Nunca a Igreja se
mostrou tão “capaz” de analisar as suas dificuldades, falar sobre elas... Os
livros que saem das gráficas quase que diariamente, dão análise de
especialistas e diagnóstico. Mas nunca
há qualquer solução. Passamos o tempo todo dando voltas e voltas... raciocinando,
compartilhando e conversando sobre nossas dificuldades, e isso tem um efeito paralisante. Perdoe-me
por usar a seguinte história. É por causa do meu desejo de trazer claramente
este ponto. Nunca vou esquecer um incidente que aconteceu em meu próprio
ministério.
Lembro-me de pregar em
minha terra natal, no País de Gales, em um domingo no início da década de 1930.
Eu estava pregando em uma casa de campo em uma tarde, e, em seguida, em um
culto à noite. E quando eu terminei o serviço na parte da tarde e havia descido
do púlpito, dois ministros vieram para mim. Eles tinham um pedido a fazer. Eles
disseram: "Nós queremos saber se você pode nos fazer uma gentileza?"
"Se eu
posso," eu disse, "Ficarei muito feliz em ajudar."
"Bem", eles
disseram, "nós pensamos que você possa. Há um caso trágico. É o caso do
nosso professor local. Ele é um homem muito bom, e ele era um dos melhores
obreiros da igreja no distrito. Mas ele entrou em uma condição muito triste. Ele
desistiu de toda a sua obra na igreja. Ele mal consegue continuar dando aulas
como professor na escola em que trabalha. Mas, para a vida da igreja e sua
atividade, ele se tornou mais ou menos inútil. "
"Qual é o problema
com ele?", Perguntei.
"Bem", eles
disseram, "ele está numa condição de grande depressão. Queixa-se de dores
de cabeça, e dores no estômago, e dores sem fim... tristeza..., e assim por
diante. Poderias velo?”
E eu prometi que o
faria. Então, depois que eu tive o meu chá, este homem, o professor, veio para
me ver. Eu disse a ele: "Bem, você está profundamente deprimido." Ele
era como os homens na estrada de Emaús. Um olhar para este homem me contou tudo
sobre ele. Via o rosto típico e atitude de um homem que está deprimido e
desanimado. Eu disse: "Agora, diga-me, qual é o problema?"
"Bem", ele
disse, "Eu tenho essas dores de cabeça. Eu nunca estou livre delas. Eu
acordei, por exemplo, assim esta da manhã, e eu não consigo dormir muito bem."
Ele acrescentou que ele também sofria de dores gástricas, e assim por diante.
"Diga-me", eu
disse, "há quanto tempo você está assim?"
"Oh," ele
disse, "isso vem acontecendo há anos. Para ser exata, vem acontecendo
desde 1915."
"Estou interessado
em ouvir sobre isso, teu problema", eu disse. "Como isso
começou?"
Ele disse: "Bem,
quando a guerra começou em 1914, eu me ofereci e me alistei muito cedo e fui
para a Marinha. Eventualmente, fui transferido para um submarino, que foi
enviado para o Mediterrâneo. O submarino onde eu servia estava envolvido na
campanha de Gallipoli. Eu estava lá neste submarino no Mediterrâneo durante
esta campanha. E uma tarde estávamos envolvidos em uma ação. Fomos submerso no
mar, e lá estávamos nós, todos empenhados em nossos deveres, quando de repente
houve um terrível baque e nosso
submarino tremeu. Nós tínhamos sido atingido por uma mina e fomos para o fundo do Mediterrâneo. Você
sabe, desde então, eu nunca mais fui o mesmo homem. "
"Bem, ok", eu
disse, "Mas, por favor diga-me o resto de sua história. "
"Mas", disse
ele, "não há nada mais a dizer. Eu só estou dizendo que é assim que eu estou
desde que isso me aconteceu no Mediterrâneo."
"Mas, meu caro
amigo," eu disse, "Eu realmente estaria interessado em saber o resto
da história."
"Mas eu já contei toda a história."
Isso continuou por um
tempo considerável. Era parte de meu
tratamento. Eu disse novamente: "Agora eu realmente gostaria de saber
a história toda. Comece pelo começo de novo. "E ele me contou como ele
havia se voluntariado, ingressou na Marinha, foi enviada para um submarino, que
foi para o Mediterrâneo, e tudo estava bem até a tarde em que eles estavam
envolvidos na ação, o baque repentino e o tremor. "Afundamos, fomos para o
fundo do Mediterrâneo. E eu tenho sido assim desde então."
Mais uma vez eu disse:
"Diga-me o resto da história."
Eu estou contente que você esteja rindo, porque você está realmente
rindo de si mesmos, como vou lhe mostrar. Mais tarde eu disse: "Vamos repassar tudo
de novo". E eu o levei de novo passo a passo. Chegamos de novo ao
dramático baque, o tremor do submarino...
"Afundamos e fomos
para o fundo do Mediterrâneo."
"Vá em
frente!", eu disse.
"Não há nada mais
a ser dito."
Eu disse: "Você ainda
está no fundo do Mediterrâneo?"
Martyn Lloyd-Jones – “Setting Our Affections upon Glory: Nine
Sermons on the Gospel and the Church”
Fonte: Josemar Bessa
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