
que a igreja contemporânea definha em letargia ministerial, falta de
poder espiritual, ignorância bíblica e fascinações das últimas
tendências. Um avivamento dado por Deus, enviado do céu, é
desesperadamente necessário. Mas estamos anelantes pela graça soberana
de Deus, que perscruta a alma e muda a vida, para avançarmos?
Uma
avaliação honesta da igreja contemporânea revela que não estamos nem
anelantes nem desejosos por um avivamento enviado do céu. Por várias
razões, estamos satisfeitos com os substitutos enviados pelo homem que
são inadequados e contraprodutivos e contribuem para a ineficácia da
igreja contemporânea. Há um indicador infalível que demonstra se um
avivamento é enviado do céu ou enviado do homem. Avivamentos enviados do
homem (que não são avivamentos, e sim manipulações religiosas voltadas
para o próprio homem) são caracterizados por uma preocupação com
experiências pessoais momentâneas recebidas, de preferência,
instantaneamente. Em contraste, um avivamento enviado do céu produz
efeitos duradouros por meio de um compromisso prolongado com os meios
que Deus designou para trazer avivamentos genuínos. As Escrituras e a
história da igreja revelam que o que parece ser avivamento instantâneo é
precedido por liderança fiel, que traz consistentemente a Palavra de
Deus ao seu povo, enquanto buscam insistentemente o trono da graça em
reuniões de adoração centradas em Deus.
Vemos frequentemente
notáveis realizações atléticas no campo de competição, mas não vemos as
horas de compromisso dedicado e disciplinado no campo prático precedendo
o momento de glória. De modo semelhante, quando vemos avivamento na
história e nas Escrituras, não vemos os dias, meses, anos e até décadas
de liderança fiel, pregação evangélica, oração de intercessão e adoração
centrada em Deus antes de irromper o glorioso avivamento. Mais
profundamente, não vemos os corações desesperados do povo de Deus que
compreenderam que não tinham nenhuma esperança, exceto em Cristo.
Avivamentos
enviados do céu não são explosões de adoração momentâneas focalizadas
em "estrelas de rock", nem são experiências efêmeras, manipuladas e sem
sentido. Avivamentos enviados do céu vêm por meio de pessoas comuns que,
compelidas pelo amor de Cristo, rendem tudo a Ele. O avivamento vem
quando os crentes compreendem: "Sem ele, nada posso fazer", mas também:
"Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13).
Avivamentos
autênticos são caracterizados por confissão de pecado compelida pelo
evangelho, quando pecadores culpados concordam com Deus quanto ao
disparate, à insanidade e à afronta de seu pecado. Crendo que "todos
pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23), eles também creem que a
realidade não é simplesmente que "todos" pecaram, mas que "eu mesmo sou o
pecador". Com profunda convicção e plena consciência, sua confissão
reconhece suas tentativas de assassinar a glória de Deus. Por isso,
confessam sua traição contra Deus e se regozijam em que, pela graça de
Deus, eles podem confessar o pecado e render-se a Cristo como Senhor e
Salvador.
O avivamento autêntico não somente traz confissão de
pecado "não fingida", mas também arrependimento sincero que revela um
desejo intenso de mortificar intencionalmente o pecado e seguir com zelo
a santidade. Além disso, o avivamento traz a manifestação desinibida do
quebrantamento e a exultação ousada da vitória em Cristo sobre o
pecado, que conduz a uma nova vida de erradicar o pecado, para seguir a
obediência focalizada em Cristo.
O avivamento nos leva para as
alturas do monte Sinai, onde Deus revela graciosamente o nosso pecado e
nos convence da necessidade de um Salvador. Contudo, a maior de todas as
maravilhas é que a obra vivificadora da graça de Deus nos leva para as
alturas do monte Calvário para que vejamos, pela fé, Cristo crucificado.
Ali, no Calvário, vemos o Filho de Deus suspenso entre o céu e a terra
para salvar-nos de nossos pecados. Ali, no Calvário, o amor de Deus em
Cristo satisfez a santidade de Deus para salvar pecadores para a glória
de Deus.
Portanto, eis me aqui, Senhor. "Nada em minhas mãos eu
trago, somente à cruz eu me apego." Falsos avivamentos enviados do
homem, fascinados com experiências pessoais momentâneas, produzidos por
capricho e manipulação, perderam seu apelo. Avivamentos enviados do céu,
com seus efeitos duradouros de expandir o domínio da graça de Cristo em
minha vida, em meu coração e no mundo, se tornaram meu desejo. "Aviva a
tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos" (Hc 3.2). Ó Senhor, aviva a
tua obra.
Tradução: Francisco Wellington Ferreira
Fonte: Editora Fiel
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