Por Gabriel Fluhrer
Com a consciência devida das responsabilidades, gostaria de aventurar-me sobre a fina camada de gelo de como os pastores devem receber
– e como os membros devem oferecer – críticas. A razão pela qual eu
sinto entusiasmo para fazer isto é que eu tive, nesses anos como
ministro, alguns bons críticos e oro para que outros possam trazer
benefícios de seus sábios conselhos. Então, irei postar algumas coisas
sobre esse assunto.
Em primeiro lugar: como os pastores devem receber críticas? São
inúmeros os blogs e artigos sobre esse assunto, e muito deles são úteis.
Entretanto, uns podem dar a impressão de que pastores, usualmente,
estão inseguros, defensivos e aterrorizados com suas críticas. Talvez
muitos estejam. Mas se cremos em nossa teologia como calvinista, esses
traços não devem caracterizar um pastor reformado. Além disso, não são
apenas os pastores que podem ser culpados. Congregações muitas vezes não
conseguem criticar seus pastores de maneiras remotamente cristãs.
Com essas coisas em mente, o pastor deve saber que irá receber críticas, não “se”, mas “quando”.
Portanto, que nós, ministros, como diz a Versão Autorizada, “nos
portemos como homens” e nos prepararemos para isto. Aqui estão algumas
coisas para considerarmos e cingirmos nossas mentes:
1. Reconheça que, como um ministro, em primeiro lugar e acima de
tudo, você é pecador. Diga a si mesmo: “Eu não tenho nada para me
vangloriar diante de Deus. Eu não estou apenas habitualmente errando,
mas inclinado a fazer apenas o que me afasta de sua graça maravilhosa em
Cristo”. Cante com o escritor deste hino: “O meu ser é vacilante,
toma-o, prende-o com amor”. Comece por aqui e você colocará o machado na
raiz de sua postura defensiva.
2. O segundo resulta do primeiro: Se eu sou um pecador como a Bíblia
diz que sou (e todos nós somos), de onde vem o orgulho? De onde vem a
postura defensiva? Certamente é loucura achar que eu sou notável e que
eu estou convencendo outras pessoas a achar que eu sou. Afinal, Deus
olha o coração, e isso é uma verdade aterrorizante. Então, sabendo que
meu coração é mais traiçoeiro que tudo isso, eu devo receber as críticas
com os olhos do meu coração escancarados: a pessoa que traz a queixa
contra mim está sendo muito benéfica, não importa o que ele ou ela diga.
Ele não sabe nem metade da história. Na verdade, meu coração poderia
gerar uma letra de funk que faria um oficial do BOPE carioca corar.¹
Assim, não importam as críticas, há muitas coisas piores que eu penso e
com que me divirto do que o que a pessoa trouxe à minha atenção.
Lembre as palavras de Samuel Rutherford quando uma mulher o elogiou
depois de um culto no Dia do Senhor: “Mulher, se você conhecesse a
escuridão do meu coração, reuniria seus filhos e fugiria”. Certamente
isso faria alguém se engasgar numa manhã de domingo, mas seria difícil
encontrar palavras mais verdadeiras.
3. Dados os pontos 1 e 2, a terceira coisa, mesmo que pareça clichê, é
ir direto a Cristo. O que isso realmente significa? Bem, vou pegar
emprestado o título de uma palestra que o Dr. Ryken deu uma
vez: significa que realizamos o ministério pastoral em união com o Cristo ressuscitado.
Não vamos a um salvador morto, mas a um vivo, que nos ama e nos chamou
para o ministério. Portanto, confesse à Ele seu orgulho e aqueça-se em
sua graça. O Espírito Santo tem trazido você aqui, sua santificação
nessa área é intensamente pessoal. O Deus Espírito te traz aqui e o Deus
Filho te limpa!
Ministros são muito bons em serem como fariseus – parecem bons pelo
lado de fora, mas dentro são cheios de todo tipo de miséria. Esqueça –
Deus vê isso e nos ama de qualquer forma, em Cristo. Ele estilhaça
qualquer pretensão de orgulho por lembrar que nós somos simplesmente
servos de Cristo.
Coloque isso firmemente em sua mente: nosso trabalho como ministros
será facilmente esquecido quando morrermos, menos por umas poucas
famílias, amigos e almas que ministramos. Outro irá tomar nosso lugar.
Graças a Deus, o próximo irá fazer melhor que nós! E isso será assim até
Jesus voltar. Essa não é uma verdade depressiva, mas sim libertadora:
já que eu não sou a soma do meu ministério, mas minha vida está
escondida com Deus em Cristo, eu sou livre para trabalhar sem
preocupação.
A crítica dada em amor e recebida com humildade permite aos ministros
uma oportunidade tremenda de crescimento. Nos dá a oportunidade de
sermos mais efetivos no avanço do reino de Cristo. E nos lembra o que
realmente somos, maus como a Bíblia diz que somos. Então, vamos ouvir
com atenção, pesar cuidadosamente nossas respostas e sermos gratos por
críticos sábios. A seguir, examinaremos os deveres daqueles que
criticam.
¹ N.E.: No original, a letra era um rap e o policial mora em Chicago, mas preferimos contextualizar a piada.
Fonte: Ipródigo
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