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Errar é humano, já diz o ditado. Os alvos não alcançados, as frustrações, a amarga sensação do fracasso...todos esses sentimentos são comuns e frequentes na vida de seres humanos caídos e imperfeitos como nós. Que atire a primeira pedra aquele que jamais passou por essas experiências.
Errar é humano, já diz o ditado. Os alvos não alcançados, as frustrações, a amarga sensação do fracasso...todos esses sentimentos são comuns e frequentes na vida de seres humanos caídos e imperfeitos como nós. Que atire a primeira pedra aquele que jamais passou por essas experiências.
Na verdade o erro é tão familiar ao ser humano que o atribuímos com muita naturalidade ao próprio Deus Vivo. Olhamos para os desastres da criação, os crimes da humanidade e as doenças...e quase que automaticamente dizemos: "Deus falhou". Não hesitamos em lamentar a "falha" daquele que em nossas orações e confissões de fé chamamos de Perfeito.
Vamos além...e vemos essa falha dentro da própria Igreja de Cristo. Olhamos para a quantidade de pessoas que ouvem o Evangelho e o rejeitam e dizemos que isso não aconteceu porque os homens resistiram à graça de Cristo! Consideramos que seres finitos são mais poderosos que o Infinito, que a força de vontade humana pode sobrepujar a graça de Deus...e que essa é a explicação de porque tão poucos são salvos. Levando o raciocínio à sua conseqüência lógica, significa dizer que a graça de Deus é falha, porque é limitada pelo querer humano.
O raciocínio descrito acima é o assumido pelos não-calvinistas, por todos aqueles que imaginam que Deus limita a eficácia de Sua graça ao querer humano. Talvez eles protestem, dizendo que o fato do homem poder rejeitar a graça divina não significa uma imperfeição ou falha divina. Contudo, se eles estiverem certos, então a graça de Deus foi oferecida a muitos...e a maioria deles recusou um presente que, na perspectiva deles, Deus queria que fosse partilhado por todos os homens. Mas, que realmente diz a Bíblia sobre o assunto? A graça pode ser recusada?
Jesus não pode falhar
Para entendermos esse ponto, primeiro precisamos relembrar quem são os verdadeiros alvos da graça salvadora de Deus. Já vimos nos posts anteriores desta série que Jesus não morreu por todos os homens, Ele morreu apenas pelos Seus eleitos. Estes são as suas ovelhas e, inevitavelmente, seguirão a Cristo, porque Lhe pertencem. É o que conta a parábola do bom pastor, em João 10.
Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque reconhecem a sua voz; mas, de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus lhes propôs esta parábola, mas eles não compreenderam o sentido daquilo que lhes falava. (João 10:1-6)
Infelizmente, ainda hoje os não-calvinistas também não entenderam o que Cristo quis dizer:
1) Há um ladrão e um pastor. Existem duas pessoas interessadas nas ovelhas do aprisco. Um e o ladrão e salteador, que é o diabo. O outro é Jesus, o verdadeiro pastor. Todos os seres humanos seguirão ou a um ou a outro.
2) Jesus chama as Suas ovelhas. Cristo não fica impassível, esperando que alguém recolha para Ele a sua Igreja. A parábola mostra que é o próprio Jesus quem se dirige aos Seus escolhidos. Na verdade, o chamado para a vida eterna não é feito pelos pregadores ou discípulos, é feito pelo próprio Jesus. Na evangelização, a Igreja é apenas o instrumento usado pelo Senhor para reunir o Seu próprio povo. Nenhuma ovelha de Cristo deixa de ouvir a Sua voz.
3) As ovelhas pertencem a Jesus. Não há uma disputa entre o ladrão e o pastor para ver quem tem mais ovelhas. Existem as ovelhas que pertencem a Jesus, que são de propriedade d'Ele. E, como dono delas, Jesus as chama e as conduz para fora. Dito de outra forma, Jesus cuida de Suas ovelhas. Imaginar que uma delas pode se perder, ou se revoltar contra Seu dono e ser abandonada por Ele é sim, nesta parábola, atribuir uma falha ao Pastor Jesus, que teria relaxado em Seu dever.
4) As ovelhas seguem a Jesus e não ao estranho. Há uma diferença gritante entre o ladrão e o verdadeiro Pastor em todo este capítulo. Os ladrões e salteadores, servos de Satanás, vem antes de Jesus e não são ouvidos pelas ovelhas:
Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido. (João 10:8)
O ladrão vem matar, roubar e destruir as ovelhas, mas o Pastor vem dar a vida:
O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. (João 10:10-11)
Mais do que isso, o ladrão se descuida de suas ovelhas e deixa que elas sejam devoradas, Jesus conhece as suas ovelhas e é conhecido por elas:
O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa; O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhce a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. (João 10:12-15)
Quando se comparam as qualidades de Jesus e de Satanás, entendemos porque as ovelhas de Cristo O seguem e não ao estranho (João 10:4-5). Na verdade, Jesus é claro em dizer que "de modo nenhum seguirão o estranho". As verdadeiras ovelhas de Cristo sabem o que Ele fez por elas, conhecem-nO e as Suas obras, por isso não o trocam pelo estranho.
5) Nem todos são ovelhas de Jesus. Repare que o Pastor chama as suas próprias ovelhas (João 10:3) e que faz sair todas, sem exceção, das que lhe pertencem (João 17:4). Isso mostra que nem todos os seres humanos são salvos ou pertencem a Cristo. Mostra também que o Seu chamado é 100% eficaz com as ovelhas que Lhe pertencem.
Graça irresistível é a doutrina que ensina que a graça salvadora de Jesus Cristo é irresistível aos Seus eleitos, de modo que todos os predestinados à salvação, em algum momento de suas vidas, se rendem a Cristo.
A resposta é simples: aqueles que ouvem o Evangelho, mas o rejeitam definitivamente, àqueles que resistem ao chamado de Jesus, estes não são ovelhas d'Ele e nem foram predestinados à salvação. É o que podemos ver em uma outra história, quando Paulo e Barnabé foram pregar em Antioquia da Pisídia:
No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Mas os judeus, vendo as multidões, tomaram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava. Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios. Porque o Senhor assim no-lo determinou: Eu te constituí para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até aos confins da terra. Os gentios, ouvindo isto, regoziajavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna. (Atos 13:44-48)
Os que são destinados à vida eterna creem. Os que rejeitam o Evangelho e a palavra de Deus, esses apenas mostram que não pertencem a Cristo.
AdvertênciaDe fato, para o cristão, a graça irresistível é uma doutrina que traz conforto, mas que também serve de alerta. Quando essa graça é derramada sobre alguém, essa pessoa segue a Jesus e não mais aos estranhos. Ela não irá atrás de falsos pastores, de falsos ensinos ou falsos chamados. Ela seguirá ao Seu Pastor, reconhecerá a Jesus como dono e estará aonde Ele estiver. De fato, a graça irresistível não produz somente fé, mas sim uma vida de obediência ao Senhor.
Por outro lado, quem rejeita a Jesus deve considerar que, segundo Cristo, está indo atrás de um ladrão, de alguém que veio matar, enquanto o Pastor veio dar a Sua vida. Se essa rejeição persistir, a morte e a destruição são as únicas coisas que aguardam os que se mantiverem rebeldes à palavra de Deus.
Fonte: 5 Calvinistas
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