quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O que é a Cabala?



INTRODUÇÃO

Durante séculos, o significado, a finalidade e o uso da cabala estiveram envoltos no mais profundo mistério. E só tinham acesso a ela os estudiosos que, muitas vezes, pagavam com a própria vida na fogueira o preço por tal conhecimento.

Geralmente se entende por cabala a “sabedoria” oculta dos rabinos judeus da Idade Média; porém, é apenas uma de suas ramificações ou a maneira hebraica de interpretar à Bíblia. Segundo alguns autores, a origem desta ciência remonta aos antigos caldeus, donde a teriam derivado os judeus durante o seu cativeiro em Babilônia, adaptando-a a interpretação esotérica de suas escrituras e de algumas passagens bíblicas. Todavia, outros autores lhe atribuem uma origem muito mais antiga que a dos próprios caldeus.

Além dessa Cabala teórica, criou-se um ramo prático relacionado com as letras hebraicas, como representações ao mesmo tempo de sons, números e idéias. Acrescida de algumas lendas maçônicas.

ALGUMAS IDÉIAS DA CABALA

Como fica claro a partir dos estudos anteriores, a cabala não é um sistema único com princípios básicos que podem ser explicados de uma maneira simples e linear, mas, ao contrário, consiste de uma multiplicidade de abordagens diferentes, amplamente separadas uma das outras e completamente contraditórias. No entanto, a partir da data da aparição do Sefer ba-Babir ( é a mais antiga obra de literatura cabalística, ou seja, o primeiro livro que adota a abordagem e a estrutura simbólica do ensinamento cabalístico) a Cabala possuiu uma linha comum de símbolos e idéias que os seguidores aceitaram como uma tradição mística, ainda que diferissem uns dos outros quanto a interpretação do significado exato destes símbolos, as implicações filosóficas inerentes a eles, e também aos contextos especulativos através dos quais tornou-se possível considerar essa estrutura comum como uma espécie de teologia mística do judaísmo. Mas mesmo dentro dessa estrutura, duas etapas devem ser diferenciadas:

a.) a linha dos símbolos da Cabala primitiva até e inclusive o período Safed, i.e., a teoria das Sefirot como se cristalizou em Gerona, nas diversas partes do Zohar, e nos trabalhos de cabalistas até Cordovero.

b.) a linha de símbolos criada pela Cabala luriânica, que dominou principalmente o pensamento cabalístico desde o século XVII até épocas recentes. O sistema luriânico vai além da doutrina das Sefirot, apesar de fazer um amplo e enfático uso de seus princípios, e se baseia no simbolismo dos partsufim.

Além disso, duas tendências básicas podem ser discernidas no ensino da Cabala. Uma tem uma direção fortemente mística expressa em imagens e símbolos cuja proximidade interior ao reino do mito é freqüentemente muito marcante. O caráter da outra é especulativo, uma tentativa de dar aos símbolos um significado direcional mais ou menos definido.

Em grande parte esta perspectiva apresenta a especulação cabalística como uma continuação da filosofia, uma espécie de camada adicional superposta a ela através de uma combinação dos poderes do pensamento racional e da meditação contemplativa. As exposições especulativas do ensino cabalístico dependem grandemente das idéias da filosofia neoplatônica e aristotélica como eram conhecidas na Idade Média, e se expressavam na terminologia costumeira destes campos. Daí que a cosmologia da Cabala é delas emprestada e de maneira nenhuma original, e é expressa na doutrina medieval comum dos intelectos e esferas separadas. Sua real originalidade repousa nos problemas que transcedem esta cosmologia.

Como a filosofia judaica, a Cabala especulativa moveu-se entre duas grandes heranças, a Bíblia e o judaísmo talmúdico por um lado e a filosofia grega em suas diferentes formas por outro . O traço original e adicional, no entanto, foi o novo impulso religioso que procurou integrar-se a estas tradições e iluminá-las de dentro.

PERGUNTAS E RESPOSTAS ACERCA DA CABALA

1 – O que notabilizou Abraão Abulafia?
Além da doutrina Sephiroth, ele também propagou com êxito o misticismo da letra (Guematria, Notarikon e Temurah) assim como o tratamento cabalístico dos nomes de Deus, que ele considera ser o objetivo da ciência secreta.

2 – O que se entende por Guematria?
 Guematria (geometria) é a substituição de uma palavra significativa num versículo bíblico, etc., por uma outra cujas letras possuem o mesmo valor numerológico, ou por uma concepção com a qual a letra correspondente está relacionada.

3 – O que se entende por Notarikon?
Notarikon (de notariacum, que significa abreviação) é o tratamento das letras de uma palavra como as primeiras letras de uma setença ou grupo de sentenças. Em outras palavras, o tratamento de uma palavra aparentemente importante como uma abreviação secreta.

4 – O que se entende por Themurah?
A substituição das letras de uma palavra significativa, ou uma palavra que necessita de explicação de um modo tal que daí se origina uma nova palavra.
Assim se originam novas palavras ou palavras-números que podem, além disso, ser tratadas de acordo com a Gematria.

O misticismo da letra foi considerado a parte principal do cabalismo e o mesmo teve grande influência.

UM CABALISTA MUITO IMPORTANTE

Isaac Lúria (1534-1572), um ídolo para seus seguidores antigos e mais recentes, também chamado “o leão” (Ari, que significa Adonenu Rabbi Jizchak, o nosso Senhor Rabino Isaac) ou Riha-Kâdôch (Santo Isaac). Ele acreditava que podemos colaborar com a salvação do mundo através de uma poderosa atenção (“Kewanah”), intenção e pensamento (concentração) durante a prática de rituais religiosos; através da constante absorção pessoal do Zohar, pela recitação atenta de certas formulas cabalísticas; por orações relacionadas com  entrega total a meditação; e também por piedosos exercícios de penitência, com o que se pode alcançar uma consciência sobrenatural, a alma e a perfeição, ensinou também a transmigração das almas.

Ele não deixou nada escrito, declara que quando se concentrava seriamente em alguma coisa, as fontes de sabedoria sobrenatural ficavam ato poderosamente expostas para ele que perdia por completo a capacidade de escrever, e que até falar e lhe tornava difícil, a fim de comunicar algumas de suas revelações aos seus alunos. Veja Mt 8.8; Lc 8.29; At 16.16-19; At 8.9-11.

Seus ensinos são conhecidos em virtude principalmente das anotações do seu melhor aluno, Chajjim Vidal (ben Josef Calabrese), que viveu de 1543 a1620, e registrou em seus próprios escritos, especialmente em Ez chajjim (Árvore da Vida), muito do que tinha assimilado durante seu breve aprendizado no último não de vida de Lúria (1571-1572). Gostaria de citar algumas experiências de Lúria. Dizia-se que ele visitava todas as noites a “academia celestial” e que aí recebia revelações da mais alta sabedoria; acreditava-se que sua alma era uma “centelha do espírito de Moisés”  De fato, foi até afirmado que ele era o “Messias, o filho de José” significando que era o predecessor do verdadeiro Messias (o filho de David).Também lhe foram atribuídos muitos milagres.

Diz Bloch: “É devido a Isaac Lúria e Chajjim Vidal o fato de representações místicas, fanáticas e supersticiosas, e rituais ascéticos e muito especiais terem influenciado a vida do judaísmo como um todo. segundo eles o Zohar era venerado de um modo que lembra a idolatria, e que uma vasta e prolífica literatura foi desenvolvida da mistura do Zohar, a Bíblia e o Talmude, resultando nas mais deformadas fantasias”.

SURGE UMA SEITA DENTRO DA CABALA

Com o pseudomessias Sabbathai Zewi, um cabalista de Esmirna, com quem quase todo o judaísmo concordou. Mesmo depois que se converteu ao islamismo em 1666, em Adrianópolis (com medo de ser morto pelo governo turco), o fanatismo por ele gerado não esmoreceu, mas, pelo contrário, foi propagado por toda a Europa através de entusiásticos missionários. Ainda era um poder espiritual no século XVIII.

As influências sabbathairianas pegou o famoso e o mais arrogante talmudista e pregador Rabino Jonathan Eibeschtuz (1690-1764), justamente respeitado pela ciência moderna, foi suspeito de tendências deste movimento, mais e que por conseguinte atraiu sobre si a severa exploração de Jacó Emden.

O movimento foi considerado herético pelo fato de ter remodelado os ensinamentos do Zohar a respeito da atividade dos três princípios, “Pai, mãe e filho, convertendo-os numa doutrina trinitária e messiânica que correspondia largamente a idéias cristas semelhantes, nas quais a Divindade era considerada um ser  triádico; “o pai era encarnado no filho”(ou seja, Sabbathai), contendo o divino “Schechinah” (o Espírito Santo). Veja Mt 3.16,17; 28.19; Rm 8.9; 1 Co 12.3-6; 2 Co 13.14; 1 Pe 1.2; Jd 20.21

TEÓLOGOS CATÓLICOS E FILÓSOFOS SE APEGARAM A CABALA

É interessante observa-mos que a Cabala alcançou até mesmo os chamados cristãos porque eles acreditavam ter encontrado na Cabala provas de que o judaísmo, apesar de sua resistência a religião cristã, era conduzido, de um modo perifrástico, pelo Espírito Santo, de acordo com o princípio básico do dogma cristão; de modo que, em particular por suas altamente elogiadas doutrina secretas, e a despeito delas, a verdade do cristianismo estava demonstrada. Os seguidores de Platão, sendo os filósofos naturalistas desse tempo, viram na Cabala um bem-vinda combinação do monismo teosófico-metafísico e naturalista; e acreditaram ter encontrado o caminho que leva a uma solução do mistério do mundo.

DOUTRINAS DA CABALA

Dentro da Cabala pelo menos tanto se pode falar de uma doutrina de imortalidade, reencarnação, transmigração da alma, fé, salvação, etc… ou de uma ética talmúdica, e assim por diante. A Cabala está numa posição relativamente forte desde que se descobriu que o Zohar é um ponto culminante e um foco das doutrinas cabalísticas vigentes, ao passo que o Pardes Rimmonium, ao mesmo tempo, sistematizou esse material de modo que doutrinas adicionais ou divergentes apenas tem que ser agregadas.

Os ensinamentos da Cabala estão divididos em seções:
1. Metafísica da Cabala:  as doutrinas do absoluto e suas emanações.
2. Antropologia da Cabala:  psicologia e ética
3. Magia da Cabala: misticismo da letra e Cabala prática.

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE AS DOUTRINAS DA CABALA

1-  Que é a Divindade?
A doutrina de Deus dentro da Cabala e a seguinte: “O inteligível supremo, o ser puro, ou o absoluto. Dentro da pura concepção do supremo está contida a idéia implícita de que somente pode existir um ser. Esse ser puro deve, além disso, em contraste com o imaginável e perceptível, ser singular em todos os aspectos, nem complexo nem mutável. Em oposição as coisas perecíveis, o absoluto (ou a Divindade) é o infinito, ou seja, fora do tempo e do espaço; é incondicional, o que significa ano ser causado ou confinado por nada; salvo ele próprio, portanto, inconcebível. Tudo isso está compreendido na expressão En sôph (o infinito, o incondicionado, o absoluto). De acordo com a Cabala, o mundo material nada mais é senão uma ausência de ser puro – energia primeva debilitada. A doutrina cabalística da emanação é energética filosófica, dinâmica metafísica, em que a Divindade ou o absoluto é o ser puríssimo, assim como a energia suprema (actus purus)

Como podemos observar um conceito um tanto panteista e hindu a respeito do Soberano do Universo. Veja Jo 8.44; 2 Cr 6.14; Is 42.8; Dt 4.39.

2 – Qual é o significado do “Reino das 10 Sephiroth (Malkuth)?
Num sentido, essas Septiroth  representam  a fronteira, a porta de acesso ao mais próximo mundo inferior, Beriah. Também a palavra Altereth (grinalda), como as Sephiroth são freqüentemente chamadas, inclui a concepção de unir e ligar, assim como a indicação do lugar inferior de Sephirah em oposição ao mais alto (Kether, coroa). Assim como a grinalda enquanto toucado pertence ao domínio da coroa, mas assume uma posição inferior, também as 10 Septiroth pertencem as mais elevada emanações, mas são as mais baixas dentre elas.

3 – O que o mundo Beriah contém?
As 10 formas ou conceitos primevos de criação. No platonismo e neoplatonismo, esses conceitos são representados como seres inteligentes espirituais.

4 – Qual a antropologia da Cabala
Do mesmo modo que as Septiroth (a despeito de sua duplicação) ou o domínio Sephirah (apesar de sua triplicado) representam um organismo mundial autônomo, a alma, apesar de suas “partes”(assim chamadas), é um todo orgânico auto-suficiente.
De acordo com os ensinamentos dos cabalistas, existe uma liberdade da alma, todas as almas tornam-se abençoadas, significando com isso que todas retornarão as regiões superiores onde se originaram. Uma doutrina semelhante é a do exegeta e teólogo Orígenes.

5 – Quando nasceu a alma?
Como emanação do absoluto poderia ter existido eternamente e ter tido, por conseguinte, uma preexistência ideal, uma vez que, de acordo com a doutrina dos cabalistas, todas as almas foram criadas ao mesmo tempo. Portanto, por um lado, a alma é eterna, e por outro, teve um começo anterior a toda e qualquer existência física.

Em conexão com os estudos talmúdicos sobre a preexistência, os cabalistas ensinam que ela estava no domínio Yetsirah, especificamente numa parte das esferas dos céus Araboth chamada Guph.

6 – De acordo com essa doutrina, todas as almas ingressaram na existência física terrena?
Não, algumas almas ainda estão esperando. Veja 1 Co 15:46; Zc 12.1.

Para os cabalistas elas serão parcialmente encontradas na primeira existência terrena, embora em sua maior parte passem por transmigrações através de diferentes e sucessivos períodos terrenos de existência. Algumas almas já se elevaram para uma vida superior.

Há diferentes opiniões com respeito para onde vão as almas,  a esse respeito. De acordo com as opiniões mais racionais dentro da Cabala, a meta final da alma perfeita é o desprendimento no absoluto, o “oceano da Divindade”.

Ainda com relação a alma, para eles a alma  no estado da pré-existência entra num estado consciente. Tem conhecimento de seus pensamentos, de modo que, também de acordo com Platão, toda a ciência terrena nada mais é senão uma recordação retrospectiva desse conhecimento presidencial. Elas ingressam com a finalidade de  se aperfeiçoarem

7 – Mas não e ensinado que as almas pecaram na existência pré-existêncial, e, portanto, tinham que entrar nos corpos?
Sim e não. A escola de Lúria, em particular, advoga que originalmente todas as almas estavam unidas na preexistência dos primeiros seres humanos, isto é, na idéia do homem, e pecaram, portanto, ao mesmo tempo que o primeiro homem. Assim ano ingressaram no mundo como uma punição direta, mas, sobretudo, para efeito de purificação depois de terem assumido a forma física ideal no domínio Beriah. Para que alma atinja a perfeição moral ela tem que ter vencido suas deficiência materiais e finalmente retornando, como vencedoras da luta contra a imperfeição. Isso só e conseguido pôr metempsicose,  a doutrina da transmigração das almas. Veja Rm 4.5; Ef 2.8,9; 1 Jo 5.11,12

8 – Onde está essa origem?
Não está inteiramente claro. Muitos cabalistas admitem uma existência pessoal continuada das almas purificadas no mundo de Yetsirah, Beriah ou das Sephiroth, de tal modo que as partes individuais da alma regressam a diferentes seções. Outros falam de uma confluência das almas, um refluxo de todas as emanações para o infinito, o absoluto, o Oceanos Divinitatis. Se esse curso é um outro processo de emanação, como ensinam os estóicos (e outros), ano é mencionado, uma vez que no sentido ético somente a emanação presente é considerada.

9 – Do que se trata a magia cabalística?
Da evocação de poderes sobrenaturais por meio do santo nome de Deus e de diferentes formas desse nome (composição de letras, etc.) Nós sabemos que a Cabala trabalha tanto com a magia branca como a negra também conhece a evocação de poderes demoníacos, embora rejeite isso como feitiçaria.  Veja Dt 18.10-12; Gn 41.24; Jr 14.14; Lv 19.26.

10 – Em que basear a crença de que milagres podem ser realizados com o nome de Deus?
A Bíblia já menciona a realização de milagres “em nome de Deus”( e em hebraico be-schem – pelo nome),.  Como o nome de algo deve expressar o seu caráter, o nome de Deus também é a expressão e revelação do seu ser. E como o ser da Divindade é poder absoluto (onipotência), o uso do seu nome deve ser uma apreensão do seu nome, uma absorção do seu poder (até onde for possível). As letras individuais, do nome de Deus também são partes do ser, a energia da Divindade. Por conseguinte, o conhecimento de diferentes combinações, de acordo com certas regras, fornece a capacidade de evocar um certo poder para um determinado propósito.

11 – Também são usados os nomes dos anjos?
Sim, bem como outras fórmulas mágicas. Os anjos são considerados servos de Deus, isto é, escoadouros para o poder da Divindade, e as fórmulas mágicas são usadas “em nome” da Divindade.  Isso está de acordo com o uso da fórmula original, o nome de Deus. Veja Gn 3.1-5; I Tm 4.1; 2 Co 4.4; 1 Jo 4.1. Alguns exemplos de metamorfose: Certa vez, um rabino encontrou em seu caminho uma feiticeira que tentou fazer-lhe uma bruxaria. Ele preferiu o Nome, convertendo a feiticeira num burro que alegremente levou ao mercado para vender.

12 – E exorcismo?
Para o Cabalistas Salomão tinha o mundo inteiro de espíritos e ele sujeito pelo Schem (gravado em eu anel de sinete e corrente) até que o demônio Asmodi lhe roubou o anel e assim obteve poder para si próprio. O bandido Salomão ficou errando até o dia em que finalmente obteve o anel de volta ao encontrá-lo no estômago de um peixe, quando decretou o imediato banimento de Asmodi.  Também é interessante a história de Lúria, do exorcismo de um espírito que possuía uma mulher. O espírito era a alma de um judeu afogado que ano tinha leito mortuário e ano fizera penitência. Depois de errar por longo tempo, fora-lhe permitido entrar numa mulher quando ela estava praguejando e essa mulher, epiléptica e histérica, sofreu terrivelmente. Lúria fala e age com o atormentador da infeliz do mesmo modo que um exorcista cristão; insulta-o e deixa que ele lhe conte a sua história. Com a ajuda do “Nome”, ele obriga finalmente o espírito a retirar-se para um dos dedos do pé da mulher, o que ele faz com a usual violência. O eminente rabino Low, de Praga (Judá ben Bezalêl), que faleceu em 1600) teria feito aparecer os patriarcas e filhos de Jacó diante de Rudolfo II, por meio do poder do Schêm.

13 – Que línguas podem ser entendidas com a ajuda do Schêm?
Ele ensinam que aquele que deseja realizar algum ato mágico deve possuir total pureza física, e o correto agrupamento de símbolos, assim como sua correta pronunciação (um segredo somente conhecido de muito poucos), são essenciais. Aquele que diz a fórmula num estado de impureza morrerá ou, pelo menos, arriscará sua vida, porquanto se tornará também impuro durante o ato milagroso. O Schêm só pode ser empregado por homens. Além de Lilith, uma jovem chamada Ichtahar usou o Schêm para encontrar refúgio no céu quando o anjo Schamchasu quis prostituí-la. Esse, porém, é um caso individual, provavelmente originário da mitologia babilônica.

14 – Para que fins são usados os amuletos?
Para inspirar amor e matar inimigos, mas são especialmente usados para proteção contra demônios e toda a espécie de calamidades. Eles contem vários nomes de Deus e dos anjos, assim como fórmulas com bênçãos ou maldições, e combinações obscuras e quase incompreensíveis de letras. O Talmude fornece um profilático contra doenças dos olhos (no tratado Pesachim 120A), a fórmula “Schebririn”, a qual é escrita de tal maneira que as letras da palavra decrescendo uniformemente fazem o mesmo com a doença.  Mais famosa é a fórmula “Abracadabra” que passeia por tudo quanto é livro de magia e foi elogiada como um meio contra a febre pelo romão Serenus Sammonicus..

15 – O que significa “Abracadabra”
Abbara Kedabra significa “some depressa como estas palavras”;  recita-se para aquele que está doente. Todas as outras explicações são, em sua maioria, muito improváveis (por exemplo, Ab, ruach, dabar, significando pai, espírito, “palavra” ou filho), ou ainda mais forçadas do que essa (por exemplo, o Abed Kadabar do dr. Fischer, significando “faça o determinado”, uma fórmula de receita para a qual, entretanto, as letras precisam ser mudadas).

16 – O que contem os outros amuletos?
Combinações cifradas secretas, cujas palavras tem, por vezes, uma relação peculiar e parcialmente misteriosa com as doutrinas das Sephiroth e outras, um exemplo disto é o quadro de Sete.

17 – Qual a diferença no resultado entre os amuletos e o Schêm falados?
A ação do amuleto é, de um modo geral, constante e duradoura; a pronunciação “Nome” é de breve duração, porém mais poderosa. Além disso, a ação de amuletos é principalmente negativa e impeditiva, ao passo que a fórmula falada é sobretudo produtiva, criativa e evocadora.
  
18 – Como é provado que o Cabalismo estava familiarizado com poder de sugestão?
São inúmeros os textos cabalistas que descrevem extensamente os meios para auto-hipnose, pelo uso de apropriadas e sugestivas representações, etc. Para contemplar os segredos da divindade, o cabalista que desejar isto, deve jejuar em determinados dias, colocar a cabeça entre os joelhos enquanto está assentado, e quando deitado, deve recitar vários hinos e fórmulas que são descritas. Essas fórmulas meio cantadas, meio recitadas, com seus ritmos flutuantes, margens pálidas e pensamentos vagos são indicados para influenciar outros. E, finalmente os cabalistas ano ignoram sugestivo efeito hipnótico de olhar um objeto brilhante, de escutar uma água caindo lentamente.

19 – Que mais pertence a magia cabalista?
Astrologia, Fisionomia (a arte de julgar o caráter pelos traços do rosto), Quiromancia (a arte de advinhar pela leitura das linhas das mãos). A descoberta magica de tesouros fontes de objetos, ladroes e etc., assim como a interpretação de sonhos, que pertencem a magia inferior só vieram acontecer em épocas subsequente, tem maiores afinidades com as crendices populares e muito pouco a ver com que eles chamam de verdadeiro cabalismo.

Fonte: Napec

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