Por Pr. Magdiel G Anselmo.
Escrevi meses atrás sobre os movimentos de crentes sem igreja depois de pesquisar o assunto e por se tratar de um tema que no dia-a-dia pastoral se tornou algo habitual, pois não é incomum nos depararmos com pessoas que deixaram suas igrejas e que defendem uma revolução na forma e na metodologia usualmente adotada pelas instituições e organizações cristãs (denominadas evangélicas e/ou protestantes), entendendo esses, que quase tudo que fazem ou pensam essas instituições é errado e contraria a essência do ensino das Escrituras sobre a Igreja.
Algumas pessoas me procuraram para afirmar que não eram sem igreja, mas que eram adeptos de uma nova forma de igreja ou de um retorno a forma correta e bíblica de igreja, que seria a igreja no lar. Não conseguiam explicar bem como era isso, pois defendiam que não havia "muita estrutura" ou "organização" e que isso é que lhes agradava. O Espírito Santo é que comanda!, me afirmavam.
Por isso volto a escrever sobre esse tema pontuando dentro dele uma questão que muito me chamou a atenção nos argumentos utilizados pelos então “revolucionários” asseverando estes que a igreja instituição como dois mil anos de história formaram, não é a vontade de Deus para Sua Igreja (Noiva do Cordeiro).
Para tanto atacam muitas vezes com veemência os prédios da igreja. O argumento é expresso de diversas maneiras: “A igreja é formada por pessoas, não por prédios”; “Não podemos ir à igreja, pois somos a igreja”.
A história é mais ou menos assim: No princípio, quando a igreja era pura, as pessoas se encontravam nas casas. Os cristãos só passaram a reunir-se em seus próprios prédios no século IV, sob Constantino, “o pai dos edifícios eclesiásticos”. Daí os cristãos começaram a chamar seus prédios de “igreja”. Mais tarde, passaram a chamar os prédios de “templos”.
Penso que em muitas ocasiões e locais, os cristãos estejam obcecados por construções, desperdiçando muito tempo e dinheiro em instalações demasiadamente grandes. De fato, às vezes achamos que prédios e igreja são a mesma coisa, quando o importante são as pessoas. O prédio não é um lugar sagrado, pelo menos não no mesmo sentido em que o templo era sagrado. Não creio que o chão dentro da igreja é mais santo do que fora. Portanto, concordo que muitas vezes existe um exagero e até mesmo certa espiritualidade equivocada com relação aos prédios ou templos da igreja em nossos dias.
Entretanto, existe também um exagero na argumentação dos sem igreja com relação ao mesmo tema. Por que digo isso?
Para começar, é destacado exageradamente que os primeiros cristãos se reuniam em casas.
Ora, eles não se reuniam em casas ou lares para num esforço dar início à primeira religião não religiosa do mundo. Estudiosos do cristianismo primitivo comentam que “a prática de reunir-se em residências particulares foi provavelmente um expediente usado pelos judeus em muitos lugares, assim como para os cristãos paulinos, a julgar pelas ruínas de sinagogas em Dura Europos, Stohi, Delos e outros lugares, que eram adaptações de habitações particulares”.
E mais, os cristãos se reuniram em casas por trezentos anos porque sua fé era ilegal. Não havia outro lugar onde pudessem se encontrar, razão pela qual os prédios começaram a surgir depois de Constantino ter descriminalizado o Cristianismo. Não há mandamento para que os cristãos se reúnam em pequenos grupos em lares e nenhuma razão para pensar que tenham feito isso por algum outro motivo que não a necessidade e a conveniência.
Também vale ressaltar que uma casa romana, especialmente com pátio, poderia ser bem espaçosa, permitindo que quase cem pessoas se reunissem ali. Portanto, a “igreja no lar” não necessariamente significava um pequeno grupo de estudo bíblico. Em alguns casos, essas reuniões tinham mais pessoas que muitas igrejas espalhadas pelo nosso país.
Além disso, os primeiros cristãos não se reuniam exclusivamente em lares.
Vemos em Atos que eles também se encontravam no Pórtico de Salomão (At. 5:12), ainda iam as sinagogas (3:1) e ocasionalmente alugavam locais para palestras, como na Escola de Tirano (19:9). Provas arqueológicas também demonstram que eles às vezes se encontravam em cavernas.
Vemos em Atos que eles também se encontravam no Pórtico de Salomão (At. 5:12), ainda iam as sinagogas (3:1) e ocasionalmente alugavam locais para palestras, como na Escola de Tirano (19:9). Provas arqueológicas também demonstram que eles às vezes se encontravam em cavernas.
Além disso, escavações descobriram uma casa de meados do século III (antes de Constantino!) que foi amplamente reformada, incluindo um salão de reuniões aumentado, para tornar-se um prédio “inteiramente dedicado a funções religiosas”, após o que “toda atividade doméstica cessou”. Será que isso tem alguma semelhança com as igrejas atuais? Claro que tem.
Por cima de tudo isso, temos Tiago 2:2, onde se lê: “Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem...” O termo original pode ser traduzido como “reunião” (NVI) ou “ajuntamento” (RC), mas também pode referir-se a uma sinagoga real. Considerando que Tiago escreveu a judeus (1:1) e que “sinagoga” era o termo comum usado para construções religiosas entre os judeus, é possível que Tiago 2:2 faça referência a cristãos judeus primitivos que se reunissem em seus antigos edifícios religiosos.
Resumindo
Essa conversa toda sobre prédios da igreja é muito barulho por nada. Mesmo os “sem igreja” precisam reunir-se em algum lugar. Ainda que não possuam prédios, presumivelmente a sua reunião de adoração não ocorre num lugar aleatório, secreto e mutável (a não ser que estejam enfrentando perseguição como os primeiros cristãos). A verdade é que possuem um local para tal.
O fato (mesmo que não se agradem de ler isso) é que existe algum lugar no qual sua igreja se reúne.
É certo que, a rigor, podem querer pensar nesse local mais como uma casa de reunião (como os puritanos) que como uma igreja. Mas, se chamarem o prédio de “igreja”, creio que Deus vai entender.
E, no caso de pensarem, sem nenhuma superstição: “Posso adorar a Deus em todo o lugar onde estiver, mas este é o único lugar onde o adoro com o Corpo de Cristo, onde recebo as ministrações (sacramentos ou ordenanças, como quiser) e celebro a ressurreição, o dia do Senhor e, portanto devemos separá-lo de algum modo”, isso também não será um impulso ruim.
Além do mais, muitos prédios eclesiásticos são usados praticamente todas as noites da semana. É certo que um prédio custa dinheiro e exige esforço para ser mantido, mas estudos bíblicos, classes de discipulado, almoços festivos, encontros de casais, eventos esportivos, classes de idiomas, EBD e centenas de outras coisas acontecem naquele prédio o tempo todo exatamente porque isso não funcionaria na casa de alguma pessoa.
Por fim, não critico quem adora a Deus em sua casa ou em outra, ou em um trem ou praça, nas ruas ou em qualquer outro local. É uma forma, mas não é a forma. Grupos pequenos são úteis e fazem parte da vida da igreja. São complementares as duas formas, seja em lares, seja no templo, seja em grupos pequenos, seja de forma congregacional. Não são excludentes.
Mas, critico sim essa história de retorno ao que era correto e bíblico. Não creio que Deus abandonou a igreja nesse dois mil anos e permitiu que ela se desviasse da Sua vontade. Penso que Deus é que direcionou a Sua Igreja (e aqui me refiro "as igrejas" pois elas formam a Igreja) a prosseguir e o Espírito Santo a conduziu até hoje. Ela não é perfeita (não me refiro a seitas, mas igrejas) e não será antes da glorificação, mas "até aqui nos ajudou o Senhor".
Há algumas revoluções que precisamos realizar, mas não nessa questão.
Por isso, não me preocupo com a igreja. Ela sobreviverá a mais essa onda. Os seus cultos, sermões, liturgia, forma institucional e organizacional sobreviverá e prosseguirá. Me preocupo com os que saem da igreja. Como estarão daqui a cinco ou dez anos? Será que ainda estarão defendendo essa tal revolução? Me preocupo como estarão seus corações distantes da família e como estarão suas feridas?
Quero fazer uma observação antes de encerrar
Alguns escritores, principalmente norte-americanos (e está na moda escrever sobre os defeitos da igreja) são adeptos do slogan: “aquele que adora debaixo de um campanário não condene o que adora debaixo de uma chaminé”. Em nosso contexto seria algo do tipo: “aquele que adora em bancos de templos não condene o que adora em seu sofá da sala”. Isso é uma verdade, mas também deveria ser verdadeiro “que aquele que adora no sofá da sala de estar não condene quem adora em bancos, juntamente com púlpitos, vitrais e salão social”.
com citações da obra "Porque amamos a igreja" de Kevin Deyoung e Ted Kluck (Ed. Mundo Cristão).
Fonte: A Verdade Bíblica
Olá, pastor Magdiel Anselmo. Grato pelo que postou aqui. No entanto, gostaria de fazer algumas observações. Também sou dessa turma que condena a existência de denominações e prédios (não sou localista), e tenho razões para tal. O problema é muito mais profundo que simplesmente esbanjar dinheiro com construções. As lideranças das denominações se degeneraram numa espécie de "tiranos de terno e gravata". Tratam a igreja como se fossem donos dela, e quando são contrariados por causa de seus erros, logo vociferam "não toqueis no ungido! cuidado, rapaz, se me afrontar será disciplinado!". Precisamos urgentemente de uma neo-reforma teológica e doutrinária.
ResponderExcluirSe tiver um tempo, dá uma olhada no meu blog, deixe um comentário lá. reformaagora.blogspot.com
Grande abraço
Graça e paz Rodrigo.
ResponderExcluirPor causa de alguns líderes autoritários e que pensam que são os donos da igreja, líderes sérios estão sendo tratados da mesma forma. Existem muitos pastores que são exatamente como você descreveu, mas não todos, e eu me incluo nesses que agem de forma diferente de tudo que você disse. Somos uma igreja batista e em nossa igreja as coisas não são assim. Aliás, a nossa igreja é um lugar muito agradável para congregar, e ensinamos que ungido são todos aqueles que receberam o Senhor Jesus em suas vidas, que o respeito deve ser de igual para igual. Assim vivemos e ensinamos, e eu conheço muitos outros pastores que agem da mesma forma. Agora, no meio neopentecostal a coisa já é bem diferente.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueira
Sou pastor batista ha vinte anos,estou cansado das políticas denominacionais,a nível nacional,estadual e local. Todas as denominações possuem tais politicas de bastidores,o povão nem imagina o que acontece. Algo anti cristão mesmo. Estou considerando ficar em casa e me reunir sem ter denominação,mas apenas cristo como centro de tudo. Abraço a todos do pr. Albderir c.
ExcluirOla queridos irmãos
ResponderExcluirMuito do que foi falado no post, são tristes verdades, que ocorrem dos dois lados
Por um lado, infelizmente vemos lideres que tem se corrompido por causa do poder e do dinheiro, e tantas aberrações ditas e pregadas em nome do Evangelho
Mas como foi dito "não todos", e graças ao Senhor que tem encontrado em alguns poucos um coração sincero e humilde
Por outro lado, muitos de nossos queridos irmãos, estão frustrados com a forma de muitas igreja que tem colocado seu foco em assuntos seculares e tem deixado o verdadeiro centro e objetivo da vida Cristã
Com isso muitos tem se ferido, chateado, com tantas coisas feias que nós sabemos que tem ocorrido no meio da liderança crista, e desta maneira, por uma orientação do próprio Senhor, estão saindo para serem reunidas a outras pessoas que estão buscando ao Senhor de uma forma simples e humilde
O ponto crucial de todo este cenário que foi abordado, irmãos, não tem haver com prédios, ou casas
isso é uma questão secundaria, em que, continuara tendo muitos problemas se a questão principal não for encontrada
E a questão principal, é ter Cristo no Centro, ter ele como primasia, ter ele como o foco e objetivo
Quando leio a bíblia, sinceramente irmãos, não consigo encontrar outro objetio, outro chamamento para a Igreja
Para o Nosso Senhor, não existem igrejas em prédios, não existem desigrejados
quantos termos nós criamos para definir aqueles que por algum motivo são diferentes de nós
e como isso entriste-se ao Senhor
Pois para Ele, só Existe uma Igreja
Que são todos aqueles, que em todo o lugar invocam o seu Nome
Não se trata do lugar onde se reunimos irmãos, se trata de desejar que Ele seja o centro de nossas vidas e ações e reuniões
Os problemas começam a surgir quando qualquer outra coisa, toma o lugar precioso do nosso Senhor
Quanto talvez o dom de um irmão um pouco mais amadurecido, toma o lugar do nosso Senhor, acabamos de certa forma tendo dependência nesse irmão e não no Nosso Senhor
Quanto o lugar onde temos para nós reunir, ou a maneira em como nós reunimos, toma o lugar do nosso Senhor, acabamos por resumir nossa vida Crista na pratica do reunir ou em como reunir
irmãos, como nós carecemos de olhar para Ele e ter Ele, O Senhor, como o Único, o Centro
quando fizermos isto, todas as outras coisas passam a ter o seu devido valor e ficar no seu devido lugar
O prédio de reunião, passa a ser somente o que ele é e deve ser, um prédio para reuniões
Os dons e ministérios, passa a ter o único objetivo que eles tem, que é equipar os santos para o ministério, para que todos crescam até atingirem a maturidade plena em Cristo Jesus Nosso Senhor
Espero que de alguma maneira, tenha contribuído para com a vida e entendimento dos irmãos
caso queiram compartilhar mais do nosso Amado Jesus, estou disponível online através facebook no qual me acham como Jeferson Ribeiro Gomes
abraços aos amados santos do Senhor
Graça e paz Jeferson.
ExcluirTemos visto em ambos os lados: pessoas boas e pessoas mal intecionadas. No entanto, quando há o desejo no coração do líder de servir a Deus e fazer com temor e tremor a Sua vontade não importa se nos reunimos em um templo ou em casa, o que importa é estar na presença de Deus.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueia
De fato, há uma ênfase exagerada no local da reunião e o Novo Testamento dá a entender que mais do que o local é a essência dessa reunião: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem." (João 4:23) Assim, creio que não há uma forma pré-definida, como querem alguns, mas sim uma essência pré-definida, como disse o Mestre e como foi repetido em inúmeras vezes por seus apóstolos.
ResponderExcluirTal ênfase é motivada por diversas coisas, dentre elas por um desejo sincero de viver o Evangelho de uma forma mais simples, menos "profissional". Creio que este é o problema que se pretende resolver: muitas igrejas, que compõem a Igreja como o senhor diz, se tornaram centros de "especialistas em liturgia e culto cristão", onde, por exemplo, "assiste-se ao culto" ao invés de "participar do culto"; onde as relações humanas tornaram-se restritas ao âmbito religioso; onde a aparência é maior que a essência. Este é o problema.
De fato, Deus preservou a Igreja até hoje em dia. Mas isso não significa que ela não precise de restauração (e não apenas algumas "melhorias"). Com Lutero, foi restaurada a Palavra; com o avivamento da Rua Azuza, o Batismo no Espírito Santo e os dons espirituais. Que a Igreja (composta por igrejas) esteja atenta, porque antes do fim ela passará por uma derradeira restauração, levando-a ao padrão bíblico novamente, do qual ela jamais deveria ter se afastado.
Graça e Paz!
Grupos de cristãos se multiplicam pelo país, mas sofrem duras críticas. É possível servir a Cristo e cultuá-lo longe das quatro paredes dos templos religiosos? Para uma classe de cristãos que vem crescendo a cada dia, a resposta é "sim". 500 anos depois do alemão Martinho Lutero ter lançado suas polêmicas 95 teses e ser usado como um dos catalizadores da Reforma Protestante, a Alemanha se tornou um país dominado pelo secularismo. Mas, ao que parece, o Espírito da Reforma continua vivo naquela nação. Depois de cinco séculos, Deus está usando um alemão novamente para ventilar ares frescos de Reforma na Igreja. No artigo a seguir, Wolfgang Simson lança suas “15 Teses para a Reencarnação da Igreja”, redefinindo de forma precisa a mudança de paradigmas que Deus está promovendo na Igreja contemporânea.
ResponderExcluirDeus transforma a igreja e isso, por sua vez, transformará o mundo. Milhões de cristãos em todo o mundo sentem que uma nova e surpreendente Reforma está se aproximando. Afirmam: “A igreja como a conhecemos impede uma igreja como Deus a quer”. É admirável o grande número de cristãos que parece perceber que Deus está tentando dizer-lhes a mesma coisa. Desse modo forma-se uma nova consciência coletiva para uma revelação existente há milênios, um eco espiritual coletivo.
Estou convicto de que as 15 teses a seguir reproduzem uma parcela daquilo que “o Espírito diz hoje às igrejas”. Para alguns isso será apenas uma pequena nuvem no horizonte de Elias. Outros já se encontram no meio da chuva.Ecclesia semper reformanda!
Extraído do livro "Casas que Transformam o Mundo", Editora Evangélica Esperança;
Fonte: httphttp://www.gruponews.com.br/2009/12/15-teses-sobre-a-reencarnacao-da-igreja.html
Blogs e Sites que podem ajudar a entender melhor.
http://equiorganica.com/ http://faleidejesus.com.br/ http://igrejanoslares.com.br/ http://paoevinho.org/ http://www.irmaosemsamonte.com.br/ http://igrejaorganica.blogspot.com/ http://umnovoodre.blogspot.com.br/ http://www.igrejaorganica.net/ http://faleidejesus.com.br/ http://www.reunidosemnomedejesus.com.br/ http://igrejanoslaresemaltinho.blogspot.com.br/ http://igrejaorganicabrasil.blogspot.com.br/ http://worldtv.com/tvsimplesmenteigreja/web http://missoes2020.org/site/ http://www.gruponews.com.br/ http://www.comunidadeicthus.com/ http://www.3minutos.net/ http://verdadereoculta.blogspot.com.br/ http://www.comunidadeicthus.com/